Finanças pessoais - Dinheiro x matrimônio: vida a dois requer investimento um no outro
Uma pesquisa realizada pelo Pew Research Center com mais de dois mil adultos
norte-americanos revelou que, entre os anos de 1990 e 2007, cresceu de 46% para
53% o número de pessoas que achavam que o dinheiro é o fator mais importante
para o sucesso do casamento.
"As pessoas, quando se casam, estão apaixonadas, preparam surpresas uma para a
outra, se presenteiam e, com o passar do tempo, vão deixando isso de lado.
Normalmente, o casal decide que quer fazer uma viagem dos sonhos daqui alguns
anos, ou pretendem comprar uma casa, e aí querem reduzir gastos para juntar
dinheiro e acabam diminuindo a verba que usavam para agradar um ao outro, por
exemplo. Esse é o primeiro passo para o casamento começar a dar errado, é
preciso investir um no outro", garante o autor do livro Casais Inteligentes
Enriquecem Juntos, Gustavo Cerbasi.
Para o autor, casamento é união e um casal que opta pelo matrimônio precisa unir
também suas finanças. "Não dá para um ganhar mais, outro menos, e ambos
dividirem as contas pela metade e um ter mais que o outro para gastar com
despesas pessoais, por exemplo. Isso acaba fazendo com que haja diferença social
debaixo de um mesmo teto, o que com certeza afasta o casal. Eu já tive um
cliente que ganhava R$ 35 mil e sua esposa R$ 3 mil. Eles dividiam tudo
igualzinho, e ele não aceitava comprar uma casa nova porque ele não queria pagar
tudo sozinho e o dinheiro dela não dava para rachar a prestação", conta.
Falando de dinheiro
Cerbasi afirma ainda, que para um casal ter harmonia financeira é preciso
respeito e conversa. "As pessoas são diferentes e o jeito com que cada um lida
com dinheiro também é. Dentro de um casal, um precisa respeitar a maneira do
outro e juntos encontrar uma forma que seja boa para os dois. É preciso um jogo
aberto, para que o casal consiga construir riqueza por vontade de ambos, não por
realização de um em detrimento da vontade do outro", afirma.
Os casais precisam se sentir à vontade para definir limitações de gastos e para
decidir juntos seus investimentos, por uma razão simples: relacionamento
bancário mais intenso significa acesso a melhores produtos. "Por isso aconselho
que o casal tenha uma conta conjunta, pois quanto mais dinheiro, mais vantagens
bancárias terá. Mas também aconselho manter uma conta individual, para poder
comprar um presente surpresa para o cônjuge sem que ele saiba quanto você
gastou", afirma Cerbasi.
Gastar, além de guardar
E se muitos consideram que guardar, poupar e investir são as ações mais
sensatas na hora de planejar o futuro financeiro, com o objetivo de conquistar
uma vida tranqüila e um futuro sem grandes preocupações, Cerbasi pensa um pouco
diferente.
"É preciso poupar sim, mas não tudo, afinal dinheiro foi feito para gastar. Para
ganhá-lo nós perdemos tempo em que poderíamos estar com as pessoas que amamos,
por isso ele deve nos trazer prazer, e poucos sentem prazer em guardar tudo. No
entanto, é preciso gastar com inteligência e consciência, porque dinheiro não
traz felicidade, mas permite que a gente tenha maior liberdade para escolher
fazer apenas o que quer, e isso sim nos faz feliz", afirma.
"Um erro que identifico muito entre as pessoas com quem trabalho é o fato de
que, na hora de fazer o planejamento financeiro, elas contabilizam os gastos
básicos, como habitação, comida, estudo e só gastam com lazer o que sobra,
quando sobra. E para mim, lazer precisa estar em primeiro lugar, porque é isso
que nos dá prazer, é isso que nos faz feliz, é por isso que trabalhamos. Eu sou
bem radical, a ponto de achar que se o dinheiro vai todo para a prestação da
casa própria, é melhor viver de aluguel e se divertir", polemiza o financista.
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