Conseguir o primeiro emprego não é tarefa fácil para jovens brasileiros.
Estudo recentemente publicado pelo economista Márcio Pochmann, professor da
Universidade de Campinas, mostrou que de 1995 a 2005, de cada cem pessoas com 15
e 24 anos de idade que entravam no mercado, 55 ficavam sem trabalho.
Dentro do universo dos 45% que conseguem a tão sonhada vaga, fica um novo
desafio: controlar o orçamento. Muitas vezes, por estarem acostumados a pedir
dinheiro aos pais, os inexperientes em controle das finanças acabam gastando
mais do que deveriam - e do que ganham.
Poupe sempre
A primeira dica para quem recebe o salário é poupar ao menos 10% do total.
Muitos jovens, com a alegria de ver o primeiro pagamento em mãos, acabam dando a
si próprios aquela velha desculpa de "só vou gastar muito esse mês, afinal, é
meu primeiro salário".
Portanto, não espere o fim do mês para poupar o que sobrou. Já separe, na hora
em que receber o dinheiro, o total a ser guardado. Por exemplo, se você ganha um
salário mínimo, que hoje está em R$ 350, separe R$ 35 no dia do pagamento.
Para não ter possibilidade de gastar, existe a boa e velha possibilidade de
colocar o valor em um cofrinho. Mas você pode também investir: existem aquelas
aplicações mais conservadoras, como a poupança, que garantem um pequeno
rendimento mensal e nenhum risco de perdas.
Àqueles que forem mais ousados e quiserem ter mais ganhos acompanhados de riscos
maiores, a melhor coisa é avaliar os produtos oferecidos no mercado e escolher o
investimento mais adequado para seu perfil.
Cheque especial
Está aí um grande aliado, mas muitas vezes grande vilão, do relacionamento
jovem/orçamento: a conta-corrente. Muitos bancos oferecem cobranças
diferenciadas para os clientes que acabaram de entrar na universidade, o que
estimula a adesão de quem se assusta com as altas taxas e encargos do sistema
financeiro.
O lado bom é o acesso a cheques, cartões de crédito e débito e outros serviços
que facilitam a compra. Já o grande problema é o uso descontrolado de crédito.
Um exemplo é o cheque especial. Instituições financeiras já liberam um saldo
pré-aprovado no momento em que o contrato de prestação de serviços é fechado.
Por não estar acostumado ainda a lidar com as próprias finanças, o jovem tende a
gastar mais do que deve. Dessa maneira, amparado pelo "saldo brinde" do banco, o
que acontece é a escravização do cheque especial: todo mês gasta-se acima do
recebido e pagam-se altas taxas.
Uma forma de escapar disso é não aceitar esse saldo extra. Sem ter de onde tirar
dinheiro, a economia é obrigatória.
Cartões e cheque
É difícil encontrar um banco que não ofereça talão de cheques e cartão de
crédito. Antes de qualquer coisa, no entanto, vale lembrar que a instituição é
obrigada a conceder apenas um método de pagamento gratuitamente. Por exemplo:
cartão de débito e cheque. Um dos dois serviços deve ser livre de custos. Caso o
correntista opte pelos dois, o banco tem direito de cobrar esse serviço
adicional.
Além disso, avalie a real necessidade de pagar encargos extras para a
contratação de cartão de crédito. Caso o banco ofereça um seguro para o plástico
em caso de roubo, pense duas vezes antes de aceitar. Segundo a Fundação Procon,
quando o cartão é roubado, é direito do consumidor não arcar com o prejuízo.
Receita x despesas
Uma prática muito falada, mas pouco seguida, é a elaboração de uma planilha de
receita e despesas. Coloque no papel - ou no computador , para os adeptos da
tecnologia - o quanto você ganha e o quanto você tem de gastos fixos. Supondo
ainda que seu salário seja de R$ 350 mensais, já separe os 10% poupados.
De um lado, coloque a receita, que nada mais é do que o quanto você ganha. Do
outro, denomine suas contas fixas e veja quanto sobra para comprar roupas, sair
com os amigos e outros gastos. Essa conta deve ser feita no começo do mês, para
que você possa se planejar e não sair fazendo dívidas que trarão muita dor de
cabeça depois.
Tomando mais responsabilidade
E já que você está ganhando um salário agora, que tal dividir a responsabilidade
de gastos maiores com seus pais? Para tomar mais responsabilidade sobre o real
valor do dinheiro, ofereça-se para pagar o convênio médico, a academia de
ginástica ou a ração do cachorro.
Tendo noção de quanto custa ter certos produtos, você com certeza se tornará um
consumidor mais consciente