Com uma taxa de juros mais baixa do que a praticada pelo
mercado e a facilidade do desconto em folha de pagamento, o crédito consignado
definitivamente entrou no gosto popular.
Mas essa opção de crédito, que no início empolgou os tomadores de empréstimo,
começa a causar preocupação. É o que revela pesquisa do Instituto de Economia
Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo.
Divida paga outras dívidas
Segundo o estudo, 65% das pessoas que contratam esse tipo de empréstimo se valem
do dinheiro para pagar outras dívidas, enquanto outros 12% usam o crédito para
"ajudar a família", o que faz supor que o dinheiro também serve para quitar
débitos de familiares ou ajudar em um empreendimento ou pequeno negócio.
"O empréstimo e a venda consignados foram artifícios criados para as empresas
terem o pagamento garantido e não sofrerem as conseqüências da inadimplência",
acredita o consultor financeiro e especialista em economia doméstica, Cláudio
Boriola.
Erros podem acontecer
Além de a dívida fugir ao controle, em casos raros podem ocorrer erro de
cobrança. Como, por exemplo, de uma compra parcelada ser descontada
integralmente no contra-cheque, por engano, e estourar o orçamento do
trabalhador, que não esperava o valor total para aquele mês.
O segredo é não comprometer mais de 30% da renda com o pagamento das parcelas de
um empréstimo, mesmo que ele não seja consignado. "Nunca se esqueça de que o
sistema zela muito bem pelo cofre das instituições financeiras, mas do nosso
bolso quem cuida somos nós".