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Investimentos / Fundos - Poupança é investimento mais seguro durante turbulências, dizem economistas 

Data: 01/10/2008

 
 

Retorno ainda é competitivo na comparação com os fundos de renda fixa.
Para economistas, período prolongado de juros altos pode alterar quadro.

Marcelo Cabral Do G1, em São Paulo

 

Reportagem que prestamos ao jornal G1
Clique aqui para ver o link original do artigo.

 

Em tempos de turbulência na economia mundial e de perda de mais de 18% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em 2008, a poupança é considerada a forma de aplicação mais segura para os investidores, especialmente para quem não tem experiência no mercado financeiro e não deseja expor parte do patrimônio a uma economia incerta.

“Para o pequeno e médio investidor, o melhor pedido é a poupança”, diz Alexandre Lignos, da IGF Consultoria. “Protege da inflação, não dá susto em quem não conhece direito o mercado e é cômoda para quem vai precisar do dinheiro a curto prazo”, completa ele. “No momento atual, a poupança é mais simples e fácil. Não cobra taxa de administração nem Imposto de Renda”, concorda o economista Roberto Luis Troster.

 RENDA FIXA

Confira como funcionam algumas das principais aplicações

Investimento  Características
Poupança É o fundo de investimentos mais popular do país. As regras são estipuladas pelo Banco Central e o investidor pessoa física não paga Imposto de Renda. O retorno é feito pelo valor da Taxa Referencial (TR – indicador calculado pelo governo a partir da média de juros e outros indicadores financeiro), acrescida de 0,5% ao mês.
Fundos

pós-fixados

São formados por uma cesta de títulos cujo retorno é atrelado a um determinado indicador financeiro, que pode ser a taxa de juros Selic, o índice Ibovespa da Bolsa de Valores de São Paulo ou algum indicador de inflação, entre outros. Tendem a proporcionar mais retorno em períodos de elevação nos juros. Os mais conhecidos são os chamados fundos DI.
Fundos

pré-fixados

Os papéis que compõem essa aplicação já especificam no momento da compra o quanto irão pagar de lucro ao final do período de investimento. Entre os mais conhecidos estão alguns títulos diretos do governo federal, como as Letras do Tesouro Nacional (LTN). A tendência desse tipo de investimento é aumentar seu retorno em épocas em que as taxas de juros apontam para baixo.

Retorno

Segundo os economistas, são os impostos e as taxas cobradas pelos bancos que fazem a diferença na hora de entender o porquê da poupança conseguir manter um rendimento competitivo frente, por exemplo, aos fundos de renda fixa, que também costumam ser apontados como outra opção atraente em tempos de agitação do mercado de ações. 

Especialista responde perguntas sobre finanças pessoas no vídeo ao lado  

É só fazer a conta: quem aplicou na poupança no dia 1º de setembro do ano passado teve uma rentabilidade de 7,2%, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Já os fundos de renda fixa deram um retorno médio de 12% no período, de acordo com Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid).

Porém, o retorno da poupança vai todo para o investidor, enquanto no caso da renda fixa é preciso pagar uma série de tributos. O imposto de renda sozinho já significa uma mordida de 20% sobre o lucro médio, diminuindo o retorno para 9,6%. 

Sobre esse percentual ainda incide a chamada taxa de administração, que é cobrada pelo administrador do investimento – normalmente um banco – pela manutenção da aplicação. Dependendo do administrador, essas taxas podem chegar até a 4% ao ano sobre o rendimento. 

Em alguns casos, também pode ser cobrado outro tributo conhecido como taxa de performance, que é aplicada caso algum fundo ultrapasse sua previsão de rentabilidade. 

Zero a zero

Após a aplicação de todas essas taxas, ambos investimentos têm um retorno muito próximo. “A poupança é uma maneira de ter menos trabalho, com lucro parecido. Muitos investidores acham que, na conjuntura atual, a renda fixa causa muita bagunça para ficar no ‘zero a zero’", diz Marcos Crivelaro, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap). 

É por isso que os analistas defendem que a renda fixa só se torna atrativa para volumes maiores, de pelo menos US$ 20 mil. “Aí sim seu retorno ganha volume e ele passa a valer os esforços burocráticos”, diz Alexandre Assaf Neto, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Atuariais, Econômicas e Financeiras (Fipecafi). 

Aumento dos juros

Segundo os economistas consultados pelo G1, o que pode mudar esse quadro é a permanência de um cenário de juros altos por mais tempo. Nesse caso, os fundos do tipo pós-fixados – aqueles que remuneram de acordo com algum indicador, como a própria taxa de juros Selic, por exemplo – tendem a se tornar os mais atrativos. Afinal, quando a tendência dos juros é de alta, a rentabilidade também aumenta junto. 

O mais conhecido desse tipo de fundo pós-fixados são os chamados DI, formados por uma cesta de títulos cuja rentabilidade é ancorada na taxa de juros – e que por isso são classificados como fundos referenciados. “Para quem quer se aventurar um pouco mais além da poupança, os DI são os mais atrativos no momento”, informa Troster. 

A recomendação para o investidor antes de fazer uma aplicação do tipo é checar a taxa de administração cobrada, que tem apresentado grande variação grande entre os diversos bancos. “Normalmente uma taxa superior a 2% anuais é considerada cara”, avisa Crivelaro. “Vale a pena ficar de olho nas taxas, porque a rentabilidade quase sempre depende dessa variável”, alerta André Oda, professor da Universidade de São Paulo (USP). 

Mudança de panorama

No entanto, uma eventual queda da taxa de juros pode mudar essa situação. Nesse caso, os fundos pós-fixados perdem competitividade e a melhor opção passa para os investimentos do tipo pré-fixados, nos quais a taxa de retono é conhecida já na hora do investimento.

 “É por isso que é importante sempre acompanhar o panorama econômico. Se a conjuntura se altera, dá tempo para mudar os investimentos de lugar”, explica Assaf Neto.

A maioria dos analistas não vê hoje a possibilidade de mudanças bruscas no panorama econômico. “Acho que o cenário atual deve se manter pelo menos até o final do ano. É difícil imaginar hoje espaço para uma queda na taxa de juros. Temos inflação no limite da meta estipulada, dificuldades econômicas sérias nos EUA e problemas monumentais com gastos públicos no Brasil”, projeta o professor da Fipecafi.



 
Referência: g1.globo.com
Autor: Marcelo Cabral
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