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Carreira / Emprego - O sucesso não conhece fórmulas, atalhos, nem macetes 

Data: 09/11/2009

 
 

O sucesso social e profissional é avarento: muitos tentam a sorte grande, poucos conseguem. A bem da verdade, é menos arriscado teorizar sobre o sucesso alheio do que tentar, por conta própria, a sorte grande. E, diga-se de passagem, não deixa de ser uma atividade rentável já que seminários, filmes e livros de autoajuda, e empresas líderes são sucesso de público e bilheteria.

Nesses produtos, os autonomeados especialistas na matéria, supostamente, mostram, com ares de ciência exata, os caminhos percorridos por indivíduos e organizações rumo ao pedestal da glória, em uma linguagem simples e atraente. Melhor ainda: tudo a preços módicos, acessíveis aos bolsos daqueles que ainda não chegaram lá. Quase de graça, se pensarmos nos incalculáveis riscos e investimentos (materiais e psicológicos) que pessoas e empresas que os inspiraram arcaram em suas respectivas trajetórias.

Os peritos no êxito alheio se deleitam em nos induzir a acreditar que subir na vida é uma questão de fórmula e não um processo longo, metódico, disciplinado, penoso e incerto. E, mesmo que alcançado, ele traz consigo o medo de perder o que tão arduamente se conquistou. Parafraseando um dito famoso: "o preço do sucesso é a eterna vigilância".

Não se iluda, caro leitor. O fato da "fórmula" de Bill Gates, Jack Welch, Ricardo Semler e de outros tantos ter funcionado, não garante que funcionará novamente. Muitas vezes a teoria foi inventada após a determinação do protagonista da história e o acaso ter contribuído e surpreendido, favoravelmente, ao próprio agraciado. Nesse momento, com a ajuda de um consultor, biógrafo ou jornalista, cria-se um modelo teórico para explicar a ocorrência.

Agora, seja a teoria pré ou pós fato, a questão é que, uma vez realizada a façanha, ela entra para a lista das edições esgotadas. Outra chatice nessa história é que pessoas e organizações bem sucedidas nos obrigam a seguir suas pegadas, numa corrida em que a dianteira é sempre deles. Nessa trilha, quando muito, nos transformamos no clone de alguém que tem maior charme e carisma, além de direitos reservados.

A mesma regra se aplica à vida particular: ninguém será mais feliz, mais realizado, mais invejado, mais rico, ou o que quer que seja, imitando (não seria melhor invejando?) o seu vizinho, seu colega de faculdade ou seu rival no trabalho. É como tentar cantar com a própria voz usando as cordas vocais de outra pessoa.

Os gurus da felicidade alheia omitem esses aspectos, por isso, suas arengas parecem contos de fadas que sempre terminam quando o mocinho e a mocinha se casam. Sobre o dia seguinte paira o manto do silêncio. Afinal, qual é a graça de pagar para ouvir que se você se esforçar muito, correr riscos incomensuráveis, gastar o que tem e o que não tem, tornar-se um workaholic, além de contar com um pouco de sorte, muito suor e lágrimas, talvez você chegue lá? Temo que nenhuma. Salvo se a taxa de masoquistas tenha aumentado nos últimos anos.

Diga ao estimável público que basta sonhar, ter uma visão grandiosa e apostar que querer é poder e "abracadabra!". A mensagem pode ser falsa, mas é sedutora e dispensa grandes reflexões. Não quero ser o desmancha prazeres, mas o sucesso não consiste em ser igual a fulano ou beltrano. É ser diferente, um ponto de referência original.

Objetivos e vontade lhe darão clareza sobre o destino, o percurso e a motivação necessária para iniciar a jornada. Certeza que arribaremos no porto almejado é algo que só quem sobreviver descobrirá. Portanto, é preciso estar tão apaixonado pela viagem com suas alegrias, descobertas, decepções e percalços, quanto pelo destino. Tente enxergar a vida como um velho marinheiro que conclui que triste é o homem que chega e então direi, apesar das tormentas, "bon voyage!"



 
Referência: RH.com.br
Autor: Eugen Emil Pfister Júnior
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