Ninguém fica
impune às mudanças, nem mesmo a
mentalidade reinante no varejo,
onde a formação principal tem
sido através da experiência e do
prática do umbigo no balcão.
Segundo o Ministério da
Educação, está crescendo a
oferta de cursos de formação
universitária e de pós-graduação
nessa área, iniciativa que vai
contribuir para melhorar o nível
de gestão de um setor cuja
competitividade vem aumentado
velozmente.
As lojas, sobretudo as do
mesmo segmento, são idênticas em
sortimento de produtos. Um
supermercado vende pão, leite,
carnes, detergentes, etc. Outro
também vende as mesmas coisas.
Claro que há diferenças de
ambiente, apresentação visual,
localização, tecnologia de
gestão. Um pode ser agressivo em
promoções e mais arrojado em
preço do que o outro. Mas ambos
são supermercados.
São os chamados diferenciais
competitivos que vencem a
corrida do melhor, diferente e
mais rápido. Mas todos esses
diferenciais por mais avançados
que sejam, mais cedo ou mais
tarde – geralmente mais cedo - ,
são copiados pelos concorrentes
que visam os mesmos objetivos
que os seus: vender, melhorar
rentabilidade, conquistar e
manter clientes cada vez mais
arredios.
O diferencial difícil de ser
copiado é o humano. O sucesso do
varejo se resume em dois pontos
essenciais, pessoas e sistemas
operacionais. Aí incluímos
conhecimento do negócio,
logística, tecnologia da
informação, engenharia
financeira e o maior de todos os
atributos do setor: qualidade do
atendimento. Mas uma qualidade
que fascina, não aquela que o
cliente espera normalmente.
Nada a ver com tratamento, os
princípios fundamentais da
educação, como bom dia, boa
tarde, boa noite, obrigado,
volte sempre e outras mesuras.
Claro, o cliente gosta desses
agrados. Mas quer muito mais do
que isso, como nos versos
naquela música dos Titãs “nós
não queremos apenas comida,
bebida, mas diversão e arte
também.” Vender sim, mas através
de um envolvimento emocional
maior que possa fidelizar
cliente
Além de alegria, disposição
para servir, as pessoas querem
encontrar os produtos que
procura. Avaliam em detalhe a
qualidade dos itens, um bom
nível de serviço, opções de
meios de pagamento e a
compreensão por parte do pessoal
do que seria a magia do
relacionamento entre consumidor
e loja, entre cliente e
vendedor. Não quer apenas
comprar. Quer receber o
inusitado, o inesperado, o sabor
da surpresa. Quer sentir novas
sensações, para daí ser
estimulado a comprar e voltar
mais vezes. Ou não!
E quem pode proporcionar todo
esse aparato artístico e
cultural para o cliente? Não são
os empresários, a quem cabe a
vacação e a intuição. São os
personagens principais desse
grande palco, as pessoas comuns
que fazem a roda do varejo girar
no tom e na velocidade exigida
pelos clientes. Daí a
importância da formação
profissional universitária, além
do treinamento e da reciclagem
permanente, porque o varejo
precisa ser reinventado com
freqüência, para não perder a
sintonia com o consumidor.
Varejo pressupõe agilidade,
rapidez e muita emoção. Houve
época em que as pessoas se
contentavam com o qualquer
coisa. Hoje o composto
estratégico é mutável e ganha
novas características à medida
que as coisas evoluem e as
dificuldades de convencimento
aumentam. O que ontem era lei,
hoje não passa de conceitos
relativos. E amanhã, por certo,
iremos achar graça dos conceitos
que praticávamos hoje.
As empresas varejistas que
não investirem na
profissionalização de seus
atores principais, reduzindo a
um mínimo possível o turn-over,
o constante entrar e sair de
pessoal, perderão eficiência e
ganharão a antipatia do público.
Mas é preciso muito mais do que
investimento para bancar tais
mudanças. É preciso haver um
choque cultural em toda a
atividade e uma nova postura em
relação às mudanças que
continuam acontecendo. Há um
novo consumidor pesquisando por
aí, um cidadão consciente dos
seus direitos e muito fiel ao
seu bolso. Basta piscar o olho
para ele escolher outro entre
dezenas de concorrentes tão bom
ou melhor do que você. Comprar e
vender com eficiência já era.
Está na hora de aprender aquele
truque que os felinos guardam
para eles. Qual é o seu próximo
passo?