Introdução
Para um escritor, a auto-publicação é um conceito poderosíssimo e muito
atraente. Primeiramente, é uma solução intrigante para um problema
antiqüíssimo. Como levar suas palavras ao grande público - de preferência
ganhando algum dinheiro ao fazê-lo? Em segundo lugar, é uma extensão
singular do processo criativo. Além de colocar as palavras no papel, a
auto-publicação permite ao escritor controlar todos os aspectos de ser autor
de um livro - ele cria o livro e participa ativamente do processo de levá-lo
ao público. É uma mistura harmoniosa, satisfatória e singular entre arte e
comércio.
Obviamente não é fácil, mas hoje em dia a auto-publicação não é tão difícil
como se pensa. Hoje, é possível produzir uma tiragem substancial de um livro de
qualidade por aproximadamente R$12 mil.
Neste artigo, abordaremos o que você faria como auto-editor e ouviremos
orientações de um autor que já passou por essa experiência. Walter Roark
publicou três livros - "Keeping the Baby Alive Till Your Wife Gets Home", "Keeping
Your Grandkids Alive Till Their Ungrateful Parents Arrive" e "Keeping Your
Toddler on Track Till Mommy Gets Back" - e obteve sucesso com todos eles.
O contexto geral
Qual o significado verdadeiro de auto-publicação?
Em sua essência, significa que, além de escrever, você cuida de tudo que
uma editora cuidaria. Isso não quer dizer que você faz
tudo literalmente sozinho - não vemos muitos escritores operando o
prelo, por exemplo. Significa que você contribui com o necessário para
ajudar a criar o livro e financia o projeto todo (com seu dinheiro ou com
dinheiro emprestado).
Ou seja, auto-publicação significa que você produz e financia um pequeno
empreendimento dedicado a produzir e comercializar um único produto: seu livro
(ou livros, depois que você entende como funciona a coisa). Na maioria
dos casos, a meta do empreendimento é ter lucro com o decorrer do tempo - criar
um produto que venda bem o suficiente para cobrir os gastos de criá-lo e um
pouco mais.
Esse empreendimento comercial se divide em três etapas:
- escrever, editar e ilustrar o livro;
- preparar o livro para impressão e imprimi-lo;
- vender o livro.
Cada uma dessas etapas engloba tomar muitas medidas e decisões individuais,
como veremos.
Uma história de auto-publicação
A exemplo de um número crescente de escritores, Walter Roark
envolveu-se com a auto-publicação, em parte, por causa de sua
frustração. Ele nos contou sua história:
"Na verdade, tudo começou quando minha primeira filha, Meghan,
nasceu e eu era um jovem pai inocente e crédulo. De certa forma,
fiquei maravilhado com ela. Além disso, eu tinha a
responsabilidade de cuidar dela, não o tempo todo, mas uma parte
do tempo. Senti que precisava colocar meus sentimentos no
papel...
Terminei a primeira versão do manuscrito em um ano, e ele
ficou guardado mais ou menos um ano. Voltei ao manuscrito e o
modifiquei a pedido de um empresário que eu conhecia, Bob Cramer.
Ele tinha alguns contatos no setor editorial e me incentivou a
enviar o manuscrito.
Concordei e começamos a trabalhar na lista de contatos.
Tivemos repostas positivas, mas nenhuma aceitação para
publicação. Assim, continuei guardando o manuscrito. A cada dois
ou três anos, eu o enviava novamente e era sempre rejeitado. Na
verdade, comecei a forrar as paredes de meu escritório com as
rejeições...
Percebi que se eu não tivesse um nome famoso, ou contatos
muito bons no setor editorial, nada ia acontecer para mim, ainda
que o título "Keeping the Baby Alive Till Your Wife Gets Home"
(Mantendo seu bebê vivo até sua esposa chegar em casa) fosse
interessante em minha opinião, e bastante singular...
A crítica que eu sempre recebia sobre o manuscrito era de que
os envolvidos no setor editorial não o consideravam um livro de
cuidados infantis, um livro vendável. Eles diziam: "É bem
humorado, apresenta fatos e é mais ou menos um híbrido; por
isso, não temos como classificá-lo em uma livraria e não vamos
arriscar".
Decidi que talvez valesse a pena tentar publicá-lo sozinho,
porque eu sabia que era capaz de formatar o livro em meu
computador e enviá-lo a uma grande gráfica capaz de imprimi-lo.
