Ações / Bolsa de Valores - Não precisa fugir das ações: estratégia defensiva limita risco da Bolsa, não potencial
Com juro básico em alta e Bolsa sofrendo com as baixas, muito se questiona
sobre a fuga da combinação entre risco com possibilidade de maior retorno das
ações para a segurança proporcionada pela renda fixa.
Para tomar sua decisão, o investidor deve ter uma estratégia bem definida sobre
suas possibilidades, necessidades e, principalmente, perfil. Aos mais cautelosos
e avessos ao risco, a poupança ou o investimento em algum título de renda fixa
pode ser a melhor opção. Mas vai de cada um.
É importante destacar, porém, que não é preciso mudar da 'água para o vinho'.
Fechar todas as posições em ações a cada tendência de baixa que se vê pela
frente pode ser a decisão mais precipitada. Pode ignorar um potencial de
recuperação, ou realizar prejuízo.
Algumas estratégias mais defensivas em ações podem render ótimos frutos ao
acionista, e claro, com risco minimizado. Há empresas que apresentam menor
exposição aos solavancos da economia internacional, e menor volatilidade em seus
papéis. Outra boa opção é buscar um ativo com bom histórico de dividendos.
A "proteção" dos dividendos
Tradicionalmente, as companhias do setor elétrico acompanham um teor de
investimento defensivo, pela menor elasticidade da demanda por seus serviços e
por serem reconhecidas como boas pagadoras de dividendos. Mas é apenas um
exemplo entre um emaranhado de setores que a Bolsa oferece.
O primeiro ponto vem da distribuição de proventos. Um dividendo ou juro sobre o
capital próprio nada mais é que a quantia a que o investidor tem direito nos
ganhos da empresa a qual é acionista. É a sua fatia dos lucros.
No caso da escolha entre ações e renda fixa, por exemplo, uma ação boa pagadora
de dividendos pode ser o "meio-termo" ideal. O investidor deve ficar atento aos
dividend yields - que medem o valor do provento por ação como uma proporção do
preço da ação - de cada papel. Algumas ações oferecem em dividendos o que
investimentos como a poupança promete, exatamente por relacionarem dividend
yield semelhante às taxas de juro.
Apesar da tendência de alta da Selic, o atual patamar do juro básico brasileiro,
de 13% ao ano, ainda é inferior ao que alguns papéis podem pagar via proventos.
Um bom exemplo é a ação da Transmissão Paulista. A companhia distribuiu mais de
76% de seu lucro no ano passado, com dividend yield de 14,23%.
Limites ao risco
Estratégias defensivas também podem relacionar a própria escolha da ação. Uma
companhia de fundamentos sólidos sempre é bem vinda, e melhor quando apresenta
grande volume de negócios. Liquidez é essencial, ainda mais nos períodos em que
pode ser mais difícil vender uma aplicação.
Outra questão que pode ser levada em conta é a estrutura das receitas da empresa
em questão. A crise atual dos mercados encontra nos problemas da economia
norte-americana seu alicerce. Companhias com menor exposição à demanda externa
já eliminam parte do problema, tendem a sofrer menos em seus balanços
trimestrais. Aquelas com receita menos vulnerável a oscilações econômicas, como
é o caso das prestadoras de serviços básicos, também costumam sofrer menos com a
volatilidade nos mercados.
Diversificação esquecida
Uma decisão em período conturbado muitas vezes restringe os olhos do investidor
a uma ou outra opção.
Mas uma questão essencial e muitas vezes esquecida é que diversificação ainda
pode ser o melhor negócio. A combinação renda fixa com renda variável também
guarda alguns atrativos, pois limita o risco e ainda reserva a chance do "melhor
retorno".
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