Dívidas / Endividado ? - Antes de alongar a dívida, é preciso avaliar gastos com juros, dizem especialistas
As vantagens e desvantagens que a renegociação de uma dívida trazem devem ser
ponderadas antes da decisão final. O conselho é de especialistas, que apontam a
necessidade de se fazer um planejamento detalhado sobre os gastos futuros, para
saber qual a probabilidade de um descontrole ao longo dos meses.
"Só se troca empréstimo se for possível ter prazo ou juros menores, se houver
condições de contratar um empréstimo mais barato ou que dure por menos tempo,
melhor", explicou Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores.
Solução possível
De qualquer maneira, o executivo lembrou que essa premissa varia conforme a
situação da pessoa. Por exemplo: se houve algum imprevisto e gastos essenciais
aumentaram - seja por causa de encarecimento dos alimentos, seja por
necessidades médicas - majorar o período de pagamento do crédito e,
conseqüentemente, arcar com uma parcela menor, pode ser uma solução.
"Mas é necessário avaliar se não existe qualquer economia que se possa fazer",
lembrou, citando determinados gastos de lazer que possam ser suspensos até que
as contas voltem ao controle. "Acima de tudo, é preciso ter disciplina e evitar
a contratação de uma nova dívida", completou.
Pessoa lembrou que é preciso tomar cuidado, antes de assumir um financiamento, e
que as contas devem apresentar ao menos uma pequena folga mensal. Assim, havendo
imprevistos, é possível contornar a situação sem ter de recorrer a bancos e
financeiras.
Gasto maior
É preciso ter em mente que, arcando com determinado financiamento por mais
tempo, o gasto com juros será maior. Considerando um empréstimo com juro mensal
de 5%, no valor de R$ 2 mil, se o prazo para pagamento for ampliado de 12 para
24 meses, o desembolso final aumenta consideravelmente. Veja:
Renegociação de
dívida |
Prazo |
Mensalidade |
Gasto final |
12 meses |
R$ 225,65 |
R$ 2.707,81 |
24 meses |
R$ 144,94 |
R$ 3.478,60 |
Compilação: InfoMoney
Bom senso
"Se a decisão significar um reequilibro nas contas, pode ser uma vantagem
financeira. Tudo vale, claro, de acordo com o bom senso", afirmou o
diretor-presidente da empresa de inteligência na gestão de risco Witrisk,
Fernando Manfio.
Manfio compartilha da opinião de Pessoa, sobre o fato de que cada situação
demanda uma necessidade. "Mas é preciso usar o crédito com consciência. Às
vezes, a expectativa de economizar com juros nem sempre é uma solução", disse.
Segundo o executivo, é preciso colocar as possibilidades de contornar a situação
na ponta do lápis para ver qual a mais viável: de nada adianta não refinanciar
uma dívida que tem juro mensal de 5% se for necessário, para pagá-la, tomar
crédito do cheque especial, que custa 8% ao mês, em média.
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