Investimentos / Fundos - Vai investir? Peça ajuda ao profissional mais adequado
Se você já pensou em recorrer a uma ajuda profissional para ter auxílio na
escolha ou administração dos papéis de sua carteira, saiba que a utilização dos
serviços envolve riscos. O principal deles é a contratação de alguém que
ultrapasse os limites de sua função. A falta de conhecimento e de autorização do
profissional para atuar no mercado pode acarretar perdas na carteira do
investidor.
A mistura de profissões vem gerando problemas à Bovespa. Em 2006, a Bolsa
intermediou o pagamento de R$ 960 mil em indenizações a investidores. Os
principais motivos do reembolso foram os casos de funcionários de corretoras
autorizados apenas a atuar na mesa de operações como intermediários, mas que
acabaram emitindo ordens de compra e venda sem consultar os donos dos papéis.
Esses profissionais que trabalham como intermediários são classificados pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como agentes autônomos. E eles não podem
sugerir ações para o investidor nem comprar e vender papéis sem ter antes
recebido a ordem do cliente.
No ano passado, não houve indenizações registradas na Bolsa envolvendo
corretoras e investidores. A Bovespa, porém, voltou a destacar no relatório
anual do ombudsman a má atuação dos agentes autônomos. “Esses profissionais têm
sido um meio importante das corretoras na busca de novos clientes, mas, ao mesmo
tempo, têm trazido crescentes preocupações. Na maioria esmagadora dos casos, sua
remuneração é em função da corretagem gerada pelos clientes”, alerta o
relatório.
Isso faz com que, muitas vezes, esse profissional acabe negociando os papéis dos
investidores apenas para ganhar com a corretagem ou até mesmo estimule o
investidor a fazer uma operação, mesmo que não seja uma boa oportunidade de
investimento.
Saiba o que faz o consultor e o administrador
Além do agente autônomo, existem outros profissionais que também prestam auxílio
ao investidor. O consultor financeiro, por exemplo, é autorizado a dar
conselhos, fazer análises e planejamentos financeiros para o cliente. É um
serviço personalizado, em que ele avalia a quantia disponível para aplicar e a
disposição do investidor em correr risco.
A diferença básica para o administrador é que o último é autorizado a comprar e
vender títulos em nome do cliente, enquanto o consultor está limitado a dar
orientação sobre investimentos. Por causa dessa habilidade a mais, o serviço de
administração de carteira é considerado mais sofisticado e recomendado para quem
possui investimentos maiores.
É recomendável que o investidor verifique o registro de consultores,
administradores de carteira e agentes autônomos no site da CVM, na seção
“Participantes do Mercado”. No caso dos consultores, o órgão registra 213
profissionais autorizados.
Uma outra dica é não acreditar no retorno fácil e garantido, promessa feita por
alguns profissionais. “Mesmo contando com um serviço especializado, o investidor
não pode achar que ficará rico em um curto prazo”, afirma o presidente do
Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização (IBCO), Luiz Affonso Romano.
Além disso, não seja ingênuo e evite contratar um administrador que não cobre
pelo serviço. Ninguém trabalha de graça. Há profissionais que ganham uma
porcentagem da taxa de administração de alguns fundos, conforme combinado com os
bancos. A prática não é considerada ilegal. O que ocorre é que, às vezes, o
cliente não sabe desse acordo. Por isso, o administrador pode deixar de indicar
bons investimentos porque se interessa em receber o pagamento do banco.
A contratação pode ser paga por uma taxa sobre a valorização obtida ou sobre
total do valor da carteira (entre 0,5% e 2%). O custo pode pesar muito no
rendimento dependendo do tamanho do investimento. “Para carteiras menores, as
taxas são proporcionalmente maiores”, afirma o vice-presidente do Instituto
Brasileiro de Executivos de Finanças do Rio de Janeiro (IBEF-RJ), Roberto Lima
Netto. Por isso, os analistas recomendam que o investidor tenha disponível no
mínimo R$ 300 mil para aplicar. Netto aconselha um investimento ainda maior, “a
partir de R$ 500 mil”.
O que exigir do contratado
O investidor interessado em contratar um consultor ou administrador tem que
estar atento ao fato de a CVM fornecer um certificado aos profissionais
autorizados. Por isso, cobre o número de registro e confira no site da autarquia
qual tipo de serviço ele pode prestar. Atuar no mercado com certificado que
autoriza um serviço diferente do que está sendo exercido é considerado crime e a
punição varia de multa a prisão, de 2 a 4 anos.
A instrução que regulamenta a função de administradores de carteira serve como
base para os dois profissionais. Nela, está especificado que, para conseguir o
certificado, a pessoa precisa ter trabalhado no mínimo três anos na área de
administração de carteira ou de consultoria, ou cinco anos se for um setor de
suporte à administração ou à consultoria.
No caso do agente autônomo, há um terceiro requisito. Este profissional
comercializa produtos financeiros e, por isso, precisa passar por uma prova de
conhecimentos sobre o mercado. Atualmente, a Associação Nacional das Corretoras
(Ancor) é o órgão autorizado por aplicar o exame. A prova contém 80 questões e
vale de 0 a 100.
Para conseguir passar, o profissional precisa acertar pelo menos 70%. Existem
cursos preparatórios para a prova, dados por empresas particulares. Para obter o
certificado, a pessoa também não pode ter tido problemas com o Banco Central,
com a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e com a Secretaria de
Previdência Complementar (SPC).
Referência:
financenter.com.br
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