Para quem opera no mercado acionário visando o longo prazo, reinvestir os
dividendos recebidos das companhias é visto pelos especialistas como uma opção
bastante interessante para aumentar o capital investido.
De acordo com o especialista do MoneyFit, André Massaro, o investidor que
pensa em prazos mais longos tem pelo menos três bons motivos para reinvestir os
dividendos. O primeiro deles é que esta prática estimula a formação de uma
poupança. “Ter a prática de poupar é bom tanto para o investidor quanto para a
economia”, ressalta o especialista.
Além disso, de acordo com Massaro, quando você reinveste os dividendos, é
como se estivesse diminuindo o custo médio de sua carteira, ou seja, é como se
tivesse pagado menos por aquelas ações. “Quando você compra mais ações com o
valor recebido de dividendos, na prática, é como se o preço se diluísse entre os
papéis”, diz Massaro.
Outro bom motivo apontado pelo profissional é que ao reinvestir o valor dos
dividendos em novas ações, você está na verdade multiplicando os seus
investimentos. “É um processo de autoalimentação. Você reinveste em ações que
vão gerar mais dividendos e assim terá mais papéis no futuro”, diz.
O economista-chefe da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira, concorda.
“Reinvestir dividendos é uma opção muito interessante. Todos que operam pensando
no longo prazo deveriam utilizar este artifício”, afirma.
Reinvestimento automático
Para Vieira, uma boa alternativa é utilizar o programa de reinvestimento
automático oferecido por algumas empresas. “É uma forma mais fácil de
reinvestir, pois o investidor não precisa fazer a operação manualmente”, diz
De acordo com Massaro, fora do Brasil o reinvestimento automático dos
proventos é bastante comum. “A maioria das empresas norte-americanas possui esse
tipo de serviço”, aponta. Já no Brasil, isso ainda é uma novidade. “Não são
muitas as empresas que disponibilizam o reinvestimento automático, mas o número
tem crescido cada vez mais”, aponta.
Entretanto, segundo o especialista do MoneyFit, para aqueles que têm pouco
capital disponível alocado em ações, o melhor é não utilizar o reinvestimento
automático com o objetivo de diversificar mais a carteira.
“Ao invés de ficar apenas com um ou dois papéis e reaplicar os proventos
neles, o investidor que tem uma carteira menor pode aproveitar e comprar ações
de outras companhias”, aponta.
Empresas que mais pagam dividendos
De acordo com o economista da Souza Barros, as empresas que pagam melhores
dividendos são aquelas que já estão mais consolidadas no mercado e que não
necessitam investir grande parte do seu lucro, por isso têm mais caixa
disponível para distribuir entre os acionistas.
“Historicamente, vemos que as empresas de energia elétrica pagam os melhores
dividendos. Em segundo lugar, ficam muitas vezes as companhias de
telecomunicação e depois, as de siderurgia”, diz.
Segundo Vieira, os bancos também costumam pagar dividendos satisfatórios para
os seus acionistas. “No caso das instituições financeiras, como o preço das
ações costuma ser maior, o valor dos dividendos é relativamente mais baixo em
comparação ao custo do papel”, ressalta.
Carteira de dvidendos
De acordo com a última carteira de dividendos compilada pelo portal
InfoMoney, divulgada no dia 10 de março e que inclui os portfólios das
corretoras Ativa, Bradesco, Coinvalores, HSBC, Magliano, Omar Camargo, Planner,
Um Investimentos e XP Investimentos, as ações preferenciais da AES Tietê
figuraram em todas as carteiras formuladas por bancos e corretoras citadas,
mantendo a hegemonia das empresas do setor de energia neste tipo de estratégia.
Já as ações de Transmissão Paulista, Eternit, e Light foram citadas em três
dos nove portfólios acompanhados.
Lembrando que as carteiras de dividendos apontam ações com as melhores
perspectivas de dividend yield, ou seja, a relação entre o valor estimado do
dividendo por ação a ser pago por essa empresa e a cotação dessa ação.
Tipo de ação
Quando se monta uma carteira de dividendos, outro ponto que deve ser
observado é o tipo de ação que será adquirido. Isto porque os acionistas que
detém papéis preferenciais (PN) possuem preferência no recebimento dos
dividendos da empresa.
Pela lei, os investidores que possuem esse tipo de ação têm direito a receber
dividendos no mínimo dez por cento maiores do que o valor pago àqueles que
possuem papéis ordinários.
Dividendos e juros sobre capital próprio
Tantos os dividendos quanto os juros sobre o capital próprio (JCP) são uma
forma de remuneração dos acionistas. Na prática, a principal diferença entre um
e outro é que quando o acionista recebe os JCP há cobrança de Imposto de Renda
(IR), enquanto nos dividendos, não.
“Quando você recebe os proventos através de JCP, paga automaticamente 15% de
IR na fonte, então tem que ver qual é o valor líquido que irá receber”, diz
Massaro.