Por mais que tente evitar, vira e mexe você se vê sonhando
com a troca do seu carro. Basta um congestionamento para se imaginar dirigindo
um modelo mais novo, mais rápido, e é claro, mais econômico.
A ansiedade é tanta que você até se impôs uma meta: trocar de carro no próximo
mês. Depois de fazer as contas, e ter uma avaliação preliminar do seu veículo,
já sabe do quanto precisa dispor para dirigir um carro novo. Porém, antes de
sair visitando concessionárias, vale à pena dar uma lida na lista de erros mais
comuns cometidos pelos compradores.
Controle a ansiedade
Trocar de carro é um dos momentos de maior ansiedade para quase todas as
pessoas, e é exatamente este sentimento que nos leva a cometer erros dos quais
nos arrependemos depois, e que, para nosso maior desespero, custam caro!
A compra de um carro deve ser uma decisão planejada, pois não só envolve muito
dinheiro, como também estamos falando de algo com o qual terá que compartilhar
boa parte do seu dia. Afinal, nos grandes centros não são raros os casos de
pessoas que passam mais tempo no carro que em suas próprias casas. Portanto,
nada de pressa, você não precisa tomar a sua decisão com a mesma velocidade que
o carro dos seus sonhos consegue acelerar de zero a 100 km/hora!
Não esqueça o que está procurando
Nem sempre você pode conseguir o que quer. Quando aplicada para o mundo dos
carros, esta afirmação se torna ainda mais verdadeira: mais importante do que
procurar o que você quer, é entender o que realmente precisa.
É inegável que as grandes pick-ups e os veículos off-road, com sua suspensão
elevada e design esportivo cativam desde os aventureiros até mesmo as mães, que
vêm neste tipo de carro uma segurança a mais para seus filhos, e uma forma de
resistir melhor aos buracos que predominam nas ruas e estradas do País.
Mas, será que você precisa deste carro para fazer o trajeto da sua casa até a
escola das crianças? Pense se o custo adicional, tanto do carro, quanto do
seguro, vale a pena. Mais ainda se quem for dirigir não for você, mas o
motorista.
Desde pequeno você sonha com um carro esportivo, e agora que tem o suficiente
para comprar um, ou pelo menos para financiá-lo, sua mulher lhe informou que
está grávida novamente. Seu argumento é que este carro pode ser só seu, aquele
que só você usa. Mas, em uma família isso não funciona, especialmente se
considerarmos São Paulo, onde existe rodízio. O que fazer com as crianças neste
dia?
Não deixe que uma crise de meia idade determine que carro você vai comprar. É
inegável que adquirir alguma coisa muito sonhada sempre traz uma felicidade
imediata, mas este sentimento provavelmente vai desaparecer rapidamente no
momento em que você se der conta do impacto financeiro da sua decisão. E, ao
contrário do que aconteceu com sua satisfação, as contas não irão embora!
Se concentre no que pode comprar
Não se esqueça que esta é uma transação financeira e, como tal, deve ser
conduzida de forma profissional. Você nunca deve deixar transparecer que está
apaixonado pelo carro e que faria qualquer coisa para tê-lo. Parece óbvio, mas
quem não conhece alguém que se deixou levar pela emoção na hora de comprar um
carro?
É importante que não se iluda ou se empolgue demais. Se você conta com R$ 20 mil
para trocar de carro, não adianta nada se apaixonar por um modelo que, mesmo
depois de dar o seu usado de entrada, exigirá que você gaste outros R$ 30 mil.
Mesmo que consiga negociar um desconto, muito provavelmente você irá gastar mais
do que os R$ 20 mil que possui. A diferença pode parecer pequena quando estiver
na concessionária. Mas, quando tiver que arcar com a prestação, você
provavelmente irá se arrepender.
Nunca vá às compras sem pesquisar!
Este é, sem dúvida, um erro bastante grave. Por mais que saiba tudo sobre a
compra de um carro, provavelmente irá cometer um erro se não se informar antes
de visitar a concessionária. Com a internet, a tarefa de pesquisar ficou mais
fácil, e mais rápida. Existem vários sites especializados, isso sem falar nos
portais das próprias montadoras, que oferecem muita informação sobre o preço de
carros, tanto os novos quanto usados. Isso sem falar, é claro, nas revistas e
classificados, uma análise da tabela de preços de carros usados pode lhe dar uma
boa idéia do quanto seu carro irá perder de valor com o tempo.
Este tipo de informação é extremamente importante, pois daqui a alguns anos você
estará novamente trocando de carro, e daí não quer saber que o modelo dos seus
sonhos saiu de linha, ou tem a pior revenda do mercado.
