Diversas empresas são obrigadas a recorrer ao trabalho temporário para
atender aumento de demanda. Neste momento, além do lado do funcionário, é válido
analisar, também, como deve proceder o empresário, que não sabe ao certo como
motivar e estimular esse pessoal que chega cheio de disposição e energia, mas
pode fracassar.
Um método fácil e muito aplicado aos funcionários temporários, uma vez que eles
trabalhem com metas diárias, é que, em se cumprindo o pré-estabelecido pela
empresa, ganhem benefícios-extras, como vale-refeição e cesta-básica, o que pode
gerar certa motivação, porém por curtíssimo tempo.
Quem destaca essa armadilha é o consultor comportamental Wilson Mileris, que
atua há mais de 25 anos na área de desenvolvimento dos talentos humanos. “Isso
só não basta, uma vez que esse tipo de motivação é provocado por fatores
externos ao funcionário”, afirma.
Segundo o consultor, a motivação pelo incentivo é, igualmente, temporária,
inspirada pela vontade de ganhar recompensas caso se atinja determinado
objetivo. “Ela funciona por pouco tempo, uma vez que a motivação vem de fora
para dentro. È, portanto, artificial, nada mais do que um artifício que pode
criar arestas de difícil conserto nas equipes, o que costuma ser destrutivo”,
alerta Mileris.
Outra prática muito aplicada em grandes corporações é a motivação pelo medo, que
é aquela em que o chefe trabalha sob o signo das ameaças, como se sempre
houvesse uma espada sobre a cabeça de cada colaborador. “Essa, em especial, se
caracteriza por frases como: "Se vocês não atingirem os objetivo, cabeças vão
rolar". Isso pode até levar a equipe a atingir as metas, mas sem criatividade e
muito menos comprometimento. Como os regimes políticos autoritários, sempre
geram revoltas e, pior, não criam vínculos”.
Já o terceiro tipo é o que vem de dentro, a automotivação, que dispensa, em
parte, estímulos externos. “A pessoa age porque quer e não porque se sente
obrigada a isso.
Ela fará o que for necessário para cumprir o que combinou consigo mesma, ou
seja, as suas metas. Essa é a verdadeira motivação, porque parte do próprio
desejo de participar de determinado processo de maneira a influir nos
resultados, a fazer diferença. A pessoa sabe que, ao concorrer para a consecução
de suas atividades, todos serão beneficiados”.
Entretanto, para que haja essa mudança de comportamento em prol de uma
mentalidade positiva e que todos na equipe estejam, de fato, envolvidos e
comprometidos com os ideais da empresa, é preciso que o líder desempenhe um
papel fundamental: o de amigo. “O chefe ideal é aquele que sempre se reúne com a
equipe para transmitir, com clareza, o que deseja, compartilha o seu sucesso com
todos, conhece o problema pessoal de cada um, suas virtudes e limitações, para
que, juntos, possam superar desafios. Afinal, o que determina o sucesso ou não
da equipe é a postura do líder”.
O especialista lembra que a sabedoria dos líderes está na paixão por vencer e
despertar o desejo de sucesso naqueles que o acompanham em sua missão. “A melhor
motivação é aquela que acende o amor pelo trabalho que está sendo realizado. Ele
precisa manter os desejos de superação tão vivos e ardentes para que alimentem a
chama do entusiasmo e da persistência.”.
O especialista diz ainda que o líder precisar saber analisar o fracasso. Para
ele, muitas vezes o que conduz todo o esforço do funcionário ou de um grupo ao
fracasso são detalhes à primeira vista tão pequenos que os descuidados nem se
dão conta deles. “Com raríssimas exceções, as pessoas não falham por falta de
educação, talento ou conhecimento. Falham por omissão. Até pensam, refletem. Mas
lhes falta o fundamental no conjunto de precondições para chegar ao sucesso: a
ação”
Por essa razão, o consultor comportamental reforça que o líder que realmente
deseja ver a sua equipe apaixonada por seu objetivo precisa manter-se campeão.
Ou seja, garantir a continuidade do êxito, o chamado “sucesso sustentado”. “Ele,
necessariamente, precisa trabalhar entre dois extremos: a criação e a
manutenção, sem descuidar de nada nesse processo continuo, como as pessoas que
têm o cuidado de fazer exercícios para manter o corpo em forma”, diz.
Existe ainda, segundo ele, uma outra importante recomendação: toda a atenção é
pouca no que se refere ao peso da carga que a equipe é capaz de suportar. Para
exemplificar, ele cita a historia do burrico que puxa a carroça.
"Se você coloca a vareta com a cenoura muito longe do burrico, no começo, o
animal anda. Contudo, como logo percebe que nunca alcançará a cenoura, uma hora
se cansa e desiste. Por outro lado, se você coloca a vareta muito próxima, o
burrico pode comer tudo muito rápido e não vai se motivar pelo tempo desejado. A
distância, ou seja, o incentivo, deve ser adequado. É fundamental, portanto,
eleger metas factíveis, não impossíveis. E comemorar cada sucesso no meio do
caminho".