Falta de conhecimento. Este é o principal fator que faz com que grande
parte dos brasileiros prefira investir na poupança, apesar de existirem outras
opções mais rentáveis disponíveis no mercado, segundo o professor de finanças da
BBS (Brazilian Business School), Ricardo Torres.
De acordo com o especialista, diferente do que a maioria das pessoas pensa, esta
ausência de conhecimento não é exclusividade das pessoas pertencentes às classes
sociais mais baixas.
“A maior parte dos brasileiros, mesmo aqueles que tem um nível acadêmico mais
elevado e uma melhor condição social, ainda opta pela poupança ao invés de
outros investimentos que poderiam ser mais rentáveis por pura falta de
conhecimento”, afirma Torres.
Captação recorde
Mesmo oferecendo uma rentabilidade menor do que outros investimentos em
renda fixa, a captação líquida da caderneta de poupança bateu recorde no ano
passado ao atingir R$ 38,68 bilhões, segundo dados do Banco Central divulgados
no início do ano.
O valor equivale à diferença entre depósitos e saques e superou o antigo recorde
de R$ 33,37 bilhões, reportado em 2007.
Para Torres, a procura elevada dos investidores pela poupança acontece devido à
facilidade inerente a esse tipo de investimento, já que outros tipos de
aplicação, como o Tesouro Direto, são menos conhecidos e as pessoas não têm o
costume de se informar sobre outras opções.
“No Brasil, existe um mito de que finanças é algo complexo. É preciso um pouco
de tempo para aprender outras alternativas e muitas pessoas preferem optar por
aquilo que já conhecem, como é o caso da poupança”, afirma o professor da BBS.
Para ele, é uma questão de educação financeira. "O processo educacional deveria
passar inclusive pelos gerentes de banco, já que grande parte deles não está
apta a indicar os melhores investimentos, por falta de conhecimento mesmo",
acredita.
Vantagem
A principal vantagem da poupança ante os fundos de renda fixa ou os títulos
públicos é a ausência de taxas e de impostos para o investidor. Entretanto, a
rentabilidade também deve ser analisada para verificar se esta é a melhor opção.
De acordo com Torres, a poupança é uma boa alternativa quando as taxas de juros
estão menores. “Em 2009, quando o Banco Central reduziu a Selic (taxa básica de
juros) para 8,75% ao ano, a poupança passou a ser uma boa opção”, diz.
No cenário atual, por exemplo, a poupança não é o melhor investimento, já que a
taxa de juros aumentou e deve subir ainda mais ao longo do ano. “Neste momento,
a melhor opção para renda fixa são os títulos do Tesouro”, afirma.
Curto prazo
Para o professor, a poupança funciona como uma proteção contra riscos e
garante certo retorno da inflação, mas, neste momento, só deve ser utilizada por
aqueles que irão precisar do dinheiro dentro de um prazo muito curto de tempo.
“Se você vai comprar um imóvel daqui há 3 meses, por exemplo, pode deixar o
dinheiro na poupança. Caso contrário, existem investimentos mais rentáveis”,
ressalta o especialista.