Por mais que você se planeje, é impossível prever os chamados gastos
extraordinários. As situações que podem levar a este tipo de situação são muitas
e envolvem desde a perda de emprego, deixando você por alguns meses sem receita
tendo que viver das reservas acumuladas; problemas de saúde, ou até mesmo a
oportunidade de fazer uma viagem de estudo incrível, o que exige recursos dos
quais não dispõe.
Ao contrário dos gastos com consumo, que podem ser facilmente adiados até que
você tenha condições financeiras para arcar com eles, os gastos emergenciais não
podem esperar e, muitas vezes, acabam complicando a situação financeira de uma
pessoa.
Entre três a seis meses de despesas
Não importa a situação, a verdade é que para fazer frente a este tipo de
problema é preciso se planejar, construindo um fundo de reserva. Caso contrário,
sua única alternativa pode ser vender um bem, ou recorrer a um financiamento, o
que certamente são opções menos atrativas.
A pergunta que surge é: quanto exatamente separar para este tipo de emergência?
Não existe uma regra precisa, afinal, a resposta a esta pergunta está
diretamente relacionada ao padrão de vida que você possui. Em geral, o que se
recomenda é ter um fundo equivalente à pelo menos três meses de despesas
correntes. Assim, se seus gastos mensais correntes são de cerca de R$ 700, o
fundo deve ter pelo menos R$ 2,1 mil.
Assumindo que a emergência tenha sido causada pela perda de emprego, é preciso
analisar como anda o mercado de trabalho na área em que você atua, de forma que
possa estimar o tempo necessário para se recolocar. Como o tempo médio para
encontrar um emprego pode superar os seis meses, ao montar seu fundo de reserva
vale a pena ser bastante conservador. Assim, deixar separado o equivalente a
seis meses de despesas pode ser o ideal, o que no exemplo acima equivale a algo
como R$ 4,2 mil.
Estabeleça metas realistas
É bom lembrar que este dinheiro não deve ser visto como perdido, uma vez que ele
deve ser aplicado, para que você não use no pagamento das despesas correntes.
Montar um fundo de reserva exige tempo, perseverança e, mais do que tudo,
objetivos claros e realistas. Assim como em uma dieta, não adianta você
estabelecer regras muito rígidas, porque certamente irá desanimar.
A primeira coisa a fazer é montar uma planilha detalhada com seus gastos
mensais. Com base nela você poderá estimar o quanto sobra no final do mês. É
claro que a maioria das pessoas vai dizer que não sobra nada. Mas isto, em
geral, reflete o fato de que as pessoas tendem a consumir itens desnecessários,
preferindo o prazer imediato de ter um bem de consumo, do que o prazer futuro de
poder arcar com gastos extraordinários.
Reveja seu orçamento e estabeleça como meta poupar pelo menos 5% do que ganha
todos os meses. Caso isto não seja possível, estabeleça alguns cortes. Não é
difícil achar "gordura" no orçamento que compense os 5% que pretende poupar. À
medida que se sentir confortável com o seu novo orçamento você pode aumentar
este percentual para 10% ou mais.
Evite as tentações
Para evitar tentações, imagine que você passou a ganhar menos ou que o seu
salário líquido é menor do que o que efetivamente tem. Estabeleça alguma forma
de investir diretamente do seu salário, por exemplo, estabelecendo um sistema de
depósitos mensais em seu fundo de investimento, ou na poupança.
Se você estava planejando algum gasto significativo para este ano, talvez valha
a pena adiar este sonho de consumo e usar o dinheiro para começar seu fundo de
reserva. Por exemplo, se você estava pensando em trocar de celular, comprar um
novo laptop, um aparelho de som, ou coisa do gênero, use o dinheiro para
começar seu fundo de reserva.
Finalmente, não se esqueça de aplicar este dinheiro em alguma opção que exija de
você algum esforço, nem que seja um telefonema para o banco, para ser sacada.
Desta forma, você consegue evitar saques precipitados, motivados por um impulso
consumista de momento. Montar um fundo de reserva exige uma revisão da forma com
que você gasta o dinheiro, mas o esforço certamente vale a pena.