Carreira / Emprego - Transformando o "bico" em uma profissão rentável
Nos últimos anos, são inúmeros os casos de profissionais que, mesmo contando
com um certo grau de qualificação, acabaram perdendo seus empregos, seja porque
a atividade do setor onde atuavam diminuiu drasticamente, ou porque, apesar do
setor não estar em crise, a empresa onde trabalhavam passou por reestruturações.
Mesmo diante de uma situação difícil como é o desemprego, algumas pessoas
conseguem inovar, identificando novas oportunidades de trabalho, que muitas
vezes, acabam por se transformar em nova fonte de renda.
Garantindo uma renda mínima
Ninguém quer ficar desempregado, mas diante desta realidade é preciso ser
pragmático, e tentar identificar formas de sobrevivência até que você consiga
uma recolocação.
Para quem conta com uma reserva financeira, é possível respirar um pouco mais
aliviado, mas para os mais desprevenidos, a primeira providência a tomar diante
do desemprego é tentar identificar uma fonte de renda alternativa, o famoso
"bico".
Nada de preconceito, afinal trabalho é trabalho, e desde que seja honesto você
não tem nada do que se envergonhar. Além de garantir uma renda mínima no final
do mês para pagar as despesas mais importantes, o fato de se manter ocupado é
bem visto no mercado e ajuda a ocupar sua mente. Isto é importante porque, se
você tiver que recorrer ao cheque especial, em pouco tempo pode estar atolado em
dívidas.
O que você sabe fazer?
Quase todos nós poderíamos exercer alguma atividade extra para ajudar no nosso
sustento em caso de desemprego, o segredo é identificar o que exatamente.
Para as pessoas que estudaram ou falam outros idiomas uma alternativa podem ser
as aulas particulares, mas mesmo aqueles que não têm nenhum conhecimento
específico podem identificar um "bico" para fazer. Se você dirige e tem filhos
na escola porque não oferecer para outros pais para levar os filhos deles na
escola.
Muitas pessoas se sentiriam bastante contentes ao saber que estão ajudando
alguém que precisa, e apreciariam o serviço diferenciado que você pode oferecer.
Afinal de contas, seus filhos são amigos dos filhos dos seus potenciais clientes
e você sabe o que esperar destas crianças. É sempre possível identificar uma
aplicação para o conhecimento que temos, basta ter iniciativa.
Muitas vezes o "bico" surge da necessidade de economizar dinheiro. Por exemplo,
se você perdeu seu emprego não vai querer gastar com eletricista se pode você
mesmo resolver o problema. Se somarmos na ponta do lápis o quanto gastamos pela
comodidade de contratar alguém para fazer algo que poderíamos fazer nós mesmos,
mas não fazemos por falta de tempo ou vontade, ficaríamos surpresos.
Um caso real
Este foi o caso do ex-representante comercial da Xerox e Sharp, Walter Sebastião
de Oliveira, que há três anos perdeu seu emprego. Inicialmente procurando apenas
se manter ativo enquanto não achava uma outra ocupação, e para economizar com
gastos desnecessários, Oliveira passou a se dedicar a efetuar alguns consertos
no apartamento em que mora. Em pouco tempo sua fama de faz tudo se espalhou e
ele começou a ajudar seus vizinhos e outros conhecidos.
Diante da violência muitas pessoas dão preferência para ter um conhecido
trocando sua fiação do que um eletricista renomado. Isto sem falar, é claro, no
aspecto honestidade. Quem não conhece casos de profissionais que inventam
problemas ou simplesmente superfaturam os consertos? A capacidade de efetuar
pequenos consertos, aliada ao fato de ser conhecido das pessoas, ajudou Oliveira
a encontrar novos serviços.
Tanto é que sua esposa decidiu fazer um panfleto "Alugue um Marido" na tentativa
de atrair novos clientes. A iniciativa deu certo e logo Oliveira passou a
executar pequenos serviços em outras casas na região. Apesar do público alvo do
panfleto "Alugue um Marido" ser o feminino, donas de casa insatisfeitas com o
fato de seus maridos não efetuarem pequenos serviços caseiros, o primeiro
cliente de Oliveira foi um homem, que estava reformando seu apartamento.
Atualmente, Oliveira cobra R$ 30 por hora de serviço, mas se o trabalho for
muito complexo o custo pode subir para R$ 50 a hora. Se ele trabalhar 70 horas
por mês terá um salário de R$ 2,1 mil, mais do que muitos trabalhadores
registrados, e uma carga horária bem mais tranqüila. Afinal bastaria trabalhar
3,5 horas por 20 dias por mês para conseguir alcançar esta meta, deixando tempo
livre suficiente para outros interesses.
Obviamente como autônomo Oliveira não tem qualquer garantia, e pode não
conseguir serviços suficientes para pagar as contas no final do mês. Mas
conseguiu uma forma rentável de sair da crise e serve de exemplo de como um
"bico" pode se transformar em uma profissão rentável.
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