Segundo
dados do Banco Central e matéria da Folha, mais de 25 milhões de brasileiros
devem acima de R$ 5 mil. O número representa um aumento de 40% em relação ao
período passado. Reflexo da retomada do crédito pós-crise, é o que dizem os
especialistas. Ainda que a capacidade de pagamento tenha apresentado ligeira
melhora, trata-se de um numero significativo e que serve de alerta para todos.
A informação foi divulgada na terça-feira, dia 18, pelo Banco Central. A
notícia dá conta que 25,7 milhões de consumidores brasileiros contraíram
empréstimos de valores acima de R$ 5 mil. Mais, os dados demonstram que 20% dos
brasileiros maiores de 16 anos já tem dívidas equivalentes a, pelo menos, quatro
vezes a renda média nacional mensal.
O que está errado?
Mais uma vez percebemos que o brasileiro mergulhou de cabeça na vontade de
consumir, sem planejar, e com um dinheiro que ele não tem. Percebemos que nos
últimos anos, a mídia e o próprio governo bateram forte na tecla do consumo e de
que existiam condições plenas para bancar a compra de bens como automóveis,
eletroeletrônicos, eletrodomésticos etc.
O consumo foi de certa forma positivo, porque conseguiu fazer com que o país
atravessasse bem o pior da crise - o consumo interno foi o responsável por essa
constatação. Entretanto, cabe alimentarmos um pouco mais esse debate, pensando
não nos números apresentados acima, mas principalmente nas conseqüências que
isso pode trazer, não só para as pessoas que entraram nesse apelo do consumo sem
critério, mas para toda a economia brasileira.
Perguntas que preocupam
- Será que essas pessoas conseguirão arcar com o pagamento dessas dívidas?
- Será que criaremos uma bolha que, mais cedo ou mais tarde, irá estourar
em razão da inadimplência que poderá aumentar?
- O brasileiro parou para mensurar que, mesmo o crédito sendo farto e
fácil, ele é extremamente caro e que a adesão, mesmo nessa situação, só
incentiva a manutenção de taxas altas e insensatas?
São muitas perguntas que podem representar apenas um medo exagerado de alguém
que preza muito a independência financeira ou até mesmo verdadeiro possível
problema. De forma geral, ainda estamos aprendendo muito - mas devagar - quando
o assunto é o planejamento para aquisição de bens e construção de patrimônio.
Continuamos na mesma cultura ultrapassada de que para conseguir algo existem os
boletos, os pagamentos a perder de vista e os financiamentos.
Aproveito e faço um apelo para que todos que tenham a oportunidade de ler
esse artigo: transmitam aos amigos o beneficio de comprar com critérios,
negociando e, sobre tudo, planejando. Não deixem seus amigos aderirem facilmente
às idéias de feirões, mega promoções ou outras artimanhas que são lançadas todos
os dias pelo mercado para favorecer as vendas a crédito.
Sonho ou pesadelo?
Creio e pratico que para conseguir algo é preciso criar condições, afinal não
desejo transformar sonhos de consumo em um pesadelos relacionados ao
endividamento. A vontade de ter algo precisa ser alimentada todos os dias e esse
é o segredo para o inicio do planejamento. Exerça essa conquista diariamente,
com preparo e muito calma, e isso mostrará se seu objetivo é realmente
verdadeiro. Se não for, você rapidamente desistirá dele e pelo menos não entrará
na roubada de comprar algo com o dinheiro dos outros.
Se você é alguém que faz parte dessa estatística do endividamento, é hora de
mudar a situação e não cair mais nessa armadilha. Errar uma única vez já é mais
do que suficiente quando o assunto é dinheiro. Mude de postura, comece a poupar
e passe a comprar à vista e com desconto. Radical demais? Ora, valorizar o
dinheiro é também aprender a lidar com seus limites e com a frustração. Se não
tiver dinheiro, não compre. Dívidas, nunca mais!