Tenho observado muito nas relações humanas a ausência de uma palavra
extremamente importante no nosso dicionário da vida - o elogio.
Quando me ocorreu a ideia de transpor essa observação para um artigo eu tinha
convicção de que era (e ainda é) um assunto muito óbvio e que muitos leitores
poderiam se cansar e nem se interessar pela leitura. Então, por esses motivos -
a obviedade do assunto e o desafio de chamar a atenção dos leitores - decidi por
escrevê-lo.
Todo bom líder sabe da importância que é elogiar o trabalho de um
colaborador, isso não é novidade para ninguém. É bom, satisfaz o ego e isso
potencializa as nossas forças. Quem não gosta de ser elogiado por um trabalho
que realizou? Até hoje eu não conheci alguém que tenha respondido que não.
A questão é a seguinte: se é tão importante e todo mundo sabe que é bom, por
que ainda é tão difícil para muitas pessoas exercerem essa prática?
O elogio não se associa somente a um processo de feedback, onde são
discutidos os pontos fortes e os que precisam ser melhorados do colaborador,
muitas vezes as pessoas têm a necessidade apenas de ouvir que fizeram um bom
trabalho e não apontar onde precisam melhorar, isso é uma outra etapa.
O elogio, em minha visão é a arte e exaltar o próximo e, para isso, muitas
vezes temos que nos "tornarmos pequenos" para engrandecer os outros. Isso não
tem a ver com pequenez e sim com a humildade de reconhecer que as pessoas têm
outros talentos diferentes e melhores dos que os nossos. Quando passamos a
enxergar essas relações de forma "cooperativa" e não "competitiva" o conceito do
elogio fica mais claro em nossas mentes.
Têm pessoas que por nunca terem recebido um elogio sequer nem no útero
familiar quanto menos no útero social, não conseguem dar os parabéns a uma
pessoa, pois não foram orientadas para isso. Para elas qualquer trabalho é digno
de questionamento e não de reconhecimento.
Por outro lado existem as pessoas que até foram orientadas a isso, mas que
não emitem palavras de elogio, pois ficam a todo o momento "protegendo" sua
ocupação e, portanto, têm medo de exaltar ou de tornar visível outras pessoas
que podem apresentar algum tipo de ameaça - o tipo do sujeito egocêntrico que
necessita que toda a atenção seja para ele.
Existe ainda o sujeito que justifica todas as suas mazelas no coitado do
"tempo" - "Não tenho tempo pra isso. Estou com o tempo apertado. Não deu tempo",
e assim por diante. Esses são os famosos "Rolando Lero", não se atentam para os
mínimos detalhes e, às vezes, nem se lembram que trabalham com gente.
No entanto, quando o assunto é o inverso - a crítica ao cenário já não é de
tanta ausência de personagens assim, como diria Augusto Cury - "Tem pessoas
que são rápidas em criticar e lentas em elogiar". A crítica é mais comum do
que o elogio, convivemos com isso desde a infância, somos induzidos pela família
ou pela sociedade a criticar políticos - sendo que nós mesmos é que votamos
neles, jogador de futebol - muitas vezes sem saber jogar, os professores da
escola, os amigos, enfim, a nossa capacidade em criticar é muito mais acelerada
do que a de elogiar.
Faça um teste: em dez minutos tente descrever em uma folha de papel três
características extremamente positivas de todas as pessoas que trabalham com
você. Não vale citar qualquer característica negativa, somente positiva, e tente
perceber o grau de dificuldade que é olhar somente as qualidades de algumas
pessoas, se o exemplo fosse o contrário, provavelmente teríamos mais facilidade
de destacar em pouco tempo.
Quando uma pessoa recebe um elogio sincero pelo seu trabalho é como se os
hormônios reconhecessem tais comandos imediatamente. Começassem, então, a agir
positivamente no interior elevando a autoestima do individuo a um extremo nível,
transformando-o em um sujeito mais seguro, ousado e assertivo. Todo esse
processo resume-se em reconhecimento e valorização da pessoa, simples e que não
tem custo algum para a organização e muito menos para quem o pratica.
Tudo isso é muito óbvio sim. No entanto apesar de tão claro muitas
organizações investem pesado em treinamentos motivacionais e muitas vezes para
tentar enxergar o óbvio.
Uma pessoa com a autoestima valorizada é capaz de trazer resultados
surpreendentes para sua vida. Observe o desenvolvimento de uma criança, por
exemplo. Tente criticar um desenho de uma criança e observe o seu comportamento,
sua reação de insegurança e timidez. Certamente nesse momento você libertará o
"monstro" de sua imaginação e correrá o risco de bloquear para sempre a
criatividade dela. Por outro lado, se fizer um bom elogio a esse desenho
certamente você verá uma criança feliz e segura.
Por que isso acontece? Porque nesse desenho está muito mais do que uma
imagem, nele estão os sentimentos, a imaginação, a criatividade e até as crenças
de uma criança. Nós adultos não somos tão diferentes assim, pois quando
investimos os nossos sentimentos, a nossa paixão, a nossa imaginação, o nosso
tempo em nossos negócios, esperamos no mínimo um reconhecimento.
Cabe observar também que não é só a pessoa que recebe um elogio, um parabéns
que fica gratificada, mas quem o pratica também. Pois, ser grato e reconhecer
outra pessoa também faz bem para o ego. Muitos maridos e esposas, às vezes, se
esquecem disso.
Esse é um processo natural da vida, as pessoas gostam e merecem serem
elogiadas e valorizadas pelo que entregam, seja na sociedade ou na organização
e, às vezes, para nos sentirmos bem é preciso reconhecer o próximo. Portanto,
você já elogiou alguém hoje?