Além disso, constatei que não era muito oneroso publicar
livros-padrão, do tipo brochura - é provavelmente muito mais
barato do que a maioria das pessoas imagina".
|
Anatomia de um editor
Antes de falarmos da criação de um livro, vejamos os detalhes para se tornar um
editor. Como auto-editor, você administra uma pequena empresa. Dependendo de
onde você mora, começar um pequeno negócio significa passar por algumas etapas
simples.
- escolher um nome - obviamente, você precisa de um nome
de editora que ninguém mais esteja usando, para evitar confusões. Você pode
consultar livros e publicações para ver se há alguém usando nome escolhido.
O nome deve incluir a palavra "publicação", a palavra "gráfica" ou a palavra
"livros", para deixar claro aos futuros clientes o que você faz. Na maioria
dos casos, você prefere algo que tenha uma certa flexibilidade, que dê
margem a diversas interpretações - se o seu primeiro livro é sobre
metralhadoras, não dê à sua empresa o nome de "Editora Metralhadora", porque
talvez você deseje escrever sobre outro assunto no próximo livro;
- obtenha uma licença comercial - No caso do Brasil, é
preciso, então, abrir uma empresa em uma junta comercial como micro ou
pequena empresa.
- crie um logotipo - ou contrate os serviços de um
ilustrador.
Além disso, você precisará de coisas fundamentais para a operação de uma
empresa, por exemplo:
- uma conta bancária em nome da empresa; você não quer misturar contas
empresariais com o seu orçamento pessoal; por isso, separe-os desde o
início;
- papel timbrado, cartões de visita, etc;
- uma página na Internet. É preciso obter hospedagem e reservar um nome de
domínio adequado;
- uma caixa postal na agência dos Correios, para que você possa receber
correspondência.
Como empresário, é provável que você se enquadre em diversas deduções
fiscais. Por exemplo, se você escreve em casa, parte de suas despesas domésticas
são despesas de trabalho, bem como seu computador, espaço para armazenamento de
livros, etc. Para obter uma lista completa do que você pode ou não deduzir, será
preciso a orientação de um contador.
O início do livro
Na maioria dos casos, o primeiro passo na auto-publicação é ter uma idéia para o
livro. Você pode auto-editar quase tudo que quiser, mas se deseja ter lucro, é
bom considerar o seu livro não apenas como uma obra de arte, mas também como um
produto vendável. Qual o público que mais se interessa pelo assunto e como
chamar sua atenção?
Todos têm uma opinião sobre o que vende e não falaremos muito sobre isso aqui
- faz parte do processo criativo individual pelo qual passam os auto-editores. O
mais importante é que, como auto-editor, você tem que considerar as vendas como
qualquer grande editora faria. A primeira etapa é ter uma abordagem para o livro
que o torne valioso para o público. Entre outras coisas, isso significa quais os
livros semelhantes que existem no mercado e como eles vendem.
Obviamente, o dinheiro não é tudo. Pouquíssimos livros serão campeões de
venda e muitos auto-editores não estão nem um pouco preocupados em ganhar
dinheiro. Mas mesmo deixando o lucro de lado, é fundamental ter um plano de
negócios baseado no que você acredita que pode vender. Ou seja, não faz sentido
imprimir 10 mil livros se livros como o seu costumam demorar três anos para
vender mil cópias.
Além do assunto e da abordagem, um auto-editor precisa pensar sobre o livro
como um produto físico real. Será um livro de capa dura ou brochura? Quantas
páginas? Quanto custará? Todas essas perguntas estão inter-relacionadas, como
veremos na próxima seção.
O assunto certo
Walter Roark atribui grande parte do sucesso de "Keeping
the Baby Alive Till Your Wife Gets Home" ao fato de ele abordar um
assunto com um público sólido:
É útil escolher um assunto que é sempre atual. Ou
seja, as pessoas fazem filhos, isso nunca vai sair de moda. Bebês
nascem o tempo todo, ano após ano; por isso, o público continua se
renovando...
Quanto mais livros você tiver no mercado, mais
fluxo de caixa você pode gerar. Minha idéia é continuar
acrescentando livros, sem tirar nenhum. Todos são viáveis no
mercado, todos geram dólares...
Ao escolher o assunto a ser publicado, além de
ser importantíssimo que ele seja universal e chamativo para um
enorme mercado-alvo, é também de grande relevância que os seus
livros possam vender tanto nas livrarias quanto no varejo de
especialidades. Nos meus livros, por exemplo, uma das boas coisas é
que depois de meses tentando vendê-los, fui aceito por uma grande
rede varejista em todo o país chamada USA Baby... Eles colocam meus
livros ao lado do caixa e vendem muito bem ali. |
Que tipo de livro?
