A utilização de instrumentos derivativos é uma alternativa utilizada por
muitos investidores de bolsa para ampliar sua gama de instrumentos financeiros e
otimizar seus rendimentos nos mercados. Dentre eles, os mais comuns no mercado
brasileiro são as opções de ações e os contratos futuros de índice Bovespa. Mas
como é que eles funcionam?
Como funcionam as opções
As opções de ações na Bovespa possuem séries listadas a cada dois meses,
sendo que o vencimento das opções ocorre nos meses pares, ou seja, em fevereiro,
abril, junho, agosto, outubro e dezembro de cada ano. A data específica de cada
vencimento de opções é a segunda-feira da terceira semana de cada mês par.
As séries de opções são negociadas na Bovespa, mas são emitidas pelos
próprios investidores. As opções podem ser de dois tipos: opções de compra e
opções de venda, e o investidor pode comprar ou vender estas opções. Pode
parecer confuso, mas é possível comprar opções de venda ou vender opções de
compra. Para os investidores pouco familiarizados com a linguagem de mercado,
uma opção é simplesmente o direito de comprar ou vender um determinado ativo a
determinado preço em um momento específico de tempo. Por exemplo, comprar uma
opção de venda de Petrobrás com vencimento em outubro e preço de exercício a R$
60,00 simplesmente significa que o investidor terá o direito de vender ações da
Petrobrás a este preço na data do vencimento da opção. Se o preço estiver menor,
ele exercerá a opção, ou seja, venderá a R$ 60,00. Caso contrário, ele não
exercerá a opção, pois ele pode vender por um preço maior no mercado.
Contratos futuros de índice
Os contratos futuros do índice Bovespa não são negociados na Bovespa, mas
sim na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros). Em termos de liquidação dos
contratos, a agenda fica em linha com o mercado de opções: a liquidação ocorre a
cada dois meses, justamente nos meses em que vencem também as opções. O que muda
é o dia: no caso dos contratos futuros, a liquidação dos contratos ocorre na
terceira quarta-feira de cada mês.
O funcionamento dos contratos futuros, no entanto, é bastante diferente das
opções. Um contrato futuro nada mais é do que um acordo entre duas partes para
comprar um ativo a um certo preço em uma determinada data. Para facilitar este
processo, a BM&F determina as características básicas do contrato, de forma que
todos os participantes no mercado saibam exatamente o que estão comprando ou
vendendo.
Quais as diferenças em relação ao mercado a vista
Tanto as opções como os futuros são chamados de derivativos, pois seu valor
depende do valor do ativo de referência. Assim, tanto o preço das opções como
dos contratos futuros de ações dependem, entre outras variáveis, do preço destas
mesmas ações no mercado a vista.
É preciso lembrar que tanto as opções como os contratos futuros possuem um
prazo de existência limitado. Se você comprar uma ação e o preço cair, você não
perde dinheiro até que você venda este papel por um preço menor, de forma que
você pode esperar bastante tempo para tentar reverter o prejuízo. No caso de
derivativos, a história é diferente. A Bovespa libera a negociação de séries de
opções cerca de um ano antes do vencimento dela, e podem ganhar ou perder
liquidez à medida em que o vencimento se aproxima, de acordo com o comportamento
do mercado. O mesmo vale para os contratos futuros de índice Bovespa, que são
autorizados pela BM&F.
Desta forma, as opções podem ser negociadas a partir da autorização dada pela
Bovespa até a data do exercício estabelecida pela bolsa, ou seja, a data em que
os detentores das opções irão optar ou não por exercer o direito de comprar ou
vender um ativo por um determinado preço. No caso dos contratos futuros de
índice o mesmo ocorre, mas até a data limite todos os contratos futuros são
liquidados, ou seja, todos devem zerar posições. Isto significa que os
detentores de contratos futuros devem vender os contratos, enquanto que os que
estiverem com posições vendidas devem comprar contratos.
No entanto, existe uma diferença no caso dos contratos de índice. Neste caso,
as posições são ajustadas diariamente, ou seja, a BM&F exige que todos os
investidores ajustem suas posições em função de uma média de negociação dos
contratos futuros em cada dia. Esta prática é chamada de ajuste diário. Desta
forma, o investimento em contratos futuros não exige desembolso no início, mas
exige o depósito de uma margem de garantia para cobrir estas eventuais variações
ocorridas com o ajuste diário.
Estas são boas opções de investimento?
A maior parte daqueles que investem em opções e futuros são investidores com
grande conhecimento de mercado e acesso direto à informação. Boa parte destes
investidores investe simultaneamente também no mercado à vista, tentando obter
ganhos comprando em um mercado e vendendo no outro. É o que no jargão do mercado
é conhecido como arbitragem.
Deste modo, estes instrumentos são recomendados somente para aqueles que
conhecem bem o mercado e estão por dentro dos boatos do pregão. Porém, vale
lembrar que muitas vezes, como ocorrido nesta semana, o vencimento das opções e
a liquidação do futuro trazem forte impacto ao mercado à vista. Se muitos não
têm o coração forte o suficiente para suportar as altas ou quedas de, por
exemplo, 5% na bolsa em um dia, o que dizer de investir em ativos que podem
subir 500% ou cair a zero em um dia !!!