Economizar / Poupar - Compras: pesquisar, planejar e pechinchar; os três 'Ps' das boas compras
Por mais que o consumidor esteja interessado em realizar uma
compra, ele deve seguir determinado 'roteiro' na hora de fazê-la para enfrentar
a inflação moderna, computadorizada e silenciosa que ataca o seu bolso.
"É preciso vencer a ansiedade e agir com cautela", aconselha o consultor Cláudio
Boriola, especializado em Economia Doméstica e Direitos do Consumidor.
Inflação baixou, mas não desapareceu
Isto porque, segundo o consultor, apesar de a inflação não ser evidente como nas
décadas passadas, quando chegavam a exorbitantes índices de 2.477% (veja quadro
abaixo), ela existe e é observada cada vez que o consumidor percebe que seu
dinheiro perdeu o poder de compra.
"Num tom mais prático, podemos afirmar que a inflação é sentida toda vez que
entramos num supermercado e percebemos que com a mesma quantidade de dinheiro
não conseguimos comprar a quantidade de itens que comprávamos há um certo
tempo", afirma.
Por isso, o conselho de Boriola é simples, mas eficiente: é preciso pesquisar
preços e condições de pagamento, para que não se pague juros que inviabilizem a
compra; planejar a aquisição do bem para que não se crie uma dívida longa e
pechinchar para conseguir um desconto à vista.
"Desta maneira, se fará a melhor compra, sem arrependimentos e de uma forma boa
para quem vende e para quem compra, sem prejuízos", completa o consultor.
Relembrando o passado
"O mundo das finanças não é composto só de ações. Ele se torna também um jogo de
paciência quando os números são aguardados e diversos números e resultados são
esperados não só por economistas, mas também pela população. Números como os do
rendimento da poupança, taxas de juros e um outro índice que age diretamente
sobre o bolso do consumidor: a inflação!
Nesse quesito, o Plano Real passou com louvor! Até 1995, a média anual da
inflação vinha num crescente assustador: era de 19% nos anos 50, 40% nos anos 60
e 70 e foi para o topo do edifício dos 330% nos anos 80, a famosa década perdida
da economia brasileira.
Mas esse edifício era mais alto ainda, e a inflação alcançou galopantes 764%
entre 1990 e 1995. Para se ter uma idéia, a inflação acumulada no ano de 1993
foi de 2.477%, contrastando com o acumulado de 2005, 5,69%.
Com a adoção do Plano Real, pelo Presidente Itamar Franco e seu então ministro
da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, o índice caiu para 8,6%, média anual
mantida até o ano 2000. Foi um alívio para quem viveu a época dos "fiscais do
Sarney", consumidores que vestiram a camisa, viraram olheiros do Governo Federal
e denunciavam os estabelecimentos comerciais que remarcavam seus preços de forma
abusiva.
Com certeza, não sentimos nenhuma falta dos barulhos daquelas maquininhas
etiquetadoras que os funcionários utilizavam diariamente para aumentar os
preços. Se bem que hoje a inflação age de forma mais moderna, computadorizada e
silenciosa.
Entendendo os índices
O resultado mensal da inflação divulgado pela imprensa é, logicamente, uma
média. Dentre todos os itens analisados, há aqueles que sobem mais que o índice
e até aqueles que têm queda de preço, mas não têm expressão para empurrar a
média para baixo.
Para se ter uma idéia, o acumulado da inflação entre 1994 e 2004 foi de 154,06%,
mas as tarifas telefônicas subiram cerca de 706% nesse mesmo período. Essa
disparidade acontece, entre outros motivos, pela diferença na medição dos
preços, por diferentes institutos ou métodos de pesquisa. Os números mostrados
foram o resultado de uma pesquisa da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas), um índice mais próximo do dia-a-dia do consumidor.
Já a correção dos preços da telefonia fixa é feita de acordo com o índice IGP
(Índice Geral de Preços), da Fundação Getúlio Vargas, que é voltado para o
atacado e também para os produtos de exportação, o que acaba alavancando o
índice. No mês de abril, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo), ficou em 0,21%, o menor resultado desde agosto de 2005. Esse
método compreende as famílias que têm até 40 salários mínimos de renda mensal,
de onze capitais.
O que causou a queda da inflação foi um menor aumento nos valores dos
combustíveis e a queda nos preços de eletrodomésticos e aparelhos de TV, som e
informática. Já os itens que subiram mais que a média foram os remédios,
vestuário e energia elétrica. Todos os anos, o Governo Federal impõe uma meta
para a inflação anual. Para este ano a meta é 4,5% e, segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação deve bater os 4,33%."
(*) Cláudio Boriola é
consultor Financeiro, Conferencista, Especialista em Economia Doméstica e
Direitos do Consumidor. Autor do livro Paz, Saúde e Crédito - Editora Mundial e
do Projeto para inclusão da disciplina "Educação Financeira nas Escolas".
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