Filhos - Forma como os pais encaram o dinheiro faz toda a diferença na educação
Devo comprar um cofrinho? As mesadas funcionam? Premiar meu
filho financeiramente pelo seu bom desempenho escolar dá certo? Devo remunerá-lo
por tarefas extras em casa? É natural que muitas dessas questões, ou pelo menos
parte delas, passem pela mente dos pais.
A preocupação com a educação financeira é uma realidade. Afinal, o mercado de
trabalho se torna cada vez mais acirrado, a luta para conciliar despesas e
receitas cresce e a preocupação com o futuro, diante da aposentadoria, é
praticamente comum a todas as famílias. Portanto, é preciso formar nossas
crianças para que possam encarar o "amanhã". E por onde começar?
Dívidas x futuro
Gustavo Cerbasi*, autor de livros sobre o tema, destaca que no País, atualmente,
55% da população está endividada. Dessa parcela, cerca de um terço não faz idéia
de como quitar suas dívidas.
Em contrapartida, o brasileiro mostra outra preocupação: quer gastar parte do
seu dinheiro para investir no amanhã. O especialista destaca ainda que, diante
dos próprios erros cometidos na vida financeira, os adultos querem formar os
seus filhos para este futuro.
Pais, a referência
Cerbasi argumenta que, neste processo de aprendizado, os pais são referência.
"As crianças começam a conhecer as finanças muito cedo, ao verem seus pais
negociarem uma compra ou forma de pagamento", esclarece.
O especialista enumera sete princípios fundamentais que podem ajudar na educação
financeira dos filhos. Confira:
- valorizar - os pais precisam proporcionar mais valor às crianças,
em termos não financeiros. Ou seja: nem tudo que oferece alegria a um filho
é pago: um passeio ao ar livre ou uma tarde de brincadeiras e bom diálogo
entre pais e filhos não tem preço!
- celebrar - as famílias devem valorizar mais os momentos
especiais, que quebram a rotina. Isso significa presentear sim... porém, nas
datas comemorativas;
- orçar - os pais devem aprender a máxima: seu limite é o que você
tem. Se o filho vê o pai sempre estourando no cheque especial, vai achar
isso absolutamente natural quando tiver suas próprias finanças! Ou seja,
comprometerá suas finanças desde cedo;
- investir - use os juros a seu favor. Os juros recompensam
poupadores. Isso significa que, caso não tenha dinheiro para comprar um
carro à vista, talvez seja mais interessante poupar uma determinada quantia
por mês, esperando o momento certo para adquirir o veículo. Desta forma,
pode-se comprar o carro à vista ou com um prazo de financiamento bem menor
(portanto, menos parcelas, menos juros...);
- diferenciar - amigos, amigos, negócios à parte. Os pais devem
ensinar aos seus filhos que o momento de fazer compras não é de diversão,
mas sim de pesquisar e negociar preços;
- negociar - pense sempre: em que mão o dinheiro vale mais, na sua
ou na do vendedor? Sendo assim, informe-se antes de adquirir qualquer
produto, e só realize a compra quando estiver certo de que analisou bem
todas as possibilidades;
- equilíbrio - os pais devem conciliar momentos de economia com
momentos de doação.
Atitudes fundamentais
O autor sugere ainda aos pais algumas atitudes que podem fazer a diferença. Que
tal experimentar?
- ensine todos os dias, pois todos nós aprendemos por repetição;
- aprendemos por prazer, portanto, ensine seus filhos com diversão;
- ensine pelo exemplo, pois nós aprendemos por inspiração;
- ensine seus filhos com justiça (já que aprendemos por obrigação moral);
- ao ensinarmos nossos filhos, também aprendemos. Sendo assim, ensine com
humildade;
- ensine com carinho. Todos nós aprendemos por amor.
*Gustavo Cerbasi é autor do livro recém-lançado "Filhos
Inteligentes enriquecem sozinhos" e apresentou palestra do mesmo título na
Expo Money, evento de finanças realizado em São Paulo.
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