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Investimentos / Fundos - Título de capitalização. Não é investimento nem fundo. Só é bom para quem gosta de sorteio 

Data: 30/05/2007

 
 

Os títulos de capitalização fazem o maior sucesso entre os investidores brasileiros. É o tipo de produto financeiro que não existe em nenhum outro lugar do mundo. No entanto, no Brasil está no topo da preferência dos investimentos.

 

Recentemente no programa Sem Censura, da jornalista Leda Nagle, na TV Educativa, foi feita uma pesquisa com telespectadores para saber onde eles aplicavam o dinheiro que conseguiam economizar. Título de capitalização ganhou com larga vantagem sobre as outras opções. O grande problema é que títulos de capitalização não são investimentos. Quem explica não tem rigorosamente nada contra o produto, pois seu trabalho é cuidar da imagem da capitalização no mercado brasileiro: Rita Batista, presidente da comissão de capitalização da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização (Fenaseg). "Título de capitalização não é investimento porque não paga juro, tem apenas a atualização pela TR", diz a executiva.

 

É isso aí Rita, mas os gerentes que trabalham nas agências bancárias oferecem sem cerimônia esses produtos à clientela que está em busca de uma boa aplicação para suas economias. Ou seja, o brasileiro se esforça, para fazer com que o orçamento doméstico seja menor do que o salário de forma a ter sobras no fim do mês e é com essa quantia, aplicada regularmente em bons investimentos, que ele espera construir seu patrimônio para comprar a casa própria, pagar a faculdade dos filhos e viver bem na aposentadoria.

 

Ele leva esse dinheiro que sobrou ao banco ao qual tem total confiança, não fosse assim não deixaria suas economias lá depositadas, pede um auxílio ao seu gerente esperando falar com alguém que está ali para lhe ajudar a construir um patrimônio e sai da agência com vários títulos de capitalização que em nada vão ajudar na conquista de sua meta. No entanto, resolveu um problema de meta do gerente. É cruel.

 

Mas Rita promete que isso vai mudar. Segundo ela, na verdade, o processo de mudança já começou, pois as empresas de capitalização estão empenhadas em treinar a força de venda para evitar que esses abusos sejam cometidos. Rita explica que a Fenaseg encomendou uma pesquisa e constatou que há muita confusão entre os clientes. "Não há uma percepção correta do que é capitalização", diz ela.

 

A taxa de carregamento, que pode chegar a 30% sobre o valor da aplicação, é vista por uma boa parte da clientela como uma taxa cobrada para "carregar" o prêmio aos sorteados. "O nosso desafio é fazer produtos mais claros", diz Rita. Os contratos, por exemplo, estão passando por uma revisão, de forma que o texto que o cliente vai ler seja amigável e perfeitamente entendido. "Queremos que o cliente fique satisfeito e seja fiel", diz ela.

 

O grande apelo do título de capitalização é o sorteio. E, segundo especialistas, os bancos simplesmente não podem abrir mão desse produto em sua prateleira porque o brasileiro gosta de participar desses sorteios. Pode ser. Mas o fato é que mesmo quem não gosta de sorteio e esteja atrás de investimento está levando para casa uma enxurrada de títulos. Muitas vezes não é necessário sequer pedir pelo produto. Você recebe em casa, pelo correio, com uma simpática carta que dá os parabéns pela excelente aquisição que você fez (?). Mas a verdade é que você não fez a aquisição, nem sequer sabia desta compra.

 

Aliás, vale a pena dar uma boa analisada no seu extrato bancário e também no do seu cartão de crédito. Você poderá se surpreender com a quantidade de débitos automáticos que acabam lhe impondo sem que você sequer seja consultado. Alguns débitos automáticos ajudam a não perder a data do vencimento da conta. Outros simplesmente lhe criam uma sucessão de despesas que em algumas vezes você não é nem mesmo consultado. Portanto, você não perde nada se separar alguns minutos para conferir.

 

Rita defende firmemente o título de capitalização. Diz que pode ser uma aplicação programada, por exemplo, para quem tem poucos recursos e não conseguiria acessar uma aplicação financeira. "Há títulos de capitalização com mensalidade de R$ 5", diz ela.

 

Ainda assim, o melhor seria investir em caderneta de poupança. Pois há bancos que não tem aplicação mínima para poupança e, nesse caso, você não tem na partida de pagar a taxa de carregamento e ainda recebe TR mais 6% ao ano, enquanto os títulos de capitalização só lhe entregam a TR.

 

Analistas de investimento só enxergam um motivo para se investir na capitalização: o jogo. Quem gosta de jogar pode fazer um bom negócio se optar pelo título de capitalização. Isso porque você concorre a prêmios e ao final de um determinado prazo recebe o dinheiro de volta com a atualização pela TR.



 
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