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Dívidas / Endividado ? - ‘Emprestar’ nome para fazer compras pode ser mau negócio 

Data: 13/09/2007

 
 
Boa parte das dívidas que atualmente estão sendo cobradas no Brasil não é de responsabilidade de quem fica com o bem, mas de terceiros, que emprestam seus nomes a parentes e amigos para obter crédito ou realizar compras a prazo. Os amigos e parentes não estão pagando as dívidas e quem emprestou o nome está indo para o cadastro de devedores do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e Serasa, ou seja, está ficando com o nome sujo na praça.

Essa constatação foi feita pelo especialista em finanças pessoais Rafael Paschoarelli após estudo sobre a inadimplência nas lojas de varejo. No estudo, ele não chegou a apontar o tamanho da inadimplência atribuída a terceiros, mas pôde notar que é grande o número de brasileiros que não são culpados pelas dívidas que contraíram.

Segundo a Serasa, existem milhões de inadimplentes no Brasil. 

De acordo com a coordenadora do SPC em Bauru, Sônia de Oliveira, não é especificado nesse cadastro se a dívida é do próprio devedor ou de terceiros. Mas segundo o coordenador do Procon na cidade, Amauri Roma, a prática tem se tornado bastante comum, assim como o registro do nome de “inocentes” nos cadastros do SPC e Serasa.

Ele lembra que, nesses casos, o Procon não tem como ajudar. A recomendação, segundo ele, é nunca emprestar o nome, mesmo que o solicitante seja amigo íntimo ou parente próximo. “Se a pessoa diz ‘não’, ela corre o risco de perder o amigo. Mas se ela diz sim, corre o risco de perder o amigo e também o dinheiro”, alerta ele.

Roma conta que já ficou sabendo de mãe que usou o nome da filha para financiar uma compra e não pagou a dívida. O nome da filha foi parar no SPC. Segundo ele, quando isso ocorre não há muito o que fazer. É preciso pagar a dívida para ter o nome limpo novamente.

O que fazer

O primeiro passo é procurar o verdadeiro devedor para que ele pague a dívida, mas nem sempre isso resolve o problema. Se o amigo ou parente não tem dinheiro, quem emprestou o nome terá de arcar com o prejuízo e ainda será obrigado a correr atrás da empresa para a qual está devendo e tentar um parcelamento da dívida. É a única forma de livrar o nome dos registros do SPC ou Serasa.

Foi o que aconteceu com a recepcionista Michele, 22 anos, que pediu para não ter o nome completo divulgado. Ela aceitou fazer um empréstimo em seu nome para a mãe do então namorado. A mulher, que estava com o “nome sujo” na praça, pagou as duas primeiras parcelas (algo em torno de 1 salário mínimo) e não conseguiu pagar as restantes.

O nome da devedora foi mandado para o SPC e Michele descobriu isso da pior maneira possível. “Um dia eu fui parcelar a compra de um sapato e uma funcionária da loja me chamou em um canto e disse que não poderia fazer o parcelamento porque meu crédito estava com restrição”, recorda ela. “Foi muito constrangedor.”

A recepcionista diz que procurou a mãe do ex-namorado, mas ela alegou que não tinha dinheiro para pagar o restante das parcelas. “Passei mais de duas semanas correndo atrás de limpar meu nome. Usava meu horário de almoço para resolver esse problema”, relata. Hoje, Michele diz que não empresta o nome para mais ninguém. “Só se for para o meu pai ou minha mãe”, pondera. “Não é por falta de confiança nas outras pessoas, mas por medo”, justifica.

Para evitar todo esse transtorno, Paschoarelli é taxativo. “A dica é não emprestar o nome. É muito arriscado. Para quem não pagou uma vez, o que perde se não pagar de novo? Qual a crise de consciência que ele vai ter?”, indaga.


 
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Perfil dos devedores

Levantamento divulgado pela Associação Comercial de São Paulo no início deste ano mostra o perfil dos inadimplentes no Estado. Eles são homens, com renda mensal que varia de 1,5 salários mínimos a 5,5 salários mínimos e com idade entre 31 e 40 anos.

A principal razão apontada pelo estudo para a inadimplência é a perda do emprego (53%). O segundo motivo (14%) é ter sido fiador, avalista ou emprestado o nome para terceiros. A maioria (83%) fez empréstimo consignado em folha de pagamento ou aposentadoria. O destino desse dinheiro foi pagar dívidas (62%), reformar o imóvel (14%) e comprar produtos (12%).

De acordo com a pesquisa, a forma de pagamento utilizada pelos inadimplentes está dividida quase na mesma proporção entre cheques (35%), carnês (34%) e cartões de crédito e empréstimos (31%).

Segundo o levantamento, 62% dos inadimplentes são homens. É praticamente a mesma porcentagem de um ano atrás, quando o mesmo estudo apontou que 61% da inadimplência no Estado havia sido causada pela ala masculina dos consumidores.


 
Referência: jcnet.com.br
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