O trabalho remunerado, como o conhecemos, está se transformando. De acordo
com o coordenador do MBA da Trevisan, Fabio Appolinário, com exceção daqueles
empregados no setor público, ninguém mais possui empregos de longo prazo.
O capitalismo global contemporâneo trocou aquela relação quase matrimonial que
havia antes entre empregador e funcionário por produtividade imediata e rigorosa
qualidade. Dificilmente, alguém pode afirmar que possui estabilidade. "Mesmo que
tenha estabilidade no emprego, não terá no trabalho, pois os processos nas
empresas mudam cada vez mais rapidamente."
O que motivou a mudança
A mudança, segundo Appolinário, foi motivada por diversos fatores. O primeiro é
o crescente nível de educação no primeiro mundo que acarreta em mais qualidade,
produtividade e competitividade em empresas que são referência para outras.
O segundo é a evolução dos marcos legais e a modernização das leis trabalhistas,
que ajudam na expansão dos negócios. Além disso, os consumidores estão cada vez
mais exigentes e, com a comunicação cada vez mais globalizada e integrada, se
uma empresa comete um erro, o mundo inteiro fica sabendo.
Por último, a cobrança da sociedade para que a empresa seja boa em três frentes
diferentes (lucro, meio-ambiente e sustentabilidade) também influencia para que
toda a pressão vivenciada pelas empresas seja repassada aos profissionais.
Reavaliação
"O emprego está sendo reavaliado", garante o coordenador da Trevisan. "A
tendência é ele evoluir para outros tipos de relação de trabalho, como a relação
empresa-empresa, na qual um indivíduo com empresa aberta presta serviço para
outra empresa. Outra tendência, já observada nos Estados Unidos, é o home-office.
As pessoas passarão a trabalhar em casa, por conta dos problemas e custos da
locomoção nas metrópoles."
Atualmente, existem as teleconferências e o Second Life, que oferece comunicação
imediata e a custos mais baixos. No jogo virtual, já são realizados eventos,
workshops, palestras, reuniões e cursos.
Tecnologia
Com o advento da Internet, melhoria da telefonia móvel, do e-mail e outras
tecnologias, hoje há uma fronteira tênue entre os afazeres do trabalho e da
casa.
"Antigamente, trabalho e casa eram coisas muito distintas. O profissional batia
cartão para ir embora e esquecia do trabalho. Mas, agora, com a tecnologia,
principalmente dos meios de comunicação, a sensação que se tem é que estamos
trabalhando o tempo inteiro. Então, acabamos misturando: em casa, pensamos no
trabalho. No trabalho, tentamos resolver problemas pessoas. É difícil não ficar
ligado o dia inteiro."
Adaptação
As pessoas precisam estar predispostas às mudanças, principalmente os
funcionários antigos. Profissionais inflexíveis acabam, inevitavelmente, ficando
para trás. "É uma mudança muito mais de mentalidade do que prática", completa
Appolinário.