Cuidado com o
golpe do carro zero
Quadrilha de estelionatários oferece
veículos novos com grande desconto por meio de anúncios em jornais e some com o
sinal dado
Se você encontrou em anúncios o carro zero-quilômetro que procura por preço
muito abaixo dos valores de tabela sugeridos pelas fábricas às concessionárias
desconfie do negócio. Isso porque há uma quadrilha de estelionatários atuando em
todo o País, afirma a polícia. A quadrilha atrai as vítimas por meio de anúncios
em jornais em que oferece veículo zero-quilômetro por quase a metade do preço de
venda das fábricas.
Um exemplo é o do Vectra CD GLS 2.2 e 16 válvulas, metálico, completo. Na
fábrica, o preço desse carro chega a R$ 49 mil com todos os opcionais. Anúncio
de jornal, no entanto, ofertava o veículo completo por R$ 33.385,00, com R$
7.348,00 de entrada mais 39 parcelas de R$ 668,00. Nessas condições, a prazo, o
carro custaria R$ 15.615,00 menos em relação ao preço à vista de fábrica.
No anúncio costuma ser indicado um número de celular. Em alguns casos, o
telefone é fixo. Ao contatar esses números, o comprador é atendido por alguém
que se identifica como funcionário do Departamento de Vendas da General Motors (GM),
em São José dos Campos. O atendente normalmente justifica o preço baixo
anunciado com o fato de o proprietário ser funcionário da montadora e ter obtido
desconto sobre o preço de fábrica, além de isenção de Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI).
O estelionatário informa pelo telefone que o financiamento será contratado por
meio do banco da montadora e exige depósito de um sinal, que varia de R$ 2 mil a
R$ 3 mil, para garantir a reserva do veículo. Se o depósito é feito, o golpista
saca o dinheiro rapidamente e some, sem deixar pistas, pois o celular costuma
ser pré-pago e a linha fixa, alugada. No entanto, se o comprador insistir em ver
o carro antes de fazer o depósito, o estelionatário vai pedir que ele vá até a
fábrica da GM, em São José dos Campos. Para pressionar o interessado a fazer o
depósito, o estelionatário não garantirá que o carro ainda estará disponível
quando ele chegar à fábrica.
Golpe
A ação dessa quadrilha é semelhante à de outros grupos já identificados pela
polícia em vários Estados do País, diz o delegado Benedito Costa Pimentel,
titular da Divisão de Investigação sobre Furtos e Roubos de Veículos e Cargas (Divecar),
da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Ele diz que, nesse golpe, o
suposto vendedor exige que o comprador faça um ou mais depósitos em conta
bancária, sem que ele tenha sequer visto o veículo pretendido.
O delegado alerta que, no primeiro contato, os estelionatários geralmente
recomendam que seja feito o depósito de um valor baixo em conta bancária oficial
da própria montadora. Em seguida, a quadrilha envia fac-símile ao comprador de
documentos falsos que têm o timbre da GM, como se fossem notas fiscais da
montadora com o endereço de São José dos Campos. A intenção aí é convencer as
vítimas sobre a seriedade do negócio. A partir do segundo contato, é exigido o
depósito de valores mais altos em conta de componentes da quadrilha, normalmente
aberta com documentos falsos.
A Assessoria de Imprensa da GM diz que a montadora não vende carro diretamente
ao consumidor, mas apenas no atacado às 470 concessionárias da marca no País.
Além disso, o Vectra CD GLS 2.2 16 válvulas é montado na sede da GM em São
Caetano do Sul e não na filial de São José dos Campos. Outro engano: os
telefones anunciados no jornal também não pertencem à montadora.
Cuidados
Por conta desse problema, o delegado Pimentel, titular da Divecar, recomenda ao
candidato à compra tomar os seguintes cuidados:
Desconfie de anúncios que oferecem muitas vantagens ao comprador.
Não feche negócio por telefone e nem com pessoa ou empresa desconhecida sem
obter referências sobre ela.
Exija ver o carro no momento da compra.
Não faça depósito em conta bancária do vendedor antes de fazer a
transferência do veículo para o seu nome em cartório.