Não há como negar que o cartão de crédito trouxe maior
comodidade, segurança e agilidade às suas compras, mas cabe a você usá-lo de
forma consciente. Um planejamento financeiro eficiente, que envolva a elaboração
de um orçamento e controle de gastos, pode ajudá-lo nesta tarefa.
Por mais que o cartão funcione como uma alternativa de crédito fácil em
situações de emergência (afinal, o limite é pré-aprovado), é preciso cuidado
para não criar o hábito de constantemente financiar parte da fatura.
Em geral, isso acontece quando a pessoa inclui o limite do cartão no cálculo da
sua renda mensal, e passa a gastar de acordo com isto. A opção de crédito do seu
cartão deve ser usada em casos de emergência, e não no financiamento de consumo
ou gastos correntes. Caso contrário, antes do que imagina, você terá dificuldade
para manter o pagamento em dia, o que só irá piorar a sua situação.
Multa por atraso de até 2%
Assim, antes de atrasar o pagamento da fatura do próximo mês, vale a pena você
entender melhor quanto isso vai lhe custar. Se a sua fatura vence no dia 10, e
você efetua o pagamento no dia seguinte, já arca com o pagamento de uma multa
por atraso.
Como previsto no artigo 52 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), esta multa
não pode superar 2%. Mas, atenção! Ela não é proporcional. Ou seja, o atraso de
um dia implica em pagamento integral da multa sobre o valor total da fatura. Ou
seja, se o valor total da sua fatura é R$ 100, terá que pagar R$ 2 de multa,
independente de ter atrasado um dia ou mais.
Juros por atraso de até 1%
Pouca gente sabe, mas nos casos de atraso no pagamento, a legislação também
permite a cobrança de juros de mora. Assim como a multa de atraso discutida
acima, existe um limite para este juro que é de 1% ao mês.
Aqui é importante notar que, os juros de mora são permitidos mesmo que não
tenham sido mencionados no contrato. Contudo, neste caso, o teto do juro é
menor, de 0,5% ao mês.
Pagamento parcial
Se, além de atrasar o pagamento, você também não pagar integralmente o valor
expresso na fatura, estará automaticamente entrando na modalidade de crédito do
seu cartão. Nesse caso, terá que pagar juros proporcionais ao período durante o
qual o valor for financiado, sendo que a taxa de juro cobrada é definida
antecipadamente. Os juros serão aplicados sobre o saldo financiado. Assim, por
exemplo, se a fatura é de R$ 100, mas você pagar apenas R$ 20, o saldo
financiado é de R$ 80.
Os juros cobrados nos cartões variam muito e dependem, entre outras coisas, do
seu perfil de risco. Quanto melhor for o seu histórico de crédito, melhores as
suas chances de negociar uma taxa mais atrativa. No momento, a taxa de juro
média cobrada nos cartões é de cerca 10% ao mês, mas ela pode ser bem maior para
os consumidores de perfil de risco elevado. Este é o caso, por exemplo, das
pessoas que têm o nome incluído no Serasa ou SPC, e das que atrasam
frequentemente o pagamento da fatura.
Na ponta do lápis
Vejamos, por exemplo, o caso de uma pessoa que tem um saldo devedor de R$ 500, e
que paga com atraso de um dia apenas R$ 100, pois esta é a quantia que pode
dispor para pagar a fatura do cartão todos os meses. Este valor equivale
aproximadamente aos 20% em geral exigidos como pagamento mínimo.
Assumindo que, no mês seguinte, esta pessoa não incorra em novos gastos com o
cartão, e que os juros cobrados no cartão sejam de 10% ao mês, esta pessoa
levará oito meses para quitar a sua dívida no cartão. Neste período, terá gasto
quase R$ 250 só com o pagamento de juros, e desembolsado no total R$ 750.
Por outro lado, se esta pessoa cortasse despesas, e conseguisse efetuar um
pagamento mensal de R$ 200, então neste caso, bastaria 3 meses para que pagasse
a sua dívida, sendo que, neste caso, o desembolso com juros seria bem menor: de
cerca R$ 103.
Nos casos em que até mesmo o pagamento mínimo é difícil de ser mantido, é
preciso adotar medidas mais duras para quitar a sua dívida. O ideal, contudo, é
que você reveja os seus hábitos de consumo e aprenda a usar o seu cartão de
forma mais consciente. Esta é a melhor forma de não ter que enfrentar
dificuldades financeiras.