O aquecimento do mercado imobiliário, a alta oferta de crédito e os
resultados não tão animadores de outras modalidades de investimento têm feito
com que muitos brasileiros apostem na compra de um imóvel na planta como forma
de aplicar seu dinheiro.
Esta era a aposta de pessoas que já atuavam no mercado e tinham familiaridade
com o assunto. Porém, tem atraído um público diferente, desde quem está
começando agora a aplicar o dinheiro, como jovens bem-sucedidos na carreira, até
quem está querendo diversificar os investimentos, como os aplicadores de bolsa
que não estão tão felizes com os resultados de suas ações.
Porém, investir em imóvel na planta não é para qualquer um, já que o valor
inicial ou a entrada pode ser alto. Então, alguns não conseguem ter acesso a
este mercado. “É indicado para quem tem um dinheiro guardado já. Você não
encontra em São Paulo um apartamento por menos de R$ 150 mil”, afirmou o sócio
diretor da Vitacon Participações, Alexandre Lafer Frankel, que indica o
investimento para diversificação. “Todo mundo deveria ter pelo menos 30% em
imóveis, porque traz segurança”.
Compra e venda
De acordo com Frankel, ao comprar um imóvel na planta, normalmente 25% de seu
valor é pago até a entrega das chaves, o que pode demorar cerca de dois anos a
dois anos e meio. Depois disso, o restante pode ser quitado à vista ou
financiado. "Se esse imóvel, por 24 meses, valorizar 25%, o investidor pode
ganhar o dobro do valor investido”, explicou.
Um exemplo: pense em um imóvel de R$ 100 mil, em que você paga R$ 25 mil até
a entrega das chaves. Restam R$ 75 mil para quitar. Porém, se o imóvel valorizou
25% desde o fechamento do contrato até a entrega, ele passa a valer R$ 125 mil.
Se conseguir vender por este preço, você poderá quitar os R$ 75 mil e ainda
sobrará R$ 50 mil, o dobro do que havia desembolsado (R$ 25 mil). “Existem
algumas comissões e o imposto de transferência de imóvel, que deixa um pouco
deste valor no meio do caminho”, ponderou.
Ele lembra que a pessoa pode tentar vender o imóvel antes da entrega das
chaves, porém, se ele não conseguir vender, terá de arcar com a unidade até o
final. É por isso que ele disse que o mais seguro é a pessoa já ter um bom valor
guardado. “Outro risco é de a construtora quebrar, mas hoje a lei protege mais o
comprador”, disse.
Compra e locação
A compra de um imóvel novo também pode ser feita pelo investidor para ingressar
no mercado de locação. “Muita gente compra para locar, porque o prédio novo vem
com itens mais modernos, então vai haver uma maior procura”, argumentou Frankel.
Porém, é preciso ter dinheiro para arcar com o valor do apartamento e para
mobiliar, após a entrega das chaves. De acordo com o sócio diretor da Vitacon,
normalmente os investidores buscam ter, como retorno, algo em torno de 0,6% a 1%
do valor do imóvel. “Quando compra na planta, se o imóvel valoriza, o aluguel
também valoriza, podendo chegar a 1,2% do preço pago pela unidade, o que
significa que se atinge uma renda bem melhor”.
E o que determina essa valorização do imóvel? “Tudo é oferta e demanda”,
destacou Frankel, sobre o que determina se uma unidade vai valorizar mais do que
outra. Hoje, se consegue uma valorização de mais de 20%. As unidades menores
podem aumentar mais de preço, porque, mesmo assim, o valor total ainda é
acessível para aqueles que têm mais renda.
“São Paulo, por exemplo, tende a se transformar em cidades como Londres,
Tóquio e Nova York, em que o preço dos imóveis fica tão caro que as pessoas
preferem uma unidade menor e bem localizada, até mesmo por causa do trânsito
também. E tem um público single com tendência de crescimento”, ressaltou,
dizendo ainda que eles optam por unidades menores.
O que analisar?
Mas, para fazer uma boa aquisição de um imóvel na planta, seja para venda,
seja para locação, é preciso atentar a alguns cuidados. Confira abaixo:
1 - Localização: O bairro tem demanda? Qual a renda dos moradores? Há
capacidade de valorização, com a perspectiva de construção de metrô? Existe uma
boa infraestrutura?
2 - Liquidez: O imóvel será facilmente vendido ou é uma unidade muito
cara? Quanto menor o preço da unidade e sua metragem, mais fácil a
comercialização.
3 - Projeto: A apresentação do empreendimento é boa? Ele tem quesitos
de segurança? Quais os itens de lazer? Possui serviços pagos (lavanderia,
arrumadeira e outros)?
“Mas nada disso adianta sem uma boa localização. Tudo gira em torno da
localização. No Jardins, em que a demanda é alta, a probabilidade de compra
também é alta, então tem tendência de ser um bom investimento”, ressalta
Frankel.
Ele ainda disse que, se o imóvel for para locação, é mais importante
adquiri-lo próximo a universidades, grandes centros comerciais e metrô, onde é
possível encontrar um público que está de “passagem” pela cidade, seja para
fazer uma faculdade de cinco anos, seja para realizar um trabalho com prazo
determinado. Porém, se for para venda, pense em locais em que famílias poderiam
gostar, próximo de boas escolas, por exemplo.