Crescimento do mercado de trabalho, aumento da renda, controle da inflação.
Com a melhora do cenário macroeconômico brasileiro, a população passou a ter
mais dinheiro para investir. E ela não tem escolhido apenas a tradicional
poupança ou a tão falada bolsa de valores. Os fundos caíram no gosto dos
brasileiros.
Últimos dados divulgados pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais) mostraram que o total de aplicações na
indústria de fundos de investimento superou os resgates em R$ 9,875 bilhões no
mês de fevereiro deste ano. Em 2010, a entrada líquida superou a casa dos R$ 100
bilhões.
O problema é que, na hora de aplicar na modalidade, muitos brasileiros ainda
cometem erros, principalmente os investidores de varejo, por falta de informação
ou por comportamentos que podem comprometer os ganhos ao investir em fundos.
Os principais erros
Confira, abaixo, quais são os principais, citados pelo sócio da M2
Investimentos, Bruno Lembi.
- Não ter meta: “As pessoas não têm um objetivo claro e, quando vão optar
pelo fundo, simplesmente escolhem o que rendeu mais. Elas aplicam em janeiro e,
em dezembro, não sabem se deu certo ou errado o plano de investimento, porque
não têm objetivo”;
- Ser superficial na análise do fundo: “Tem de ver o que está por trás do
fundo, não só a rentabilidade e a taxa de administração, mas a gestão”.
- Tomar decisões pautado no desempenho passado no fundo: “A pessoa vê
qual foi o fundo que rendeu mais e investe nele, sem ter estudado, sem ver os
fundamentos, sem tentar entender a relação de performance e o risco a que está
submetida”;
- Não fazer a equação de risco e retorno: “O investidor não pergunta como
foi obtida aquela performance do fundo”;
- Comparar fundos com características diferentes: “Muitos dizem 'O meu
fundo rendeu 10% e o do meu amigo rendeu 40%', mas não entendem que um é de
renda fixa e o outro é small caps, por exemplo, e que são modalidades
diferentes”;
- Escolher um fundo que não condiz com o perfil: “Todo mundo é investidor
de longo prazo e não tem aversão a risco, só para investir naquele fundo que deu
40% no ano passado. Aí o fundo cai 1% e a pessoa já se apavora e resgata. Na
alta, todo mundo é investidor de risco”;
- Não checar taxa de administração e também de performance: “Falar de
forma genérica, quanto menor a taxa de administração, melhor, é bobagem. Neste
caso, vale a máxima 'o barato pode sair caro'. Todo mundo quer pagar mais barato
pelo melhor. No fundo, é a mesma coisa, mas às vezes o que tem qualidade de
gestão excepcional vale mais a pena, mesmo com taxa maior”;
- Não prestar atenção às regras de resgate: “Muitos investem e só depois
percebem que o resgate [prazo de entrega do dinheiro depois de solicitado]
acontece em seis meses. Então, tem gente que investe para fazer viagem em três
meses e percebe que o resgate vai demorar mais do que este período”;
- Desconsiderar a tributação: “Muitas pessoas trocam de um fundo para
outro, mas esquecem que estão no primeiro há seis meses e que vão pagar a maior
taxa possível de imposto", afirmou Lembi, em referência à tabela de cobrança de
imposto de renda em fundos de longo prazo, que vai de uma alíquota de 22,5%,
para quem mantém o dinheiro no fundo por seis meses, a 15% para aplicações acima
de 720 dias;
- Não escolher um gestor no qual confia: “Se o Brasil se tornar um país
sério e os juros reais começarem a cair, as pessoas procurarão modalidades com
mais risco, para ter mais rentabilidade. Elas vão ter de fazer escolhas sérias
e, no caso do gestor, terão de se identificar com ele. Erros acontecem, mas se a
pessoa confia no gestor, ela sabe que, no médio e longo prazo, ele vai trazer
resultados”.
- Querer operar com fundos, como se faz com ações: “Tem investidor que
acha que a bolsa vai subir, compra fundo de ação, e vende quando acha que vai
cair. É muito difícil prever o futuro e pessoas que atuam assim geralmente
perdem”;
- Não ter paciência: “Tem de esperar o resultado de médio e longo prazo.
Muitos dizem que fazem isso, mas na prática não funciona assim”.