Você não precisa saber exatamente quantas páginas seu livro terá antes mesmo de
começar a escrevê-lo. Mas se você tem uma meta e sabe que tipo de livro vai
criar, poderá planejar seu orçamento adequadamente.
Primeiro, a decisão mais abrangente: você quer um livro capa dura ou
brochura? A impressão de livros de capa dura é bem mais onerosa e, por causa do
preço de capa mais elevado, ele pode vender menos do que a brochura.
Depois de tomar essa decisão, você pode definir quantas páginas terá o livro.
Pense no escopo do que você tem a dizer e verifique o número de páginas de
livros com conteúdo semelhante. Mas também pense como você quer que o livro
seja. Basta pegar um livro que tenha o mesmo tamanho e formato do que você tem
em mente.
Quando você encontrar um bom modelo para seguir, conte o número de palavras
por página. Multiplique-o pelo número de páginas. Depois, subtraia palavras das
"páginas atípicas" - a primeira e a última de cada capítulo (essas não costumam
ser cheias), páginas em branco numeradas e páginas no início e no final do
livro. Isso lhe dará uma estimativa do número de palavras do livro. Se você
calcular quantas palavras há em uma página de seu programa de processamento de
texto (ou no papel, se você usar uma máquina de escrever ou se escrever à mão),
você terá uma meta para o número de páginas.
Por que isso é importante? Porque é preciso pensar na psicologia do indivíduo
que compra livros. Se você pretende criar um livro para presente, brochura, você
não vai querer um volume de 500 páginas, porque ele ficará parecendo uma
enciclopédia. Se o público-alvo tem um interesse mais casual, o livro deve ter
uma aparência mais leve. Mas se você pretende lançar um manual, o futuro cliente
não pensará que um livro de 100 páginas é vantajoso. Os leitores escolherão o
livro mais grosso na prateleira ao lado do seu, porque ele parece mais
substancial.
O preço também é importante. Mais páginas custam mais e certos múltiplos de
páginas são menos onerosos do que outros. As gráficas imprimem um determinado
número de páginas de cada vez - em geral, 32 páginas, frente e verso. Isso
significa que é bem mais barato imprimir um livro de 320 páginas do que um de
321. Não é preciso tomar essa decisão logo no início, mas é algo a ser
considerado quando você estiver com o livro quase pronto.
Tamanho é documento
Com o primeiro livro, Walter Roark reavaliou a
sua escolha do tamanho do livro:
"Decidi que o primeiro livro ficou um pouco fino.
O primeiro livro tem 160 páginas, ou seja, 5x32. E decidi que o
segundo seria mais substancial porque o bebê de 1 a 3 anos é mais
complicado do que o recém-nascido. Decidi que o livro teria 224
páginas - 7x32. Também tive a impressão de que se ele parecesse mais
substancial - um pouco mais volumoso - as livrarias ficariam mais
tentadas a vendê-lo. A Borders não quis pegar meu primeiro livro...
Uma coisa que entendi é que capas chamam a
atenção, mas quando estão só com a lombada para fora eles somem. Por
isso, pensei em fazer o livro um pouco mais volumoso - assim, ele
teria uma lombada maior e não se perderia. Foi isso que eu fiz e a
Borders pegou meu segundo livro". |
A criação do conteúdo
Depois que você escolhe o tipo de livro que deseja produzir, é hora de
começar a escrevê-lo. A maneira mais óbvia é fechar a porta para o mundo,
escrever o que você quiser e só se preocupar com a edição depois. Mostre-o à
família e aos amigos quando você quiser mas, fora isso, faça do jeito que
achar melhor. Você não tem que se preocupar com o editor.
Para muitos auto-editores, isso não funciona muito bem - e eles se
perdem sem alguém com quem possam trocar idéias. Uma solução é contratar um
editor assistente freelance. Ele tem a mesma função do editor que
trabalharia com você em uma editora - você pode lhe mostrar rascunhos e
esboços, e ele pode editar algumas partes para melhorar o livro. A
diferença, é claro, é que você tem a palavra final e não ele. Teoricamente,
a principal coisa que esses profissionais trazem para a publicação de livros
é seu conhecimento especializado - um editor assistente precisa saber como
criar um bom livro.
