Investimentos / Fundos - Come cotas: entenda como funciona o recolhimento de imposto nos fundos
Quem investe em fundos de investimento certamente já ouviu falar do come-cotas.
Mas, apesar da popularidade do termo, são poucos os investidores que
efetivamente entendem o funcionamento do come-cotas, e como ele impacta o
retorno do fundo.
Antes de discutirmos o "come-cotas" em maior detalhe, vale notar que, para
efeitos de imposto de renda, os fundos são classificados em três grandes
categorias: fundos de ações, fundos de curto prazo e fundos de longo prazo.
Enquanto nos fundos de ação o imposto de renda é pago apenas no resgate e
calculado com base em uma alíquota fixa de 15%, nas duas outras categorias o
recolhimento é feito na fonte e as alíquotas variam de acordo com o prazo em que
os recursos forem aplicados.
Recolhimento semestral
O cálculo do imposto retido na fonte dos fundos de curto prazo e longo prazo é
feito com base no sistema denominado come-cotas, sendo que o recolhimento é
feito no último dia útil dos meses de maio e novembro. Vale notar que esse
recolhimento é calculado tomando como base a menor alíquota de cada tipo de
fundo. Isso equivale a dizer que nos fundos de curto prazo a alíquota utilizada
é de 20%, e nos de longo prazo de 15%.
Caso o prazo de investimento seja inferior a seis meses no caso dos fundos de
curto prazo ou de dois anos no caso dos fundos de longo prazo, será preciso
recolher a diferença do imposto devido, já que a alíquota a ser aplicada seria
menor do que a alíquota mínima. Portanto, se uma pessoa investiu em um fundo de
longo prazo de 10 meses, deveria ter sido tributada a uma alíquota de 20%, mas o
recolhimento semestral foi feito com base na alíquota mínima de 15%, de forma
que no resgate será paga a diferença.
Como é calculado o come cotas
Na tabela abaixo ilustramos como é calculado o valor da cota após seis meses de
um fundo cujo patrimônio é de R$ 1.000.000,00 e no qual são vendidas cotas de R$
10,00. Nesse caso, o total de cotas seria de 100.000.
Para calcular o retorno iremos assumir um ganho anual de 25% e uma taxa de
administração, também em base anual, de 2%. Nesse caso, o retorno mensal seria
de 1,87%, o que equivale a um retorno em seis meses de 11,8%.
Como não é possível ajustar o valor da cota para o imposto devido, pois isso
varia de acordo com o prazo de investimento de cada investidor, a solução
encontrada foi ajustar o número de cotas que o investidor possui, de forma que
reflita esse imposto. A tabela abaixo ilustra qual seria o novo valor da cota,
após o retorno e desconto da taxa de administração.
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Início |
Após 6 meses |
Patrimônio |
R$ 1.000.000 |
R$ 1.118.000 |
Taxa de administração |
- |
R$ 10.000 |
Patrimônio após taxa |
R$ 1.000.000 |
R$ 1.108.000 |
Valor da cota |
R$ 10,00 |
R$ 11,08 |
Número de cotas cai
Assumindo que o novo valor da cota seja R$ 11,08 e que o investidor possua 100
cotas do investidor, ele teria o equivalente a R$ 1.108,00. Considerando que se
trate de um fundo de longo prazo, seria aplicada a alíquota de 15% sobre esses
R$ 108 de ganho no período. Desta forma, o valor líquido investido, após o
desconto do imposto (R$ 16,20 ou 15% de R$ 108) seria de R$ 1.091,80.
Mas, como o valor da cota subiu para R$ 11,08, isso significa que o investidor
agora tem cerca de 98,53 cotas ao invés das 100 que originalmente possuía.
Apesar de parecer difícil à primeira vista, o conceito permite muita
transparência para a aplicação, uma vez que o investidor pode acompanhar, a
qualquer momento, o valor do seu investimento.
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