Filhos - O primeiro dinheiro em nossas vidas
Se você é pai ou mãe, provavelmente já deve ter refletido sobre a importância de
educar seu filho ou filha para o bom uso do dinheiro. Quando e por onde começar?
Sinceramente, comece agora mesmo, se já não o fez. Pais não deveriam esperar
chegar uma determinada idade para iniciar a educação financeira de seus filhos.
Deveriam começar o quanto antes, desde as primeiras atividades sociais da
criança, através da vigilância em adotar atitudes – sim eles próprios, pais –
condizentes com o objetivo. Afinal, somos modelo e exemplo para nossos filhos
pelo menos até a adolescência.
Durante seu desenvolvimento mental, os filhos estão sempre atentos às novidades,
incluindo as primeiras interações dos pais com estranhos. Quando pequenos, ainda
na época em que começam a se comunicar, as crianças não entendem perfeitamente o
ato de consumo. Elas simplesmente querem algo, e sabem que conseguirão o que
querem com seus pais. É a fase do “EU QUERO!”. Até então, dinheiro não traz
felicidade, pelo menos na percepção de seus filhos. A felicidade está
essencialmente na proximidade dos pais.
Com o tempo, os filhos começam a perceber que a satisfação de suas necessidades
não depende exclusivamente de seus pais, mas sim de que eles adquiram de outras
pessoas o que eles precisam. É quando começam a entender o ato de comprar. Nesta
fase, identificada pela grande atenção que elas dão à interação dos pais com
vendedores, pais desatentos podem perder uma grande oportunidade de abrir as
portas para o mundo da educação financeira. Se não deixarem claro que a compra é
uma troca, nitidamente identificada pela entrega de dinheiro, as crianças
entenderão que a satisfação de suas necessidades depende apenas da boa vontade
de seus pais em encontrar um vendedor.
A orientação aos pais, nessa fase, é valorizar o dinheiro, fazer a criança
entender que ali está sendo usada boa parte do resultado de seu trabalho. Ao
fazer compras com seus filhos, os pais deveriam atentar para enfatizar o
processo de compra, e não o item comprado. No momento em que o pai ou a mãe
propõe “será que temos dinheiro suficiente para comprar?”, a mente da criança
estará trabalhando para entender o uma lição óbvia: seu limite é o que você tem.
Os pais podem facilmente notar o início da fase em que as crianças começam a dar
real importância ao ato de comprar. É a fase do “COMPRA!”, quando esta frase é
incansavelmente repetida ao longo dos dias. Quando chega tal fase, deve-se
atentar para não banalizar o ato de compra, alterando a rotina para adquirir
algo supérfluo, por exemplo. A criança deve entender que pequenos mimos devem
aguardar a hora certa para sua compra, como um final de semana. Apesar da
expectativa que esta percepção gera, desenvolve-se também uma necessária
disciplina para o consumo que normalmente falta para muitos adultos.
A fase seguinte é aquela em que os filhos já se sentem confortáveis em interagir
sem o auxílio dos pais. Nesta etapa do desenvolvimento, os filhos sentem-se
realizados quando os pais permitem que eles entreguem dinheiro ao vendedor ou
que eles façam o pedido ao balconista da padaria. Para o bem da criança, estas
práticas deveriam ser incentivadas desde cedo, para que não se desenvolvam
bloqueios quanto ao ato de compra. Ao sentir-se independentes, os filhos
percebem que já não dependem essencialmente dos pais – mas sim do dinheiro deles
– para que seus sonhos se realizem. É quando elas enfaticamente começam a pedir
dinheiro. Por isso, a frase que marca esta fase é “ME DÁ UM DINHEIRO?”.
Curiosamente, mesmo que não saibam exatamente o que fazer com o dinheiro, as
crianças passam a desejá-lo a partir de certa idade, e essa idade dependerá
essencialmente do grau de liberdade dado aos filhos. A partir de então, o
dinheiro adquire uma aura de poder na vida da criança. Conseguir dinheiro,
independentemente do valor, passa a significar a aquisição de poder de realizar
sonhos. Presentear os filhos com um cofrinho, nesta época, é tão oportuno e
excitante quanto presenteá-los com um álbum de figurinhas. As crianças
entretêm-se intensamente com a emoção de completá-lo um pouquinho a cada dia.
Esgotar a capacidade de um cofrinho pode ser uma experiência bastante marcante
para a infância de seus filhos. Tão marcante que muitos adultos que tiveram seu
cofrinho no passado mantêm o hábito até hoje, deixando de desprezar suas
moedinhas.
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