Na noite anterior você teve uma briga enorme com sua esposa
ou marido. No outro dia você mal se levantou e foi informado de que a pia da
cozinha está com vazamento e que o conserto deverá custar cerca de R$ 100.
Não contente, no caminho para o trabalho você tem seu retrovisor quebrado por um
motoboy e ao chegar no escritório, descobre que seu antigo chefe, aquele com
quem você se dava super bem e com quem sempre pôde contar, será substituído por
alguém de outra área, que tem fama de ser hiper durão e controlador.
Reação é inerente à personalidade
Frente a este cenário, extremamente estressado, qual a primeira coisa que lhe
vem à mente? Qualquer que seja a sua reação, ela tende a ser algo inato à sua
personalidade e, muitas vezes, algo que não consegue controlar. Algumas pessoas
tendem a se emocionar, outras a brigar e implicar com qualquer um que chegue
perto, mas algumas encontram no consumo a saída para o estresse.
Se quando está estressado ou nervoso você só encontra paz com o uso do seu
cartão de crédito, provavelmente gastar demais já é algo embutido em sua
personalidade. Não há como negar que, diante das frustrações do dia a dia,
comprar aquele CD importado que há tempos você vem namorando, pode trazer enorme
satisfação. Afinal, quando você está comprando os problemas parecem ir embora.
Consumir não é errado, mas é preciso controle
É importante ressaltar que não há nada de errado em comprar alguma coisa para se
animar depois de um dia estressante de trabalho. O problema surge quando você
não tem como arcar financeiramente com esta compra, ou quando esta decisão é uma
forma de compensação emocional. Em outras palavras, se a sua compra, seja ela
qual for, levá-lo a enfrentar problemas, é preciso pensar duas vezes.
Em alguns casos as pessoas buscam no consumo a resposta para algum evento
traumático pelo qual passaram. O consumo, como lembram os psicólogos, é a forma
mais básica de fazer uma pessoa se sentir feliz. O problema surge quando se cria
um círculo vicioso, no qual você só consegue aliviar o estresse quando está
comprando alguma coisa.
Da mesma forma que as pessoas que comem para compensar uma frustração não gostam
quando percebem que ganharam alguns quilinhos a mais, o gastador compulsivo
também não gosta quando recebe a fatura do cartão de crédito ou o extrato do
banco.
Buscando compensação no consumo
Se você está gastando escondido e, em decorrência disso, acaba discutindo com
seus familiares ou simplesmente arruinando as finanças da sua família, você tem
um problema! Enfrente a situação, tente entender o que está levando você a agir
desta forma. Comprar ou comer não irão ajudar! Na verdade, a tendência é que
este tipo de atitude acabe comprometendo ainda mais sua estabilidade emocional.
Depois de meses esperando uma promoção você é informado que não irá recebê-la.
Ao invés de tentar entender o porquê disso ter acontecido, acaba comprando um
terno novo para se sentir mais seguro. Se, ao invés disso, você tentasse
entender o motivo disso ter acontecido, talvez pudesse rever seus hábitos e,
eventualmente, conseguir a promoção que tanto quer. O problema não é comprar o
terno, mas sim fazer isso para deixar de pensar na promoção não conquistada.
Ninguém consegue ter o suficiente daquilo que não precisa! Se você comprou o
terno para se sentir bem, isso não irá fazer o seu problema ir embora. A melhora
de humor é temporária e, antes mesmo do que imagina, lá está você de novo
comprando o que não precisa para compensar sua frustração profissional.
Procure ajuda
Por mais que pareça modernismo, comprar compulsivamente é uma doença, chamada
oniomania. Em uma sociedade onde consumir parece ser a forma de celebrar quando
estamos felizes ou de compensar quando enfrentamos problemas, não chega a
surpreender que os casos de oniomania sejam cada vez mais freqüentes.
Mas, como para todo vício ou doença, existe cura, e o primeiro passo neste
sentido é procurar ajuda. Mas se você ainda não está preparado para procurar o
apoio de terceiros, que tal começar ajudando a si mesmo? Não vá às compras sem
uma lista, e seja bastante criterioso ao elaborá-la. Outra dica que muitas vezes
rende bons resultados entre os compulsivos é ir ao shopping sem carteira. Neste
caso você não tem outra alternativa senão olhar as vitrines.
Se você não acha que consegue adotar estas medidas sem a ajuda de alguém, comece
procurando seus amigos, pessoas que o conhecem bem e que já sabem do seu
problema. Porém se estas simples medidas se tornarem extremamente difíceis para
você, a melhor saída é mesmo procurar ajuda especializada. Você e seu bolso
agradecem