Análise técnica versus análise fundamentalista. Em qual se basear na hora de
investir em ações?
De acordo com o chefe de análise da Gradual Investimentos, Paulo Esteves, tudo
depende do horizonte da aplicação, ou seja, se é um investimento de longo ou de
curto prazo.
"Para o investidor que foca no curto prazo e que quer um retorno rápido, o
indicado é a análise técnica, já para quem pretende manter seus investimentos
por bastante tempo, sem mexer muito na carteira, o melhor é manter ativos
indicados pela análise fundamentalista", explica.
Técnica x Fundamentalista
Esteves explica que, tal diferenciamento é possível porque a forma como essas
duas escolas analisam o mesmo ativo é diferente.
"A análise técnica é fundamentada no estudo de entendimento dos gráficos da
ações. Ela tenta identificar, por meio do movimento de preço e volume, possíveis
tendências de alta ou de baixa", conta.
E completa: "Já a análise fundamentalista avalia as empresas por meio das
demonstrações financeiras. Há uma análise dos demonstrativos contábeis e um
comparativo com seus pares no mercado, ou ainda com outras empresas listadas em
bolsa. Com isso, cria-se condições de projetar os resultados da empresa,
encontrando o preço justo da ação, e assim é possível fazer a recomendação de
compra, venda ou manutenção dos papéis".
Pontos negativos e positivos
O analista cita, ainda, quais são os pontos positivos e negativos de cada uma
das análises.
"A fundamentalista tem como ponto positivo sua eficácia no longo prazo. A
desvantagem seria a demanda de tempo de análise que o investidor tem que dedicar
ao estudo e compreensão do resultado das empresas. Já a técnica tem uma resposta
rápida e um tempo de aprendizagem menor. Um investidor pessoa física pode fazer
um curso de um mês e ter um ferramental mínimo para operar segundo essa escola,
já a fundamentalista exige anos de estudo. Porém, a técnica não garante boas
recomendações para investimentos mais duradouros", conta.
"Por isso, na hora de escolher em qual se basear, é preciso considerar o tempo
do investimento. Quem vai se aposentar dentro de 10, 15 ou 20 anos precisa de
investimento sólido, precisa de segurança na análise e não está preocupado com
oscilações no curto prazo, então deve optar pela a fundamentalista. Na outra
ponta, quem gosta de operar no homebroker, revisa sua carteira com frequência,
não investe valores muito altos (o que permite especular um pouco mais) e está
com foco no retorno de curto prazo, deve escolher a técnica", garante Esteves.
Gestão
Paulo Esteves diz ainda que, na hora de montar uma carteira de ações, um
investidor pessoa física interessado no mercado pode até se arriscar a fazer
sozinho. "Se ele tem tempo para estudar e acompanhar o mercado, e gosta disso,
pode se arriscar, mas quem não tem esse tempo ou essa disposição, o melhor é ter
um gestor profissional".
Para quem quer se arriscar, o chefe de análise dá a dica: "para os investidores
que decidem montar sua carteira de ações, o bom é testar sua eficácia como
gestor. Para isso uma boa dica é confrontar a rentabilidade obtida com o
benchmark do Ibovespa, assim dá para avaliar se está tendo um bom desempenho",
finaliza.