O que é transplante?
É um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração,
pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma
pessoa doente (receptor) por outro órgão ou tecido normal de um doador, vivo ou
morto.
Quem pode e quem não pode ser doador?
A doação pressupõe critérios mínimos de seleção. A idade, o diagnóstico que
levou à morte clínica e o tipo sangüíneo são itens estudados do provável doador
para saber se há receptor compatível. Não existe restrição absoluta à doação de
órgãos a não ser para portadores de HIV/aids e pessoas com doenças infecciosas
ativas. Em geral, fumantes não são doadores de pulmão.
Por que existem poucos doadores? Temos medo de doar?
É uma das razões, porque temos medo da morte e não queremos nos preocupar com
este tema em vida. É muito mais cômodo não pensarmos sobre isso, seja porque
"não acontece comigo ou com a minha família" ou "isso só acontece com os outros
e eles que decidam".
Quero ser doador. O que devo fazer?
Todos nós somos doadores, desde que a nossa família autorize. Portanto, a
atitude mais importante é comunicar para a sua família o seu desejo de ser
doador.
Quero ser doador. A minha religião permite?
Todas as religiões têm em comum os princípios da solidariedade e do amor ao
próximo que caracterizam o ato de doar. Todas as religiões deixam a critério dos
seus seguidores a decisão de serem ou não doadores de órgãos.
Quando podemos doar?
A doação de órgãos como rim, parte do fígado e da medula óssea pode ser feita
em vida. Em geral, nos tornamos doadores em situação de morte encefálica e
quando a nossa família autoriza a retirada dos órgãos.
O que é morte encefálica?
Morte encefálica é a parada definitiva e irreversível do encéfalo (cérebro e
tronco cerebral), provocando em poucos minutos a falência de todo o organismo. É
a morte propriamente dita. No diagnóstico de morte encefálica primeiramente são
feitos testes neurológicos clínicos, os quais são repetidos seis horas após.
Depois dessas avaliações, é realizado um exame complementar (um
eletroencefalograma ou uma arteriografia).
Uma pessoa em coma também pode ser doadora?
Não. Coma é um estado reversível. Morte encefálica, como o próprio nome sugere,
não. Uma pessoa somente torna-se potencial doadora após o correto diagnóstico de
morte encefálica e da autorização dos familiares para a retirada dos órgãos.
Como o corpo é mantido após a morte encefálica?
O coração bate às custas de medicamentos, o pulmão funciona com a ajuda de
aparelhos e o corpo continua sendo alimentado por via endovenosa.
Como proceder para doar?
Um familiar pode manifestar o desejo de doar os órgãos. A decisão pode ser
dada aos médicos, ao hospital ou à Central de Transplantes mais próxima.
Quem paga os procedimentos de doação?
A família não paga pelos procedimentos de manutenção do potencial doador,
nem pela retirada dos órgãos. Existe cobertura do SUS (Sistema Único de Saúde)
para isso.
O que acontece depois de autorizada a doação?
Desde que haja receptores compatíveis, a retirada dos órgãos é realizada por
várias equipes de cirurgiões, cada qual especializada em um determinado órgão. O
corpo é liberado após, no máximo, 48 horas.
Quem recebe os órgãos doados?
Testes laboratoriais confirmam a compatibilidade entre doador e receptores.
Após os exames, a triagem é feita com base em critérios como tempo de espera e
urgência do procedimento.
Quantas partes do corpo podem ser aproveitadas para transplante?
O mais freqüente: 2 rins, 2 pulmões, coração, fígado e pâncreas, 2
córneas, 3 válvulas cardíacas, ossos do ouvido interno, cartilagem costal,
crista ilíaca, cabeça do fêmur, tendão da patela, ossos longos, fascia lata,
veia safena, pele. Mais recentemente foram realizados transplantes de uma mão
completa. Um único doador tem a chance de salvar, ou melhorar a qualidade de
vida, de pelo menos 25 pessoas.
Podemos escolher o receptor?
Nem o doador, nem a família podem escolher o receptor. Este será sempre
indicado pela Central de Transplantes. A não ser no caso de doação em vida.
Quem são os beneficiados com os transplantes?
Milhares de pessoas, inclusive crianças, todos os anos, contraem doenças cujo
único tratamento é um transplante. A espera por um doador, que muitas vezes não
aparece, é dramática e adoece também um círculo grande de pessoas da família e
de amigos.
Existe algum conflito de interesse entre os atos de salvar a vida de um
potencial doador e o da retirada dos órgãos para transplante?
Absolutamente não. A retirada dos órgãos para transplante somente é
considerada depois da morte, quando todos os esforços para salvar a vida de uma
pessoa tenham sido realizados.
Qual a chance de sucesso de um transplante?
É alta. Mas muita coisa depende de particularidades pessoais, o que impede
uma resposta mais precisa. Existem no Brasil pessoas que fizeram transplante de
rim, por exemplo, há mais de 30 anos, tiveram filhos e levam uma vida normal.
Quais os riscos e até que ponto um transplante interfere na vida de uma
pessoa?
Além dos riscos inerentes a uma cirurgia de grande porte, os principais
problemas são infecção e rejeição. Para controlar esses efeitos o tranplantado
usa medicamentos pelo resto da vida. Transplante não é cura, mas um tratamento
que pode prolongar a vida com muito melhor qualidade.
Quanto custa um transplante e quem paga?
Mais de 90% das cirurgias são feitas pelo SUS. A maioria dos planos privados
de saúde não cobre este tipo de tratamento, cujo custo pode variar entre R$
5.000,00 a R$ 60.000,00.