Com baixos índices de desemprego no País e com os trabalhadores mais
confiantes no mercado de trabalho, aumenta cada vez mais a preocupação das
empresas em reter profissionais, sobretudo os melhores.
Nesse contexto, a remuneração variável aparece como uma alternativa, já que
incentiva a permanência dos profissionais dentro das empresas e só é paga caso o
próprio funcionário alcance as metas estipuladas.
Segundo o especialista em Recursos Humanos José Carlos Bastos, o ponto
positivo da remuneração variável é que, além de motivar o profissional, pois
caso alcance as metas, ganhará mais, também é bom para o empregador, pois só vai
precisar desembolsar esses pagamentos se realmente tiver obtido o resultado que
esperava.
Equilíbrio
Bastos ainda lembra que a remuneração variável é associada ao sistema de
metas, que motiva algumas críticas, já que esse mecanismo pode levar o
trabalhador à exaustão e ao estresse excessivo. No entanto, se for um sistema
condizente com a realidade da empresa pode ser mais positivo do que negativo,
motivando a equipe e otimizando os resultados da empresa.
Bastos sugere que é preciso que o sistema tenha equilíbrio, ressaltando ser
necessário que a empresa deixe claro o vínculo entre a entrega do profissional e
a remuneração que ele irá receber. “A percepção de justiça é fundamental”,
afirma, lembrando ainda que levar o funcionário ao limite não é produtivo.
“Levar o empregado ao seu limite psicológico e físico é contraproducente e
acarreta em resultados negativos”, avalia.
Contornando os problemas
O sistema de metas pode comprometer o clima organizacional das empresas.
Isso acontece como reflexo da competição entre os próprios funcionários ou entre
as áreas. Para enfrentar esse tipo de problema o consultor orienta que as
empresas adotem um sistema misto de bonificação, ou seja, pagar parte da
bonificação para o funcionário individualmente e outra parte para o grupo todo.
“Além disso, é preciso garantir que todos tenham condições de atingir o
resultado projetado e que o bom desempenho de um não prejudicará os demais”,
alerta Bastos.
Adotar incentivos de longo prazo também faz parte das recomendações do
consultor. Essa estratégia é eficiente no sentido de manter os funcionários por
um período de tempo mais significativo. Nesse sentido, a empresa pode vincular o
recebimento de determinada remuneração aos resultados futuros da empresa,
evitando assim o foco apenas no curto prazo.
Geração Y
A remuneração variável também supre alguns dos anseios dos mais jovens,
sobretudo dos profissionais da chamada Geração Y. Os jovens parecem se adaptar
bem a esse sistema, justamente por ele ir de encontro a uma de suas
características mais conhecidas: a busca pela diferenciação.
Como ser reconhecido pelas suas contribuições é algo que chama atenção dos
mais jovens, a remuneração variável aparece como solução ideal para essa
geração. Os profissionais, no entanto, devem ter cuidado ao administrar suas
finanças, entendendo que remuneração variável não faz parte do salário.
O consultor alerta que é errado contar com as gratificações como certas,
pensando nelas como recursos para gastos extras como viagens de fim de ano,
compras de Natal, novos automóveis e assim por diante. É importante, portanto,
ter atenção para não fazer dívidas, pois esse bônus pode não acontecer no final
do ano, já que tudo está atrelado ao desempenho individual e da empresa.
Economia aquecida
O consultor ainda alerta que as empresas devem ficar atentas e ter cautela
em momento de economia aquecida. É errado incorporar os ganhos reais ao
salário-base, já que isso gera riscos impostos pela legislação brasileira. Em
momentos de aquecimento da economia, as empresas aumentam os salários dos
funcionários, incorporando os bons resultados. No entanto, é contra a lei
retornar os salários a patamares anteriores, ou seja, mais baixos, o que pode
comprometer os negócios da empresa.