O Brasil apresenta altas taxas de mortalidade de empresas. De
acordo com o Sebrae, em torno de 50% das empresas não sobrevivem
aos primeiros dois anos. É um fato claro que a conjuntura
econômica do país, com alta taxa tributária, juros altos, falta
de crédito e inadimplência contribui para esta taxa elevada.
Entretando, conhecidas as regras de antemão, é dever do
empreendedor se preparar para este cenário desfavorável com
estratégia e planejamento. O que presenciamos, no entanto, é uma
completa falta de preparo dos empreendedores, e irei ilustrar
passo-a-passo, como falir uma empresa antes mesmo destes dois
anos.
De acordo com este estudo do sebrae, o quebrador padrão de
empresas tem o seguinte perfil: é do sexo masculino e pertence a
faixa de 30 a 49 anos. As atividades principais exercidas antes
do início das atividades empresariais consistiam de:
funcionários de empresas privadas (30%), trabalhador autônomo
(25%), e empresários (10%), seguidas de donas de casa (8%),
estudantes (7%) e funcionários públicos (7%).
Analisando estes números percebemos uma lógica interessante,
o grupo mais numeroso se encontra em ex-funcionários de empresas
privadas. O que é razoável pensar, já que estes reúnem tanto o
cenário favorável quanto as condições financeiras para
empreender. Para estudantes geralmente falta dinheiro, assim
como para donas de casa. Já funcionários públicos, geralmente
estes não são demitidos e nem largam o emprego, por isso o
número reduzido. Quanto aos empresários, estes além de possuir
condições financeiras, possuem maior experíência com negócios,
por isso falem menos empresas.
Podemos imaginar que o ex-funcionário da iniciativa privada
(caso que iremos avaliar, pela maior incidência), ao ser
demitido da empresa em que trabalha, sentirá dificuldades de
recolocação no mercado (sabemos que as empresas preferem pessoas
mais jovens, por diversos fatores). Sendo assim, verá como
alternativa a abertura de um negócio.
Primeiro erro: Postura passiva,o negócio
está surgindo devido a necessidade do empreendedor e não do
mercado. Aproveitar as oportunidades de negócios que surgem é
muito mais interessante do que decidir que irá abrir uma empresa
e só então procurar o ramo a seguir, podem não haver boas
oportunidades quando você as tiver procurando.
Para dar vida ao empreendimento, utilizará o fundo de garantia
para financiar a abertura da empresa, e caso não seja o
suficiente, irá pedir empréstimo bancário.
Segundo erro: de acordo com empresários de
sucesso, um dos fatores mais importantes para o sucesso de um
empreendimento é o uso de capital próprio. Empréstimos no
Brasil, com as já citadas taxas de juros cobradas, é no mínimo
um risco a mais.
Como está desempregado, abrirá a empresa exatamente no momento
em que não terá outra fonte de renda. Incutirá assim,
simultaneamente, noTerceiro e Quarto erros: irá
lhe faltar capital de giro (causa da mortandade de 42% das
empresas), e não haverá Reinvestimento dos Lucros na empresa
(fator de sucesso citado por 23% dos empresários), pois a
empresa de imediato terá de sustentar o dono.
Mesmo assim, ele seguirá em frente, e ao acaso decidirá em que
tipo de negócio se envolverá, talvez receberá palpites dos
amigos e da família para se decidir, caindo então no
Quinto Erro: Citada por 49% dos empresários
como fator de sucesso, o conhecimento do mercado de atuação é
uma habilidade gerencial essencial para o crescimento da
empresa, e prescindir deste conhecimento é um fator de altíssimo
risco.
Nos primeiros meses, ainda ancorado pelo capital inicial, o
empreendedor conseguirá adquirir, à força, algum conhecimento do
negócio em que se meteu, melhorará seu produto, aprimorará seu
serviço, mas falirá inevitavelmente, pois não basta ser melhor
que seus concorrentes, é preciso saber vender o seu produto.
Sexto Erro: Dentre as habilidades gerenciais
citadas, uma boa estratégia de vendas foi citada por 48% dos
empresários, portanto, ter um foco em vendas é uma necessidade
clara dentro de uma empresa que busca sucesso em mercados
competitivos.
Estes são somente alguns erros que um aspirante a
empreendedor deve evitar, e ele só conseguirá fugir deles se
tiver disposição para estudar, tanto o negócio em sí, quanto
técnicas gerenciais e contábeis. É isso que aconselho a quem um
dia deseja se tornar (por mais de 2 anos) um empresário.