Muita gente acha que os maiores responsáveis pelo sucesso profissional ainda
são a sorte, ou quem indica (o chamado know how), ou o diploma em escola de
prestígio. Os que têm alguma experiência no mercado de trabalho sabem que não é
bem assim. Quer dizer, isso pode definir um emprego no primeiro momento, mas não
assegura o sucesso que tantos procuram. O mais intrigante, entretanto, a quem se
dispõe a olhar em torno de seu ambiente profissional, com algum critério, é
observar que em um grupo de pessoas com habilidades e competências equivalentes,
às vezes oriundas da mesma alma manter, algumas delas apresentam,
sistematicamente, um desempenho no trabalho superior à dos outros. E isso se
reflete diretamente no sucesso profissional. Porquê?
A resposta, embora não seja tão simples, pode estar nas chamadas características
de um bom desempenhador, e a boa notícia é que estas características são
possíveis de serem desenvolvidas e aprimoradas, não se tratando de algo
determinístico. Então, se isso for verdade, interessa aos indivíduos conhecer
estas características e medi-las de alguma forma.
Às empresas, em geral, interessa tentar descobrir que candidatos a emprego
possuem maiores chances de estarem neste grupo superior de desempenhadores. Isto
também quer dizer que a família e a escola podem ajudar muito os atuais e os
futuros profissionais do conhecimento, chamando sua atenção para estas
características, e ajudando a corrigir desvios. Ao indivíduo caberá descobrir
como fazer para melhorar constantemente cada uma delas ao longo de sua vida.
Que características seriam essas? Segundo um estudo realizado no início dos anos
90 nos Estados Unidos, por uma comissão constituída de professores,
representantes de empresas, e entidades do governo americano, cujo resultado foi
posteriormente publicado sob o nome de Competências SCANS (também mencionado no
livro Beyond Workplace 2000), estas características, chamadas no estudo de
qualidades pessoais, seriam as seguintes:
RESPONSABILIDADE - A característica de esforçar-se para atingir e
ultrapassar resultados esperados, cumprir compromissos, e assumir a condução
completa de tarefas que lhe sejam atribuídas.
AUTO-ESTIMA - Acreditar em si mesmo, em suas potencialidades, em sua
capacidade de realizar e de ultrapassar suas deficiências. Ter um a visão
positiva de si mesmo e comportar-se sempre em iguais condições com os outros
(aquilo que a análise transacional do Prof. Ayres chamava de estado
"mais/mais").
SOCIABILIDADE - A capacidade de relacionar-se com uma equipe,
demonstrando compreensão, adaptabilidade, flexibilidade, empatia e respeito por
posições diferentes das suas.
AUTO-GERENCIAMENTO - Planejar adequadamente suas atividades, gerenciar
bem o tempo pessoal, estabelecer para si próprio metas razoáveis de serem
atingidas, monitorar seu próprio desempenho e demonstrar autocontrole emocional.
INTEGRIDADE/HONESTIDADE - Ter um padrão de comportamento ético aceito
pela sociedade. Nós gostaríamos de acrescentar mais uma, talvez influenciados
pelo que assistimos na última Copa do Mundo da França.
GARRA - Vontade de vencer, de realizar a qualquer custo, determinação,
persistência, força de vontade. Se é verdade que o sucesso, com o se diz, é 20%
inspiração e 80% transpiração, a garra faz muita diferença em qualquer
profissional e em qualquer equipe.
Muitos poderão discutir se estas características são as mais adequadas.
Entretanto, todos poderão concordar que existem fatores intrínsecos à
personalidade humana que a tornam mais predisposta a realizar tarefas no
trabalho de forma superior, e com isto conquistar o respeito e o crescimento
profissional.