Especialistas ensinam como planejar suas finanças e
fazer seu dinheiro render.
Economizando 10% do salário, é possível fazer boas compras ao fim de um ano.Laura Naime Do G1, em São
PauloPara grande parte dos assalariados, o 13º
salário representa a chance de fazer uma viagem, comprar um computador ou dar
entrada em um carro novo. Se esse salário "extra" pode salvar as finanças do
ano, o que um 14º pode fazer?
É claro que não dá para forçar sua empresa a
pagar um salário a mais, embora existam companhias que ofereçam o
benefício. Mas, para quem não tem essa sorte, não é tão difícil chegar ao final
de 12 meses com um salário inteirinho a mais na conta. Com planejamento e alguma
economia, qualquer um pode fazer o próprio 14º salário.
O G1 consultou especialistas para ajudar você a fazer seus 13
salários virarem 14 e garantirem "aquele" sonho de consumo.
Começando do zero
Não adianta deixar para economizar no final do
mês. Assim que o salário chegar, separe a parte que será reservada para seu
décimo-quarto salário. Encare a poupança como uma conta: pague no começo do mês.
"Se o dinheiro fica na conta, você acaba gastando. Vai postergando essa poupança
e acaba não economizando nunca", adverte o economista Alexandre Lignos, da
consultoria IGF.
Para garantir um salário a mais, a meta deve
ser economizar 8,3% do seu pagamento mensal (considerando 12 salários). Ou seja,
se o seu salário é de R$ 1.000 líquidos, R$ 83 devem ser reservados todos os
meses, para chegar ao final do ano com outros R$ 1.000 na conta.
Segundo o economista Alexandre Assaf Neto,
professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras
(Fipecafi), como esse dinheiro vai ser aplicado, dá até para guardar um pouco
menos. "Alguém que ganha R$ 1.000 pode fazer essa poupança com R$ 80 por mês",
diz.
Já Lignos é mais conservador. Para deixar uma
margem de segurança – para aquele mês em que você estiver mais apertado – ele
sugere poupar 10% do salário, se o 13º ficar de fora da conta. Se você puder
economizar parte do salário extra, essa porcentagem cai para 8%.
Cortando as gordurinhas
Para fazer um pé-de-meia, não há mágica: é
preciso aumentar a receita ou diminuir as despesas. E economizar não é fácil. "É
preciso ter disciplina", ensina Assaf. "A pessoa tem que organizar o que são
suas necessidades vitais, o que são gastos que podem ser cortados, e colocar
prioridades", diz.
Nessa conta, tudo o que for supérfluo deve ser reavaliado. Assaf sugere uma
série de perguntas que você deve se fazer na hora de economizar: Quanto você
gasta com alimentação? É possível reduzir? Você pode deixar o carro em casa e ir
para o trabalho de metrô ou ônibus? As roupas que você compra todo mês são
essenciais? Você conta até dez antes de fazer uma compra?
Para o professor de finanças Rafael
Paschoarelli, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São
Paulo (FEA-USP), pequenas mudanças de hábitos podem render frutos. "Parar de
aceitar balinhas como troco, tirar na tomada equipamentos que você usa pouco,
isso reverte em economia", diz. Se você fuma, aproveite o momento para parar: o
cigarro é uma despesa e tanto no bolso, alerta Paschoarelli.
O que você carrega no bolso também pode colaborar. Deixe em casa o cartão de
crédito e evite a tentação. O ideal é levar apenas o dinheiro que você vai
precisar no dia. O supermercado é outro vilão do orçamento. "Deixe lá
chocolates, iogurtes e outras coisas que você não precisa", diz Lignos.
Incentivo
A publicitária Renata Caruso tem um motivo e
tanto para guardar dinheiro: tem planos de se casar. "Mas ainda tenho alguns
surtos consumistas", confessa. Ter um objetivo, como Renata, é o melhor
incentivo para economizar. Se você tiver como meta uma viagem, fica mais fácil
abrir mão da calça que você estava namorando na vitrine, por exemplo.
Quando for fazer os cortes no seu orçamento, atenção às coisas das quais você
não está disposto a abrir mão. Se ir à manicure ou ao cinema todas as semanas é
essencial para você, busque outras alternativas.
Onde aplicar o pé-de-meia
Embora a inflação esteja baixa, embaixo do
colchão ainda não é um bom lugar para guardar dinheiro. "Se o objetivo da
economia for um gasto no curto prazo, os especialistas recomendam investir em
fundos de renda fixa ou DI. "Até mesmo uma poupança resolve", diz Lignos.
Como as taxas de rendimento são muito parecidas (em todo dos 0,6%), o ideal é
verificar, com o gerente do banco, no momento da aplicação, qual é a melhor
alternativa. Mas as diferenças, segundo Assaf, "vão estar nas casas decimais".
Veja a reportagem original no site G1:
http://g1.globo.com/Noticias/Economia/0,,MUL86180-5599,00.html