Comparar preços e condições de pagamento é fundamental. Antes de visitar as
concessionárias, ligue, e tente se informar sobre os valores e condições que
estão sendo oferecidos no modelo de seu interesse. Pré-selecione as que estão
oferecendo as melhores condições, e use esta informação a seu favor.
Muito provavelmente você conseguirá um desconto, ou algum tipo de benefício,
como isenção de IPVA, instalação de rádio gratuita, se disser ao vendedor que
tem uma oferta melhor. Ele não quer correr o risco de perder a sua comissão por
uma pequena diferença, e se disser que não tem como equiparar a oferta que
recebeu, você sabe que recebeu uma boa proposta.
Não se restrinja às concessionárias próximas
Não, as concessionárias não são todas iguais, e o preço oferecido pelo mesmo
modelo, mesmo ele sendo da mesma cor e com opcionais idênticos, pode sim sofrer
alterações significativas. Assim, não limite a sua pesquisa às concessionárias
que se encontram perto de onde você mora. É preciso pesquisar com calma. Muitas
concessionárias, exatamente por estarem geograficamente mais afastadas, oferecem
condições mais favoráveis.
É bem verdade que a relação com a concessionária não termina com a compra, pelo
menos para os carros que estão na garantia, pois é preciso fazer a revisão.
Porém, algumas concessionárias já oferecem o serviço de pegar em casa o carro,
de forma que para você, que mora na Zona Sul, não faz diferença onde ela está
situada. A preocupação deixa de ser com a localização, e passa a ser com relação
ao preço e qualidade do serviço que será prestado.
Não se esqueça do preço do carro!
Não concentre sua negociação na forma de pagamento, ou no valor da prestação,
mas sim no preço do carro. Depois de decidir qual concessionária oferece o
melhor valor, é que você deve comparar condições de pagamento.
Quem não se deixaria seduzir pela possibilidade de comprar um carro mais novo,
por uma prestação que fosse apenas um pouco mais cara? Infelizmente o que poucas
pessoas entendem é que isso só foi possível devido ao alongamento do prazo de
financiamento, o que não só pode aumentar os juros cobrados, como certamente irá
aumentar o custo total de compra do carro.
Basta ver que financiar um carro de R$ 20 mil a uma taxa de 2% ao mês por um
prazo de 24 meses e outro de R$ 30 mil à mesma taxa de juro, mas prazo de 48
meses, irá lhe custar 84% a mais, apesar da prestação ser quase 8% menor. Isso
porque, no primeiro caso, terá que arcar com 24 prestações de R$ 1.057. Já no
segundo, o valor da prestação cai para R$ 978, mas o número de prestações é duas
vezes maior!
Definido o preço, pesquise condições
Agora que você já sabe que carro quer e quanto ele custa, está na hora de pensar
em qual a melhor forma de comprar. Se você pretende fazer um financiamento,
então é preciso comparar as condições oferecidas. Mas, para que esta comparação
seja efetiva, é preciso que tenhamos o mesmo saldo devedor como base, daí a
importância de se definir o preço.
Por mais que financiar com a concessionária seja mais cômodo, vale a pena
pesquisar as condições oferecidas pelos bancos, que muitas vezes podem ser até
mesmo mais atrativas, sobretudo, se você tem conta lá. Portanto, como parte da
sua pesquisa, informe-se sobre as condições oferecidas pelos bancos no
financiamento de veículos.
Apesar de oferecem taxas mais altas, muitas concessionárias diluem esta
informação no fato de oferecerem um prazo maior. Na prática você gasta mais com
juros, mas sai com a impressão que gastou menos, somente porque a prestação é
menor!
Tudo na ponta do lápis!
Esta é uma decisão financeira e, como tal, você deve levar em conta todos os
custos envolvidos. Ou seja: não assuma que o negócio está fechado até ter todas
as informações sobre os gastos envolvidos na compra, o que inclui desde o valor
que está sendo dado pelo seu usado, até o custo do seguro.
É bem verdade que a comodidade de fazer tudo em um mesmo lugar é bastante
atrativa, mas ela tem um preço, e cabe a você apurá-lo. Aceitar um desconto de
15% no valor de tabela do seu carro, pagar uma taxa mais alta, ou contratar um
seguro com cobertura menor, pode simplesmente não justificar o benefício de
fazer tudo sem sair da concessionária. Lembre-se: o que economizar agora, poderá
investir, daqui a alguns anos, para dar como entrada em mais uma troca.