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Carreira / Emprego - Eu não troco de empresa por nada! 

Data: 12/12/2008

 
 

O economista paulista Rodrigo Ramos, de 34 anos, começou a trabalhar na Eli Lilly do Brasil em 1995 com uma idéia fixa: não ficar ali por mais de cinco anos, já que acumular experiências em diferentes companhias era uma regra informal no mercado. Hoje, prestes a completar 11 anos na multinacional farmacêutica, o gerente de produto faz parte do time de veteranos. O que o fez mudar de plano foi a valorização da 'prata da casa', uma das principais características da companhia. 'Nossa política de emprego aposta em relações de longo prazo e estimula a mobilidade interna', diz Flávia Darzé, gerente de recursos humanos da Lilly.

Mobilidade é palavra-chave para quem pretende seguir o exemplo de Rodrigo. 'Se você tem novos desafios e continua aprendendo, não há nada de errado em começar e terminar a carreira numa mesma empresa', afirma Gutemberg de Macedo, diretor da Gutemberg Consultores, em São Paulo. 'Você pode e deve ficar na companhia enquanto a experiência agregar conhecimento', reforça Irene Azevedo, sócia na consultoria Mariaca & Associates e professora da Brazilian Business School, também na capital paulista.

É isso o que vem acontecendo na carreira de Rodrigo. Ele começou como trainee da área de logística e passou para o RH, onde desempenhou várias funções até ser contratado. Três anos depois, conquistou o cargo de coordenador e, em seguida, assumiu a gerência da área, só que na subsidiária canadense, em Toronto. Um ano mais tarde, voltou disposto a mudar de setor e aceitou fazer propaganda dos produtos Lilly, para aprender as técnicas da área de vendas e marketing. Doze meses à frente, tornou-se gerente de produtos e, nesse cargo, já mudou do segmento de saúde da mulher para o grupo de diabetes, estratégico para a companhia. 'É como se eu tivesse vários empregos em um só', afirma Rodrigo. Como ele, vários outros profissionais da Lilly vêm construindo uma longa e diversificada carreira na empresa. Na área de vendas, por exemplo, os profissionais têm, em média, 11 anos de casa.

Outra organização que aposta na retenção de talentos é a Bosch Brasil, com sede em Campinas, interior de São Paulo. A empresa atribui a essa característica uma sólida cultura empresarial. Nada menos que 87% de seus gerentes e diretores foram formados lá dentro. Um deles é o engenheiro paulista Luís Pereira, de 52 anos, há 27 na Bosch. Diretor-geral da fábrica de velas automotivas no distrito industrial de Aratu, em Salvador, Luís começou a carreira na empresa como engenheiro de produção. 'Ao longo de todos esses anos, estive na mesma organização, mas em negócios bem diferentes.' Entre as diversas experiências do executivo na mesma companhia está uma temporada de um ano e meio na matriz, na Alemanha. Luís conta que a empresa sempre proporcionou condições para que ele se preparasse para assumir os novos desafios - incluindo uma especialização em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, em 2001. Segundo o RH da companhia, é exatamente esse investimento no desenvolvimento dos profissionais que faz com que a equipe seja tão fiel à Bosch. 'O tempo médio de permanência dos executivos na casa é de 17,3 anos', diz Arlene Heiderich, gerente de recursos humanos. 'E sabe quantos profissionais deixaram a empresa voluntariamente nos últimos três anos? Apenas um.'

Fuja da zona de conforto

Até aí, tudo bem. O problema é que nem todo profissional é pró-ativo como Rodrigo e Luís. E nem toda organização realmente oferece oportunidades de desenvolvimento contínuo. Em alguns casos, uma longa carreira na mesma empresa é sinônimo de acomodação. Por causa disso, alguns profissionais são vistos como obsoletos e avessos a riscos. 'Se pego o currículo de um executivo qu e está há dez anos na mesma empresa, sem diversificar sua atuação, fico desconfiado.

Parece que ele tem medo de enfrentar o mercado', diz Günter Keseberg, sócio da consultoria de recursos humanos Kienbaum, em São Paulo. 'Ter 20 anos de experiência é diferente de ter um ano que se repete 20 vezes. É preciso avaliar as reais chances de crescimento para sua carreira.'

Tem mais. Mesmo que você construa uma história dinâmica na empresa, restringe suas possibilidades de mudança ao ficar muito tempo num único endereço. 'Quanto mais tempo na mesma empresa, menores as chances de ser chamado para uma nova posição fora dali. A imagem que fica é a de que é muito difícil tirá-lo de onde está', afirma Sergio Averbach, diretor regional da Korn/Ferry para a América do Sul.

Vale a pena?

O que pesar antes de estabelecer uma longa relação com a empresa:

Vantagens Desvantagens
  • Acúmulo salarial
  • Maior estabilidade
  • Saber que o seu trabalho é valorizado
  • Consolidar alianças internas
  • Representar uma espécie de memória viva da organização
  • Dominar a cultura da empresa
  • Tendência à acomodação
  • Falta de conhecimento sobre outras culturas organizacionais
  • Ser visto como alguém que:

  • É acomodado

  • É obsoleto

  • É avesso a riscos

  • Não é dinâmico ou empreendedor.



 
Referência: curriculum.com.br
Autor: Ana Claudia Landi e Eduardo Belo - Você S.A
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