Carreira / Emprego - Bola da vez: seis indícios de que você será demitido e o que fazer a respeito
"As duas principais causas de demissão são o baixo desempenho e os problemas de
relacionamento com o chefe", garante o diretor de Vendas e Operações do Monster
Brasil, Rodolfo Ohl. Mas é claro que existem muitas outras causas e o lado bom
dessa história é que é possível prever e se antecipar às demissões.
A InfoMoney ouviu três especialistas em Carreiras, que fizeram o levantamento
dos indícios de que o profissional corre sério risco de perder o emprego e o que
deve ser feito a respeito. Confira abaixo todos eles.
Os seis indícios
Mudanças estruturais e corte de funcionários
As mudanças são importantes para que as empresas se mantenham competitivas.
O problema é que elas acabam envolvendo a criação de novos postos,
substituição ou desligamento de alguns profissionais. "Em alguns casos, o
profissional ganha com a mudança. Em outros, ela abre caminhos para que as
pessoas ofereçam suas competências a outras empresas", ameniza Ohl.
Para a supervisora de Consultoria Virtual e Serviços de Apoio à Carreira da
Catho Online, Gláucia Santos, em situações de demissão em massa, o
profissional deve analisar qual o perfil das pessoas que estão sendo
desligadas. "Analise o tempo que elas têm de empresa, se são jovens ou mais
velhas, qual a formação delas, se são todas de uma mesma área, se de fato
cometeram alguma falha...", recomenda.
"Se você estiver dentro do perfil, é interessante que se antecipe e já
comece a procurar outro emprego. Caso se trate de uma ação estratégica da
empresa, por mais que você seja competente, será demitido", diz ela.
O sócio-diretor do Grupo Bridge, Celso Braga, concorda que não há muito a
fazer nesses casos. "Saia bem, deixe as coisas organizadas e se despeça das
pessoas. A rede de relacionamentos pode ajudar futuramente. Além disso,
mantenha-se antenado e atualizado. Há muitas vagas em posições
especializadas que não estão preenchidas, mesmo em um momento de crise
econômica".
Seu departamento quase sempre termina o mês no vermelho. Há tempos, ele
não dá resultados positivos e a diretoria já fala em fechá-lo
"Se o problema for eficiência, você é responsável também. O que fazer?
Busque alternativas de solução, envolva-se e não fique de fora. Lidere a
virada, traga a equipe para junto de você, mesmo que não seja o líder da
área", aconselha Braga.
Desta maneira, segundo ele, mesmo que o departamento feche, o profissional
será convidado a trabalhar em outra área, graças à sua disposição. "Se for
um caso de perda de projetos ou de realinhamento de um processo, precisará
se apresentar como alternativa para outras áreas, mas você deve estar
preparado para elas", acrescenta.
Para se preparar para outra área, faça cursos, estude, converse com as
pessoas e se interesse pelos negócios da empresa.
Os conflitos com colegas, fornecedores, clientes ou até mesmo com o chefe
já fazem parte do seu dia-a-dia
"As empresas são formadas por pessoas. A compreensão e o respeito da
diversidade é muito importante. Sempre temos que buscar harmonia nas
relações interpessoais. É um excelente exercício para alcançar altas
posições nas organizações", analisa Rodolfo Ohl.
Quanto aos conflitos com o líder, ele avalia que "o chefe é um dos
principais clientes de um profissional". E explica: "É ele quem vai definir
quais profissionais trabalharão com ele hoje e no futuro". Por isso, o
profissional deve sempre buscar um excelente relacionamento com o seu chefe.
Nunca é tarde demais para buscar o bom relacionamento com os colegas de
trabalho. Em caso de conflitos, converse com as pessoas (entre quatro
paredes, nunca na frente dos demais!). Se for o caso, peça desculpas,
chame-as para almoçar, compareça ao happy hour e seja prestativo no
dia-a-dia. Demonstre que sabe trabalhar em equipe.
Entrou um novo diretor, que veio da concorrência, e ele provavelmente irá
trazer sua equipe
O líder perde muito com a atitude, pois acaba demitindo pessoas que conhecem
a cultura e o histórico da empresa, bem como perde a oportunidade de formar
novos talentos. Em todo caso, acontece, e muito, porque as pessoas são
inseguras e acham que não irão obter os resultados esperados sem velhos
conhecidos ao seu lado, que funcionam como uma espécie de blindagem.
De qualquer maneira, na opinião do sócio-diretor do Grupo Bridge, nessas
situações, os melhores ficam, já que a sua visibilidade não é só local, mas
no mercado. Por isso, na chegada de um novo líder, tenha em mente que
precisa ser um dos melhores, entregue resultados, desenvolva sua capacidade
de visão sistêmica e agregue valor para outras áreas, atendendo bem seus
clientes internos.
O profissional não recebe mais nenhum projeto... Pode ser que seu
desempenho esteja abaixo do esperado
Pode ser que seu desempenho esteja abaixo do esperado. Para Gláucia Santos,
é importante ter a percepção de que isso está acontecendo antes que a
situação se agrave.
"Questione, mas não precisa cobrar participação de tudo. Se o líder disser
que não passou o trabalho porque gostaria de alocar outras pessoas para
agregar mais ao projeto, tudo bem. Agora, se ele disse que é porque vê que
você já está muito atarefado, quando na verdade você não está, fique atento!
Mostre que tem disponibilidade e interesse e peça um feedback, para clarear
o que a empresa pensa de você", diz Gláucia.
De acordo com Rodolfo Ohl, os chefes, em muito casos, verbalizam sua
insatisfação em relação ao desempenho do profissional, mas, caso seu chefe
não faça isso, pergunte se há algo errado.
Para quem está ciente do baixo desempenho e deseja reverter o quadro, a
sugestão é fazer uma lista de todos os projetos e atividades que realizou e
os resultados alcançados. "Faça uma análise sincera do que pode ser
melhorado, desenvolva um plano de ação e agende uma reunião com seu superior
imediato para discuti-lo. Isso demonstra proatividade", diz Ohl.
Você é inovador, tem visão dos negócios, mas, na hora de falar inglês,
deixa todo mundo decepcionado. Isso se chama falta de competência técnica
"Todo profissional deve avaliar como estão suas competências técnicas",
alerta o diretor de Vendas e Operações do Monster Brasil. "O profissional
deve lembrar que é responsável pela sua carreira e deve reservar tempo e
dinheiro para investir em seu crescimento e desenvolvimento profissional",
enfatiza ele.
Não entre em pânico!
É comum, nas situações citadas, o profissional questionar se o trabalho dele é
importante para a organização. O medo da demissão parece inevitável. "É
importante pôr o pé no chão. Não é demitido apenas quem comete falhas, mas
também quem não se destaca. Se a equipe não demonstra confiança, não compartilha
informações e trabalho, algo pode estar errado", avisa Gláucia.
Por outro lado, é essencial fugir da paranóia. "Se sua equipe precisa de você,
confia em você, e seu líder te dá feedback positivo, acredite mais em você", diz
ela. A questão é que, segundo Gláucia, transparecer insegurança pode prejudicar
a carreira, já que o profissional coloca em questão sua competência. "O medo da
demissão será um reflexo do quanto o profissional confia em si", completa ela.
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