Qual é o sonho de todo investidor senão acertar todos os trades que
realiza? Mas, calma lá. Com todo o respeito, se nem Warren Buffett consegue tal
feito seria ingenuidade demais achar que você conseguirá. Você pode ter 30 anos
de cancha e dominar todas as estratégias possíveis, mas nunca será capaz de
bater o mercado em todos os trades que fizer. Porque nem só de lucro e sorrisos
vive o investidor.
Por mais óbvio que essa afirmação pareça, é sempre bom reforçar, pois muitos
investidores gostam de alimentar ilusões deste tipo. Portanto, diante dessa
triste, porém incontestável realidade, não resta outro caminho senão aceitar que
as perdas fazem parte do jogo e aprender a lidar com elas.
Abrindo espaço para uma brincadeira, é como aquele conselho que se dá para
alguém que sofre com algum vício: o primeiro passo é reconhecer o
problema. Feito isso, é hora saber o que uma perda de fato representa e
o que pode ser considerado um grande prejuízo.
No meu dia-a-dia lido com diversos investidores e percebo que muitos têm
dificuldades para distinguir o que é relevante e o que não é. Pegue o exemplo de
alguém que está perdendo 3% e não sabe se isso é muito ou pouco. Como não tem
referência, acaba se deixando levar pelo clássico e fatal achismo do “vai
voltar a subir, vou esperar mais um pouco”. Não preciso
nem dizer onde essa história termina, certo?
Os limites de perda e os objetivos de ganho devem ser definidos previamente
pelo próprio investidor. No caso de não se sentir seguro a traçar sua
estratégia, este deve procurar o auxílio de um profissional do mercado. Com os
limites definidos será mais fácil saber se a hipotética perda de 3% é grande ou
pequena.
Como as perdas - apesar de poderem ser reduzidas - são inevitáveis, a melhor
e mais básica forma de se proteger é jamais abrir mão do stop. Ele atua como um
guarda-costas que acompanha o investidor em todo lugar que vai. Você deve ter
reparado que sou insistente no que se refere a esta ferramenta - leia mais em
"Stop no Mercado de Ações: usar ou não usar?".
Quando abre mão dessa proteção o investidor que, por exemplo, fracassa quando
objetiva ganhar no curto prazo acaba mudando sua operação para o longo prazo na
expectativa de ver o mercado reverter. O problema é que essa é uma decisão
totalmente emocional e que jamais deve ser posta em prática!
Para finalizar esse artigo, vou dar um conselho que aprendi bem longe da
bolsa de valores. Sou piloto de avião em minhas horas vagas. Voando aprendi uma
importante lição que é perfeitamente aplicável ao mercado de ações:
Se tenho uma pane enquanto estou no ar, não tenho
como aprender na hora como resolvê-la. Preciso saber muito bem quais são os
procedimentos de emergência. Mais do que isso, preciso ter feito testes e
aplicado-os em terra firme, com segurança.
O investimento em renda variável funciona da mesma forma. Se o mercado
reverteu - seja porque algo inesperado ocorreu ou porque o investidor não soube
ler a tendência -, ele tem que saber como sair, seja com stop, seja com leitura
de candles ou padrões de reversão. O que não pode é deixar para ver o que vai
acontecer na hora. É morte (prejuízo) na certa!