O custo de um editor assistente freelance entra em seu orçamento total
para o livro. Dependendo do seu modo de trabalhar, a presença desse
profissional pode lhe poupar tempo e ser um gasto que vale a pena.
Além disso, você talvez queira a ajuda de outros profissionais. Na
próxima seção, falaremos das outras pessoas que você poderá incluir em sua
folha de pagamento.
Solicite reforços
Além do editor assistente freelance, você pode conseguir mais ajuda durante o
processo de criação do conteúdo. Talvez você precise de:
- Um ilustrador ou cartunista para as páginas internas do
livro ou a capa.
- Um pesquisador de fotos para localizar fotos
ilustrativas e obter permissão para usá-las.
- Um revisor para revisar o texto final, melhorar a
redação e corrigir possíveis erros gramaticais ou de digitação.
Foto cedida por Clearing Skies Press
Para acrescentar algo mais ao seu livro, Walter
Roark contratou um ilustrador para criar alguns cartoons
|
A revisão é muito importante. Você pode confiar em sua própria
revisão, com a ajuda de amigos e familiares, mas se quiser um texto coerente,
relativamente sem erros, provavelmente terá de contratar um revisor experiente.
Você ficará surpreso ao ver como é difícil encontrar todos os erros em um artigo
de 1.500 palavras; imagine em um livro inteiro.
De modo geral, o período de criação diz respeito à redação, revisão e
ilustrações. Mas se você estiver trabalhando no conteúdo de seu livro, também
precisará fazer algumas coisas para que seu trabalho se transforme em um livro
de verdade. Na próxima seção, analisaremos estas etapas simples.
Sobre a revisão
A exemplo da maioria dos autores, Walter Roark
respeita a importância de uma revisão minuciosa:
"A revisão é uma parte importantíssima do processo
final, porque por mais que você leia e releia o seu texto, você ficará
surpreso com a quantidade de errinhos - pontuação, erros gramaticais -
existentes em um manuscrito eletrônico. É incrível. Eu gastei quase
horas em meu livro mais recente, "Keeping Your Grand Kids Alive Until
Their Ungrateful Parents Arrive" e, mesmo assim, há um erro, na página
103 que me deixa maluco. Em vez da contração de "you are" - you´re (você
é), eu usei o pronome possessivo "your" (seu)". |
O que um livro de verdade precisa
Os componentes básicos de um livro são óbvios - páginas de texto e de desenhos,
encadernadas entre as duas capas. Mas para que a sua obra seja um livro viável
que possa ocupar as prateleiras de livrarias e de bibliotecas, ele precisa de
mais algumas coisas. Antes de imprimi-lo, você precisa:
- Obter um número ISBN - é como o número do CPF dos
livros - todo livro impresso tem um número exclusivo, e as livrarias,
atacadistas de livros e outros usam esse número para identificar
determinados títulos. Para obter o ISBN, você preenche alguns formulários,
pagar uma taxa. No Brasil, quem é responsável pelo número é a
Fundação Biblioteca Nacional.
- Obter um código de barras EAN - trata-se de um
código de barras UPC que pode ser conseguido pela
Associação Brasileira
de Automação Comercial.
- Definir um preço - você terá que imprimi-lo no livro;
portanto, você precisa dele antes da impressão. Mas você precisará dele o
mais cedo possível para que possa controlar o seu orçamento. O bom senso
convencional diz que o seu livro deve custar, no mínimo, cinco vezes o valor
de cada livro na produção inicial. Para calcular o preço certo, veja livros
semelhantes. Na maioria dos casos, definir um preço menor do que o da
concorrência não ajuda as vendas; por isso, escolha um preço médio.
Outras coisas a considerar:
- Talvez você queira solicitar comentários (aprovações) para a quarta capa
de seu livro.
- Você terá que escrever o material pré e pós-textual para o seu livro -
prefácio, sumário, a página sobre direitos autorais e os agradecimentos que
costumamos ver no início ou no final dos livros. Veja livros publicados
similares ao seu para ter uma idéia do que escrever.
- Você pode escrever uma biografia do autor para a quarta capa.
Depois que você terminar de escrever o conteúdo, é hora de colocá-lo na forma
de livro. Na próxima seção, analisaremos esse processo.
Preparar para imprimir
Até agora, o seu "livro" ainda não é um livro propriamente dito - é apenas um
manuscrito. A próxima etapa é converter esse manuscrito em uma
forma pronta para ser impressa - a base para o que vai se
tornar um livro real.
