Sair de um cargo e passar a ocupar outro menor não é necessariamente um
retrocesso na carreira. “Nem sempre é algo negativo. Pode ser uma adequação”,
avalia a gerente de Projetos do Grupo Foco, Francilene Araújo. “Os impactos
dessa decisão dependerão da empresa e da proposta do novo desafio”, avalia.
Para a consultora em Recursos Humanos do Grupo Soma Desenvolvimento
Corporativo Jane Souza, a decisão de recuar um passo na carreira deve ser bem
analisada pelo profissional e, em certa medida, pode ser até positiva. “Isso
mostra ao mercado que o profissional é flexível e acredita no seu potencial”,
considera.
Os motivos da mudança
Nem sempre considerar abraçar um cargo menor hierarquicamente revela certo
desespero do profissional que tenta se recolocar no mercado. As especialistas
concordam que existem vários fatores que levam os profissionais a aceitarem
propostas desse porte.
Entre eles, está a própria necessidade do profissional de mudar e enfrentar
novos desafios. “Pode ser uma mudança de uma empresa de pequeno porte para uma
de porte maior”, considera Francilene.
Geralmente, um analista sênior em uma empresa pequena pode não conseguir a
mesma posição em uma empresa maior. E isso é natural, considera a especialista.
“Ele desce um degrau para avançar mais e dar um 'upgrade' dentro da empresa”.
Independentemente dos motivos, as especialistas ressaltam que nessa hora
tanto os profissionais como as empresas devem avaliar bem cada caso. “As
empresas também precisam entender as razões que levaram esse profissional a se
candidatar à vaga”, afirma Jane. “É preciso visualizar toda a situação”,
completa.
Francilene explica que em determinados casos, as empresas chegam a recusar a
entrada de um profissional mais gabaritado para ocupar uma vaga hierarquicamente
menor. “Por isso, é preciso fazer uma avaliação dos dois lados e antes mesmo de
o profissional começar a ocupar esse novo cargo”, diz.
Encarando os desafios
“Não é fácil fazer essa transição”, ressalta Jane, do Grupo Soma. “É sempre
um momento delicado e é preciso estar preparado”. E quem não estiver com foco e
não tiver avaliado as possíveis consequências da mudança pode não conseguir
levar a nova situação. Resultado: o desempenho cai e bate aquele desânimo.
“Um ponto que ajuda muito nessa avaliação é o cuidado que se deve ter com
ela. Quando está tudo muito bem amarrado, os riscos diminuem. Então, antes de
decidir, entenda a empresa, os desafios”, acredita Francilene, do Grupo Foco.
Para além de entender as novas dinâmicas do novo desafio, os profissionais
precisam encarar a situação como uma oportunidade de rever a carreira. “Ele
precisa perceber que é um momento de superação e avaliação. E, sobretudo, uma
oportunidade de crescimento profissional”, considera Jane.