“Se encontrar um homem melhor que você, contrate-o. Se necessário, pague a
ele mais do que você ganha”. David Ogilvy.
Sou consultado com muita freqüência sobre quais são as melhores pessoas para
compor grupos e equipes. Qual é o perfil ideal, como avaliar e escolher, etc.
Naturalmente, sinto também, por trás deste questionamento uma angústia com suas
próprias características e uma busca insana da mudança de si próprio, para ser o
que o “mercado” espera.
Nestas horas, sempre lembro de um texto de David Ogilvy, no livro “Ogilvy
inédito”. Sua agência buscava um Diretor de Criação e pediram a ele que
definisse quem queria.
Sua resposta veio num anuncio que reproduzo a seguir...
“Cisnes que Trombeteiam. Temos uma vaga para uma dessas aves raras”.
“Admiramos profissionais: com altos padrões de ética e moral, gente grande, sem
insignificâncias, corajoso sob pressão, flexível na derrota, capacidade para o
trabalho árduo e gás para virar noites, cérebros brilhantes, inovadores e
criativos, um traço de anti-ortodoxia, entusiastas, inspiradores, otimistas com
ímpeto e prazer, com senso de humor, simpáticos e gentis, intolerantes com a
preguiça, sinceros, ao ponto da indiscrição, cultos e organizados, que saibam
delegar, que formem seus subordinados, que inspirem confiança e orgulho, que
abominem segredos e politicagem, que saibam desenvolver parcerias e camaradagem,
que sejam objetivos e voltados ao resultado, que sejam bons vendedores, mesmo
que apenas de suas próprias idéias”.
Não vou tão longe. Por meu lado, prefiro utilizar as técnicas clássicas das
religiões, que, ao invés de definir tudo que se pode fazer, optam por determinar
aquilo que não se pode, aquilo que é proibido; os poucos pecados capitais, os
poucos “Não”. Fica mais fácil “se não é pecado, pode ser feito”. Assim criei os
poucos “livre-se de...”, pessoas que não podem fazer parte de uma equipe de alta
performance.
Livre-se de:
Preguiçosos; que falam muito, fazem pouco, vivem tendo grandes idéias, mas
acabam sempre dando apenas boas desculpas pelo não feito.
Pretensiosos; que se crêem melhores do que são, não ouvem e não aceitam a
opinião dos outros, e para quem a culpa é sempre dos outros.
Indecisos; que nunca decidem, que sempre brecam todo o processo em busca de mais
detalhes, e que sempre acabam criticando quem fez alguma coisa.
Carentes Afetivos; que paralisam se não forem “carregados no colo”, que se
sentem injustiçados se o “colega” ao lado é elogiado, que choram e perdem tempo
dos outros.
Inadequados; que dizem o que não se deve, assediam e invadem, e sempre acabam
criando um péssimo “clima” na equipe.
“Politiqueiros”; que falam demais, que julgam demais, que “fofocam” por tudo e
com todos, e acabam desestabilizando as lideranças sem criar nada de volta.
Sem ética e caráter, com eles tudo vai por água abaixo.
Tirando estes, todos os demais são bons parceiros de equipe. Fácil. O que é
preciso na montagem de uma equipe é criar a sinergia do grupo, ou seja, que
talentos e competências individuais se somem para que o resultado da ação
conjunta seja superior à atuação de cada um dos indivíduos. Para isto, não basta
juntar os melhores talentos individuais. Aliás, na maioria das vezes, equipes de
“estrelas” têm problemas de funcionamento e gastam muito mais tempo para tomar
decisões e fazer escolhas. A escolha correta deve se basear nas habilidades e
competências complementares para que ocorra sinergia, e na capacidade de cada
indivíduo de contribuir para as metas e objetivos do projeto. As equipes devem
ser estruturadas levando em consideração os perfis ou tendências pessoais e a
personalidade dos indivíduos. A formação de boas equipes exige seleção minuciosa
e, não é um evento, mas uma tarefa contínua e permanente.