Qual é a medida do sucesso de uma pessoa: o tamanho da sua conta corrente ou
uma agenda flexível o suficiente para acomodar compromissos pessoais? Assumir a
presidência de uma grande empresa ou acompanhar o crescimento dos filhos?
A resposta para essas perguntas depende de cada um, do tamanho da ambição que a
pessoa tem, do que gosta ou não de fazer, dos seus planos para o futuro. O
problema é que, muitas vezes, muitos profissionais confundem ganhar dinheiro,
ter visibilidade e tomar decisões importantes com realização pessoal. Aí, de
repente, sem motivo aparente, a vida vira uma rotina sem graça. A angústia
cresce. O trabalho já não gera a motivação de antes. Por que isso acontece?
Porque realização pessoal, no fundo, significa: fazer o que você gosta + com as
pessoas que gosta + no lugar que gosta. Quando você tem isso, vão-se embora
desmotivação, insônia, angústia, estresse, mau humor. Quando você faz o que
realmente gosta e sonhou, com as pessoas que gosta, admira e convive em paz, no
lugar onde gosta e tem prazer de estar, você tem o controle sobre a sua vida.
A quantas anda sua realização pessoal? Tire a dúvida com dois exercícios fáceis.
O primeiro: você continuaria fazendo o que faz se ganhasse 10 milhões de reais
na loteria? O outro: imagine-se numa platéia com a sua vida sendo interpretada
no palco. A sensação é boa ou ruim? Se a resposta for 'sim' para as duas
questões, parabéns: você é uma pessoa que está realmente fazendo o que gosta e,
portanto, vivendo bem. E se não for assim? 'Se você se sentir incomodado com as
respostas é porque há um problema', diz Eduardo Najjar, professor da Fundação
Dom Cabral e sócio da Transformmo, consultoria de São Paulo. Najjar está
acostumado a aconselhar executivos em crise na vida e na carreira. 'São
profissionais que vêm em busca de um motivo para continuar acordando cedo para
trabalhar', diz Najjar.
Muitos de seus clientes concluem a consultoria com uma mudança radical na sua
vida. Outros descobrem que o incômodo, na verdade, era uma mal-estar passageiro.
Que a realização pessoal para eles é continuar onde estão, numa grande
corporação, com salário certo no final do mês. Tudo bem. Feito isso, essas
pessoas descobrem-se como o presidente, o CEO e o principal executivo da sua
vida. Quem consegue isso pode dizer que alcançou o sucesso.
As quatro histórias que VOCÊ s.a. publica a seguir são uma prova de que
controlar a própria vida é uma possibilidade concreta - mesmo que isso exija
mudanças radicais. Muitos venderiam a alma para alcançar algo de que Ricardo
Garrido abriu mão: uma carreira de sucesso numa multinacional. Muitas pessoas
lamentam as agruras de morar numa cidade grande, mas lhes falta coragem para
tomar uma atitude. Paulo Pereira tomou essa atitude. Muitas pessoas acham que
hobby é só para os finais de semana. Klever Kolberg transformou o seu hobby num
negócio de todo dia, e vive dele. Muita gente adoraria aposentar-se aos 42 anos.
Edson Roque dos Reis entregou sua empresa aos funcionários e, agora, vive a
velejar pelos sete mares.
Os quatro chegaram à conclusão de que precisavam refazer seu plano de vida.
Refizeram, simplesmente - e estão muito bem. Ao contrário deles, a maioria das
pessoas acha que seria maravilhoso assumir o domínio sobre suas vidas, mas que
'não dá'. Nunca vai dar, realmente, para quem não tenta. Mas quem teve coragem,
determinação e habilidade para tomar a decisão de viver fazendo aquilo que mais
gosta está aí para mostrar que isso é possível. 'Você não planeja suas férias?
Então, por que não planeja sua vida?', diz o consultor Gutemberg Macedo, autor
do livro Empregue Seu Talento (Editora Cultura Associados). Eis a grande
pergunta a ser colocada: o que devo fazer para tornar a minha vida mais
interessante? Garrido, Pereira, Kolberg e Roque encontraram a resposta. Veja
como.
Ricardo Garrido
Atividade anterior: executivo de multinacional
Atividade atual: dono de botequim
'Penso todos os dias como criar bares que durem para sempre. É isso que me dá
prazer”.
Paulo Pereira
Atividade anterior: executivo
Atividade atual: empresário e consultor independente
'Eu faço um balanço de vida todos os dias. Por enquanto, continuo com crédito”.
Klever Kolberg
Atividade anterior: fabricante de equipamentos de microfilmagem
Atividade atual: piloto de rali e empresário
'Minha cabeça não estava na empresa. Eu não ia lá nem para assinar cheques”.
Edson Roque dos reis
Atividade anterior: empresário
Atividade atual: velejar
'Investi toda a minha vida nesse projeto porque gosto de outras coisas além de
trabalho'.