Isso é muito mais fácil hoje. Com um microcomputador de boa qualidade e o
software adequado para editoração eletrônica, você pode criar um livro
pronto para ser impresso na forma digital. Com esse
software, é possível configurar margens e tamanho da letra para obter o
número de páginas desejado.
Você não pode simplesmente enviar à gráfica um documento do Word formatado,
porque esse tipo de programa de processamento de texto não é projetado para os
drivers de impressão necessários para se usar uma impressora
gráfica. Assim, é preciso formatar o livro usando alguns programas específicos:
Quark Xpress ou Adobe Pagemaker, por exemplo. O software não é barato, e não é
fácil aprender a usá-lo, mas a pessoa versada em computação poderá compreendê-lo
com relativa facilidade.
Além disso, você não pode usar uma das fontes que vem com o seu programa de
processamento de texto. Para o material pronto para ser impresso, você precisa
de uma fonte Postscript, além de drivers de impressão
Postscript.
Para adicionar ilustrações, você precisará de um scanner de alta qualidade e
um bom programa gráfico, como Adobe Photoshop, para que o texto fique pronto
para a impressão.
Com o seu programa de editoração eletrônica, você pode montar cada página do
livro. Depois, grave tudo em um CD - o arquivo de editoração eletrônica, o
arquivo para a fonte que você usou e todos os arquivos gráficos. Eis o seu
livro, na forma digital, pronto para a gráfica.
Para a gráfica
Depois que o seu livro estiver na forma digital, você precisa encontrar uma
gráfica. Para isso, é preciso pesquisar um pouco o mercado. Faça pesquisas e
encontre algumas gráficas especializadas em livros com as quais
você possa trabalhar. Muitas gráficas costumam imprimir apenas folhetos -
certifique-se de procurar gráficas especializadas em livros, que têm experiência
no assunto.
Peça a cotação para algumas gráficas - um preço para a
impressão, que a gráfica honrará por 30-90 dias - e solicite amostras de
trabalhos similares feitos no local. Compare e veja quem oferece os melhores
resultados com o melhor preço.
Para fazer uma cotação, você terá que decidir quantos livros deseja imprimir.
Grande parte do custo da impressão está em preparar a gráfica para o trabalho.
Por isso, você conseguirá um preço menor por livro se imprimir uma quantidade
maior de uma só vez. Contudo, se você superestimar o número de livros que pode
vender, acabará gastando muito dinheiro que não conseguirá recuperar em um
período de tempo razoável. Essa é uma das decisões comerciais mais importantes
que você terá que tomar, que influencia diretamente seus lucros imediatos.
Antes da gráfica imprimir o seu livro, ela deverá imprimir provas. Quando as
provas ficarem prontas, é seu dever verificar cada página para que não haja
erros. Qualquer coisa que não estiver em seu arquivo original é erro de
impressão - a gráfica terá que consertar e arcar com as despesas.
Qualquer erro que estiver em seu arquivo original é um ajuste do autor
(AA), que significa que você terá que pagar por ele (embora a gráfica permita um
determinado número de correções gratuitas). Depois de revisar as provas, você
deve passá-las à gráfica para que façam as devidas correções.
Neste ponto, ou ainda antes, a gráfica pode imprimir provas de granel
(as primeiras versões encadernadas do livro). Você poderá usá-las para começar a
divulgar o livro.
Finalmente, a gráfica criará uma prova inteira do livro, e enviará as cópias
à sua casa, o local de armazenamento dos livros ou qualquer outro lugar que você
escolher (por exemplo, diretamente a um atacadista de livros para quem você
vendeu). É hora da etapa final: divulgar e vender o livro.
Números e preço
A maioria dos auto-editores começam com uma
produção de 1.000 a 5.000 livros. Walter Roark comentou sua
experiência:
"Constatei que se eu quisesse imprimir 3
mil livros - que me parece um pouco ambicioso quando olho para trás,
mas foi isso que eu decidi fazer, porque quanto mais livros
impressos, menor o preço. Resolvi imprimir 3 mil e pedi que os
enviassem ao meu escritório, no porão de casa. Foi um dia
assustador.
