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Cartão de crédito - Vilão ou "mocinho"? 

Data: 30/05/2007

 
 

O cartão de crédito é, hoje, seguramente, a forma de pagamento mais utilizada no comércio: quatro vezes mais que os cheques e, considerando as várias modalidades existentes – de crédito, de débito, de lojas, etc. – perde apenas para o dinheiro em espécie. Também o número de usuários de cartões vem crescendo de forma significativa, nos últimos anos.

A preferência do brasileiro é pelo crédito pré-aprovado, funcionando tanto como crédito para pagar contas, quanto para saque em espécie. É exatamente por isso que as operadoras de cartão de crédito definem dois limites: o de saque – geralmente menor – e o de crédito. Além dos juros incidentes sobre a quantia emprestada – as mais altas do mercado –, há o custo também com a tarifa de saque, o que faz dessa operação apenas uma opção de emergência.

Como se o carros fossem responsáveis pelos acidentes de trânsito, os cartões de crédito também são lembrados e vistos, muitas vezes e de forma indevida, como responsáveis pelas dificuldades financeiras de muitos inadimplentes. Desde que utilizados de forma consciente, os cartões de crédito são um instrumento importante na gestão das nossas finanças pessoais.

Mesmo não utilizando a opção do crédito rotativo do cartão, vale a pena possuir ao menos um, por segurança e comodidade. O uso do cartão permite, por exemplo, não precisar carregar uma quantia maior de dinheiro e até mesmo o talão de cheques. E esse é um grande facilitador para quem viaja, que pode sacar dinheiro em qualquer caixa eletrônico conveniado, funcionando como um cartão de débito. O processo de pagamento também é rápido e simples, já que é solicitado comprovar que o cartão é seu – algumas vezes – e assinar o recibo ou, no caso de cartões com chip, digitar a senha. Daí a ter 5, 10 ou até 15 cartões de crédito no bolso é viver perigosamente, sujeito a desequilíbrios financeiros, clonagens, além das anuidades que podem variar de zero até R$ 250,00. Mesmo cartões “gratuitos”, oferecidos com custo “zero” para os clientes, geralmente cobram alguma taxa mensal – de R$ 1,99 a R$ 3,50 –, incluída na fatura.

O cartão de crédito também pode ajudar no gerenciamento de nosso orçamento pessoal ou familiar. Comprando em qualquer dia do mês, só precisamos pagar no dia do vencimento da fatura, fazendo coincidir essa data com o recebimento do salário ou com outro dia de conveniência pessoal. Além disso, pela fatura do cartão é fácil saber onde o dinheiro foi gasto.

O grande perigo do cartão de crédito, se faltar controle e moderação, é usá-lo como forma de financiamento. Quer dizer, na hora de quitar a fatura, pagar apenas uma parte do valor devido – entre 10% e 20%, conforme estipulado pela operadora –, rolando o saldo para o mês seguinte. Ao pagar apenas o valor mínimo da fatura, estamos aceitando que o restante poderá ser financiado com juros a critério da operadora, que variam de 7% a 12% ao mês. Com as compras do mês seguinte, é possível que comece o efeito “bola de neve”. Outros erros muito comuns e que devem ser evitados: considerar o limite do cartão como renda; gastar sem planos de pagar a dívida; pagar com atraso; ignorar o valor da dívida; compartilhar dívidas (comprar para outra pessoa ou autorizar o uso do cartão).

Enquanto “meio de pagamento”, o cartão de débito e, mesmo o de crédito, é ótimo, desde que a fatura possa ser paga, integralmente, na data de vencimento. Já como “forma de financiamento pessoal” é entrar em situação de alto risco. Se não vai dar mesmo para pagar toda a fatura, melhor é fazer um empréstimo, até no próprio banco, para quitar a conta. Ninguém cobra juros mais altos que o cartão e nenhum investimento rende algo parecido para compensar as perdas. E antes de sair por aí a picar em pedacinhos o coitado do cartão, como se fosse ele o culpado pelos problemas financeiros pessoais ou familiares, é mais sensato e eficiente aceitar que somos nós que fazemos dele um vilão ou um mocinho.



 
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