Essencialmente risco de crédito é o risco de um emissor de um título não
honrar o pagamento devido. Todos os títulos de dívida carregam certo risco de
crédito embutido. O que varia é o grau desse risco. Mesmo os títulos emitidos
pelo governo, apesar de serem chamados de risk free (livre de risco, em inglês),
têm uma margem de risco de inadimplência. Entretanto, trata-se de um risco bem
menor do que aqueles emitidos por instituições privadas, como empresas e bancos.
Quando você se torna cotista de um fundo de investimento, você está investindo
em uma carteira composta por papéis privados e/ou públicos com seus riscos
associados. Uma das funções dos gestores dos fundos de investimento é o de
avaliar o grau de risco de cada título ao compor a carteira, procurando fazer um
mix adequado ao objetivo e política de investimento do fundo. Os gestores levam
em consideração o rating, ou seja, a classificação de risco da empresa, o prazo,
a remuneração, capacidade de solvência da empresa, entre outros fatores.. Eles
monitoram estes riscos constantemente porque o risco de crédito de uma empresa
pode variar ao longo do tempo.
As agências de rating, ou de classificação de riscos, fornecem opiniões
independentes sobre a capacidade de o emissor de um ativo pagar suas dívidas e
honrar seus compromissos financeiros. Essas agências analisam a qualidade de
crédito do emissor por meio de vários instrumentos, incluindo complexos modelos
estatísticos. Existe classificação de risco de empresas, bancos, de alguns
ativos específicos ou mesmo de países. Os ratings são públicos e estão
disponíveis nos websites das agências de classificação.
Mudança no mercado
No mercado brasileiro, o governo sempre teve uma participação muito forte na
quantidade de títulos emitidos no mercado. A elevada taxa de juros e estagnação
econômica do passado recente não permitiam que as empresas colocassem títulos de
dívida atrativos no mercado. Com o controle da inflação, o crescimento econômico
e queda na taxa básica de juros este cenário mudou. De um lado, o governo
reduziu drasticamente a emissão das chamadas LFT´s (títulos pós fixados
atrelados à Selic). Por outro lado, com o intuito de melhorar o perfil de sua
dívida, aumentou a oferta de papéis pré-fixados (LTN e NTN-F) e os papéis
atrelados à inflação (NTN-B). Além disso, houve um aumento significativo na
oferta de papéis pré-fixados emitidos por empresas privadas.
Esta mudança provocou o aumento da participação de papéis privados nas carteiras
dos fundos de investimento. Conseqüentemente a importância do monitoramento do
risco de crédito aumentou. A classificação de fundos da Anbid separa já há algum
tempo os fundos de renda fixa que investem em títulos com médio e alto riscos de
crédito. Eles estão classificados como Renda Fixa Médio e Alto Risco e admitem
mais de 20% em títulos de médio e alto risco de crédito na composição da
carteira. Estes fundos excluem estratégias que impliquem em risco de moeda
estrangeira ou de renda variável e não admitem alavancagem. Até setembro, a
categoria Renda Fixa Médio e Alto Risco possuía 82 fundos com patrimônio líquido
de R$ 17,3 milhões e captação acumulada no ano em R$ 3,3 milhões.
Sérgio Garibian, diretor de fundos de investimento da agência de classificação
de risco Standard & Poors, alerta que devido ao crescimento da participação de
papéis privados nas carteiras, o investidor deve ficar de olho na composição
deles e procurar identificar quais são os risco de crédito que a carteira
carrega. "Se o fundo de investimento já tem um rating de crédito, é bom para a
orientação do investidor. Do contrário, deve perguntar ao gerente de sua agência
bancária ou qualquer outro agente autorizado pela venda do produto sobre o risco
de crédito dos papéis que compõem o fundo de investimento", afirma Garibian.