Recebi cerca de 47 caixas com 72 livros cada, que
minha mulher e eu carregamos da porta de casa até o porão. Pouco
mais de dois anos depois, esvaziei a última caixa daquela primeira
remessa. Já imprimi cerca de 10 mil livros até agora, desde a
primeira vez, e isso aconteceu há pouco mais de três anos". |
Marketing inicial
Antes da data de publicação de seu livro, sua obra terá que chamar a atenção de
algum crítico importante ou, pelo menos, começar a circular entre os formadores
de opinião. Algumas etapas possíveis de marketing:
Foto cedida por Clearing Skies
Walter Roark criou mostruários simples de balcão
para ajudar a vender seus livros nas lojas USA Baby
|
- Procure sites ou blogs que divulgam o tipo de material que você está
publicando.
- Faça uma assessoria de imprensa própria, divulgando, mesmo antes do
lançamento, para algumas publicações que tem um perfil de leitores
semelhante ao que leria seu livro.
O marketing continuará enquanto você estiver vendendo livros. O marketing se
divide em duas áreas: promover o seu livro para revendedores (por exemplo,
livrarias ou feiras) e para o público real para que as pessoas possam
encomendá-lo e procurá-lo nas lojas. Há dúzias e dúzias de truques e estratégias
para fazer o marketing nas duas áreas. Você encontrará muitas idéias nos livros
e links que aparecem na página "Mais informações", no final deste artigo.
Marketing criativo
A experiência de Walter Roark' foi que o marketing
aconteceu, de certo modo, na base da tentativa e erro - algumas coisas
funcionaram, outras não. Ele deu algumas orientações:
"Constatei que gastar o tempo de maneira abrangente é
melhor do que trabalhos detalhados, tentando vender um livro de cada
vez. Quando aloco os meus dólares para o orçamento promocional, tomo o
máximo cuidado e sigo aquilo que funciona. Constatei que enviar postais
é muito bom. É uma ótima opção de mala direta, com custo razoável; por
isso, eu os envio aos bibliotecários.
Eis uma coisa que não valorizei muito no início - o
mercado das bibliotecas. Um livro na biblioteca é lido por muitas
pessoas; por isso, um único exemplar chega a diversas pessoas". |
Vendas
Quando finalmente chega a data de publicação, você tem apenas uma tarefa: fazer
com que as pessoas comprem o seu livro. Para compradores individuais de livros,
isso é simples. Eles pagam o preço de capa, você registra a transação e envia ou
entrega pessoalmente o livro. Mas os compradores individuais de livros formam o
menor grupo de sua base de clientes. Os seus principais clientes são:
- livrarias independentes;
- atacadistas, que recebem pedidos de muitas livrarias; eles só compram o
que precisam ou que esperam precisar;
- distribuidores, que compram livros para revendê-los às livrarias;
- distribuidores exclusivos, que cuidarão de tudo que a venda de seu livro
engloba em troca do direito exclusivo de distribuição;
- vendedores de livros virtuais.
Dois novos fatores entram na questão com esses clientes - descontos
e devoluções. Para garantir o lucro, os vendedores de livros
sempre compram livros bem abaixo do preço de capa, e a maioria se reserva o
direito de devolver os livros que não consegue vender. Se os livros não
estiverem danificados, você tem de devolver o dinheiro ao comprador. Há também
quem venda em consignação, ou seja, você entrega o livro e só recebe se o livro
for vendido.
Você precisará de um contrato de termos e condições que
defina, com detalhes, como você administrará a transação - quais os descontos
que você oferece, como você lida com as devoluções, como você faz a cobrança,
etc. Os seus termos e condições dependem apenas de você, mas você terá que
tratar determinados tipos de compradores de certa forma para fazer negócios. Por
exemplo:
- as livrarias individuais geralmente têm 40% de desconto do preço de
capa;
- atacadistas e distribuidores em geral têm 50 - 55% de desconto do preço
de capa;
- distribuidores exclusivos têm 62 a 67% do preço de capa.
Vender é um processo contínuo que pode durar anos (sem tomar muito tempo).
Quando a sua primeira remessa de livros acaba, e ainda há demanda, você volta à
gráfica para pedir a próxima remessa. Se o seu livro realmente fizer sucesso,
talvez você consiga um bom negócio com uma editora maior capaz de aumentar o
nível de suas vendas. No decorrer dos anos, muitos autores bem-sucedidos usaram
esse caminho para entrarem na tela de radar das editoras.
O melhor momento de escrever um livro costuma ser no início do processo -
quando estamos sentados ao computador, transformando nossas idéias em palavras.
Por outro lado, o melhor momento da publicação acontece depois que fazemos todo
o trabalho - quando recuperamos nossos custos iniciais, e cada livro vendido é
dinheiro que entra em nosso bolso. Essa é a recompensa máxima de um auto-editor.