O abdômen é uma caixa que contém fígado, estômago, baço, intestinos, etc.
Como toda caixa, o abdômen tem suas paredes. Existe uma parede interna, firme, e
uma parede externa, frouxa (basicamente gordura e pele).
O “elemento firme” da parede interna é o músculo. Porém nessa caixa existem
pontos sem músculo, que são seus “pontos fracos”. Nesses pontos existem
aponevroses e fascias, tecidos resistentes que garantem a firmeza da caixa mesmo
nos pontos que não tenha músculo. Os pontos fracos mais comuns são o umbigo e as
virilhas.
Algumas famílias têm como característica uma deficiência na síntese de colágeno.
Essa deficiência leva à fraqueza das aponeuroses e fascias que protegem os
pontos fracos e, dessa forma, surgem buracos na estrutura firme do abdômen. Aos
buracos na “estrutura firme“ damos o nome de hérnia. Quando a hérnia ocorre na
virilha damos o nome de Hérnia Inguinal (essa é a localização mais comum das
hérnias).
O conteúdo do abdômen (principalmente os intestinos) se encaixa pelas hérnias e
fica recoberto apenas pela parede frouxa, externa (gordura e pele). Essa
passagem dos intestinos pela hérnia cria um “caroço mole” que empurra a pele.
Geralmente quem tem hérnia costuma empurrar os intestinos, através da pele, para
dentro do abdômen. Essa manobra pode ser dolorosa e algumas vezes impossível.
Quando não se consegue devolver o intestino, ocorre o que chamamos Hérnia
Encarcerada.
A hérnia encarcerada consiste uma urgência, pois se não for operada pode evoluir
para necrose do intestino estrangulado, com peritonite e risco de vida.
O tratamento da Hérnia Inguinal (ou de outra localização) é sempre cirúrgico.
Consiste, basicamente, em devolver para o abdômen o intestino que saiu pela
hérnia e a seguir, fechar o buraco. Esse fechamento deve ser feito sem tensão em
nenhum ponto.
Rotineiramente usamos uma tela de material específico (Marlex ou Prolene) para
revestir o defeito. Esse revestimento servirá como molde e suporte para que o
paciente fabrique sua própria fascia.
Existem duas formas de colocação da tela na hérnia inguinal:
a) Através de incisão na parede frouxa externa (gordura e pele);
b) Através da videolaparoscopia (sem incisão das estruturas superficiais).
Na nossa clínica preferimos a cirurgia videolaparoscopica, que permite fixar a
tela sem danificar as estruturas superficiais, proporcionando ao paciente uma
melhor recuperação. Quando introduzimos a ótica, podemos avaliar se existe
hérnia na outra virilha e fazer a cirurgia dos dois lados no mesmo tempo
cirúrgico.