Já existem no Brasil sites que ajudam um comprador de imóvel a financiá-lo com o
menor juro
Consultoras financeiras encontram melhor linha de crédito imobiliário
Após encontrar o imóvel de seus sonhos e checar se a poupança acumulada é
suficiente para a entrada, é hora de decidir qual financiamento fará parte da
sua vida nos próximos anos. A decisão não é tão simples como era há alguns anos,
quando praticamente só a Caixa Econômica Federal (CEF) atuava no mercado de
crédito imobiliário. Com a queda dos juros, os principais bancos brasileiros
passaram a atuar de forma bastante agressiva nesse setor. Ao mesmo tempo,
pesquisar as taxas oferecidas em todos os bancos e comparar o custo efetivo de
cada linha de crédito da maneira correta não é tarefa simples - e a maior parte
das pessoas acaba avaliando apenas as possibilidades de financiamento oferecidas
pela CEF ou pelo banco onde já possui conta corrente.
Um caminho para driblar a via crucis da pesquisa nos bancos é contratar
consultoras especializadas. Essas empresas possuem pacotes de serviços que
contemplam cada detalhe do processo de financiamento. O carro-chefe é uma
ferramenta que se assemelha a um BuscaPé do crédito imobiliário. O cliente
acessa o site da consultoria, envia seus dados de renda e do crédito buscado e o
sistema se encarrega de apontar todos os bancos que estão dispostos a lhe
emprestar dinheiro - e qual fará isso em troca da menor prestação. "Como ninguém
tem tempo para ficar procurando em todos os bancos e nem sempre é simples
levantar e comparar todas essas informações, o serviço ajuda a pessoa a
economizar dinheiro com juros", diz o alemão Raphael Rottgen, sócio da
consultoria Sagace.
Rottgen, que trabalhou durante vários anos como gestor de um hedge fund em
Londres, decidiu abrir a empresa no Brasil a partir de experiências
bem-sucedidas obtidas nos Estados Unidos e Europa, onde é muito comum que um
mutuário contrate um consultor para lhe ajudar a encontrar o melhor
financiamento. Na Alemanha, por exemplo, somente uma consultoria chamada
Interhyp intermediou 36.000 transações no ano passado, que possibilitaram a
liberação de 5,2 bilhões de euros em financiamentos a compradores de imóveis.
Para quem tem interesse em contratar o mesmo serviço no Brasil, o primeiro
passo é enviar algumas informações pessoais relevantes para a consultora
financeira. Dados que apontem a renda bruta e líquida, histórico de emprego,
estado civil, além dos valores que se pretende financiar são cruciais para que
os bancos avaliem se podem ou não liberar o crédito. "Precisamos entender nosso
cliente para então cruzar as informações sobre as capacidades e necessidades
financeiras dele com as ofertas oferecidas pelos bancos", afirma Joe Powell,
sócio administrativo do Crédito Imobiliário Fácil, uma concorrente da Sagace.
Todas essas informações podem ser enviadas por e-mail.
Após identificar as linhas de crédito que cabem em seu perfil juntos aos
principais bancos brasileiros, o consultor irá vasculhar quais são as taxas mais
vantajosas do mercado para sugerir um financiamento que combine com seu
orçamento. Feito isso, é só dar o aval para ele seguir em frente com o processo
para a aprovação do crédito. Dependendo do serviço escolhido, você precisará
apenas juntar os documentos exigidos pelos bancos. A própria consultoria se
encarregará do trâmite do processo.
Com a aprovação do crédito, a consultoria acompanha os procedimentos de
análise jurídica do vendedor e do imóvel."Entramos em contato com o vendedor
para organizar toda a documentação necessária", diz Powell. Não é preciso se
preocupar também com a fase de emissão e registro em cartório do contrato de
financiamento.
De acordo com Rottgen, da Sagace, o processo dura até 45 dias para ser
finalizado. Este período, contudo, varia, assim como as comissões cobradas pelas
consultorias. Na Sagace, por 700 reais é possível contratar apenas o serviço de
escolha do melhor crédito imobiliário. Quem quiser se livrar de todas as etapas
do financiamento, incluindo toda a burocracia para a assinatura do contrato,
deverá desembolsar 1.200 reais. Na Crédito Imobiliário Fácil, o serviço custa
900 reais. Os preços podem parecer salgados, mas a economia obtida pelo mutuário
pode ser bem maior. "Uma diferença de 1% nos juros pode significar até 50.000
reais no caso de um contrato de 20 anos, por exemplo", afirma Joe Powell.
Quem não estiver disposto a pagar nada pelo serviço também pode contar com a
assessoria de especialistas. O Canal do Crédito é outra empresa que atua nesse
segmento de intermediação de crédito imobiliário. A empresa, no entanto, é
ligada ao HSBC, que lhe paga as comissões pelo fechamento de negócios. Logo, o
mutuário poderá encontrar o melhor financiamento para seu perfil apenas no HSBC,
mas não nos demais bancos do sistema financeiro brasileiro.
Garimpe por conta própria
Caso sua intenção seja o de enfrentar o processo sozinho, prepare-se para
gastar os dedos com calculadora e muita pesquisa para encontrar as condições
mais favoráveis. Alguns bancos oferecem serviços de simulação do financiamento
na internet. Além de poupar tempo e sola de sapato, o recurso facilita na hora
de comparar as diversas opções de mercado.
O Banco Central também disponibiliza uma ferramenta que calcula
financiamentos com prestações fixas. Embora seja mais simples do que o oferecido
pelos bancos, o aplicativo pode ser útil na hora de se organizar para decidir em
quantas prestações você pretende pagar o crédito, por exemplo. Mas, lembre-se:
essas ferramentas não dispensam uma visita aos bancos e um bom bate-papo com o
gerente.
Para quem pretende comprar imóveis de até 500.000 reais, Lúcio Delfino,
diretor administrativo da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH),
aconselha a escolha das linhas de crédito ligadas ao Sistema Financeiro da
Habitação (SFH). De acordo com ele, é comum que na compra de imóveis na planta
ou em construção, os compradores façam o financiamento direto com o construtor.
Neste caso, a dica é migrar para bancos que utilizem o SFH assim que as chaves
forem entregues. "Neste sistema, os juros do financiamento são corrigidos pela
Taxa Referencial (TR), mais barata que os índices INPC, IGP-M e CUB,
responsáveis pelo reajuste do outro tipo de financiamento", diz.
Sistemas de Amortização
Outra dica de Delfino é ficar de olho nos sistemas de amortização da dívida
utilizados pelo banco na hora do financiamento. No Brasil, os métodos mais
comuns são o Sistema de Amortização Constante (SAC), o Sistema de Amortização
Crescente (SACRE) e a Tabela Price. Nas duas primeiras, a prestação do
financiamento diminuirá no decorrer dos anos, o que as torna mais vantajosas.
O mesmo não acontece com a Tabela Price, cujas prestações tendem a aumentar
exponencialmente ao longo dos anos. "Ela é apenas uma opção para pessoas que
queiram financiar com prestações acima de 30% da renda", diz Delfino. Pelas
regras dos bancos, a parcela inicial não pode superar este valor. Em casos como
este, é possível começar com uma prestação inicial que tenderá ao crescimento ao
longo do tempo. A operação só é indicada para famílias que realmente tenham
expectativas de melhora financeira. "Com o SACRE ou SAC você vai pagar no mínimo
20% menos juros", afirma.