Escolher a melhor opção de investimento não é uma decisão fácil. Depois de
analisar perfil, necessidades financeiras e a tolerância ao risco, a escolha foi
a aplicação direta em ações.
Ao invés de aplicar em um fundo de investimento de ações, que é uma das opções
mais recomendadas para quem está começando neste mercado, muitos escolhem montar
a própria carteira, o que garante autonomia nas escolhas. Mas esta mesma
autonomia pode vir carregada de incertezas e medos, já que o investimento é de
risco.
Uma dúvida frequente é se a escolha das ações que formam a carteira foi a mais
correta. Como ganhar sempre é impossível, o mais importante é auferir mais
ganhos do que perdas. Medir isto, ou melhor, saber se a carteira de
investimentos escolhida foi a mais adequada, pode ser bastante simples.
Índices de ações
De acordo com José Godoy, Luiz Gustavo Medina e Marco Antonio Gazel Junior,
autores do livro "Investimento em ações - Os primeiros passos", publicado pela
editora Saraiva, para que o investidor possa ter noção se sua carteira está
seguindo o mesmo ritmo do mercado, ou está adequada, existem os índices da Bolsa
de Valores.
Eles possuem metodologia de cálculo preestabelecida com o objetivo de acompanhar
algum setor ou o desempenho de uma Bolsa de Valores específica. O método inclui
a escolha de uma carteira de ação teórica que pode ter sua rentabilidade
calculada diariamente.
IBovespa
Na Bolsa de Valores de São Paulo, o índice mais utilizado é o Ibovespa, que
tenta se aproximar ao máximo das negociações à vista da Bolsa. Sua carteira é
composta por ações que correspondem a mais de 80% do número de negócios e do
volume financeiro verificados no mercado. Medido a cada quatro meses, é ele que
usado como principal indicador de alta ou queda da bolsa.
Um cuidado importante que deve-se tomar ao comparar sua carteira de ações com
esta é que quase sempre as ações que estão no Ibovespa não são aquelas que foram
as escolhidas para que você investisse seu dinheiro. Algumas empresas têm
comportamento totalmente descolado do índice.
Outro problema é o fato de o Ibovespa escolher as empresas por liquidez,
enquanto isto não significa que se trata de uma companhia com boas perspectivas
para investir. E, por isso, alguns papéis que estão fora desta carteira podem
ter força no mercado. Pense sempre: não é somente porque o índice une os papéis
com maior volume de negócios que indica a melhor forma de se investir, ele serve
somente de comparação.
Outros índices
Menos tradicional, o IbrX possui 100 ações selecionadas entre as mais negociadas
na Bovespa. Os papéis são escolhidos de acordo com a quantidade de ações
disponível para negociação no mercado, o chamado free-float. Existe
também o IbrX-50, que segue o mesmo critério de seleção de ações que o IbrX, mas
considerando apenas 50 empresas com papéis comercializados na Bovespa.
Outro índice bastante interessante é aquele referente ao setor específico que se
investe. Em sua metodologia, ponderam o volume negociado pelo freefloat.
Neste caso, vale destacar o ITEL (índice setorial de telecomunicações) e o IEE
(índice setorial de energia elétrica).
Ainda existe o Índice de Governança Corporativa (IGC), composto pelas empresas
que possuem esta classificação no Novo Mercado da Bolsa, e o Índice Social, o
qual classifica ações de companhias socialmente responsáveis e com práticas
sustentáveis.
Qual escolher?
Diante de tantos índices com carteiras de ações teóricas, o investidor deve
escolher qual se assemelha mais a sua própria carteira, ou seja, criar seu
benchmark. Para isto, basta comparar os objetivos de sua carteira com o de
cada índice.
Outra tendência observada é comparar o rendimento de sua carteira de ações com o
CDI (certificado de depósito interfinanceiro), emitido por instituições
financeiras com o objetivo de captar recursos de outras instituições. Ele
reflete a taxa de juros paga pelo governo nos títulos de suas dívidas, o que
significa um bom retorno com baixo risco.
Para analisar se a carteira de ações está com bom desempenho frente à renda
fixa, pequenos investidores costumam compará-lo a 80% do rendimento do CDI, já
que 100% é muito difícil de ser alcançado, a não ser no caso de grande
investidores.