Vários são os fatores que colaboram para os profissionais enfrentarem um
“ambiente hostil”. Na verdade, a pressão é maior quando ingressamos na
organização; quase sempre vem daqueles que já estão instalados, fazendo de tudo
para segurar o emprego dele, com receio de que o novo funcionário vá lhe fazer
“sombra”. Por isso, geralmente recebem o novo colaborador com certa resistência.
Os antigos farão de tudo para avaliar o “novo”, seja na postura, no modo de
vestir, nas atitudes, nas capacidades técnicas e principalmente na competência
comportamental.
É por isso que o “novo” deve preparar-se ao ingressar na organização. Alguns
fatores precisam ser perseguidos para garantir a sobrevivência empregatícia. Em
primeiro lugar, deve-se fazer leitura do ambiente. Quanto isso demora? Dependerá
da sensibilidade e de não pisar falso e firme em solo que não se conhece. Em
segundo lugar, por mais experiente que seja, é bom lembrar que o maior desafio é
ter que conquistar espaço e pessoas. Não adianta dizer que sabe – porque é
preciso provar que sabe. Em terceiro lugar, para conquistar é necessário ter
humildade e, sendo assim, várias vezes será necessário suspender a respiração,
contando até 20, 30..., e nessas horas o equilíbrio emocional fará a diferença.
Dia desses, conversei com uma pessoa que dizia ter emprego maravilhoso, no
qual sua situação de conquista era muito confortável, porém, decidiu abrir mão
para ingressar na área na qual estava se especializando. Dias depois, passava
por crise de arrependimento, pois o ambiente do novo emprego era extremamente
hostil. Ela aprendeu que o bom profissional deve ter postura dinâmica e
predisposição para trabalhar em equipe, porém, percebeu que as pessoas que ali
estavam não queriam ver o “novo” se destacar, afinal, eles é que estavam
“carregando o piano”. Dizia-me que as pessoas a olhavam com ar de desprezo, não
ouviam suas sugestões, fazendo-a sentir-se desmotivada e vítima de situação que
até então ela desconhecia.
Após conversarmos, ela decidiu enfrentar o novo desafio e praticar os passos
sugeridos para sua sobrevivência no espaço de trabalho e para a conquista de
confiança. Para isso, precisou treinar bastante e engolir muitos “sapos”, porém
a recompensa foi surgindo aos poucos. Confessou que quando começou no novo
emprego julgou que sua admissão ocorrera devido à sua competência técnica, o que
fez com que ela se sentisse superior. Era como se estivesse de “salto alto”,
mas, aos poucos foi percebendo que a diferença de um profissional estava em seu
comportamento e em suas atitudes. Quando tomou consciência disso, naturalmente
conquistou seu espaço e as pessoas que estavam à sua volta.
Meses após, retomamos o assunto e perguntei-lhe se valeu a pena o sacrifício,
se talvez não fosse melhor ela ter procurado outra oportunidade. Com ar sereno e
tranqüilo ela disse que seu maior aprendizado ficou por conta, não só do
aprimoramento técnico, mas sim, por praticar o equilíbrio emocional, no que se
refere às relações interpessoais. Disse-me que aprendeu a ouvir mais as pessoas,
a dialogar mais, a incentivar as idéias e a reconhecer o valor do outro,
requisitos que ela julga, hoje, primordiais para todo o profissional que deseja
o sucesso, independente da área de atuação.
Fato como este nos deixa patente e óbvio que gerir pessoas não é mais
sinônimo de controle, e tão pouco de padronização de tarefas; gerir pessoas
significa estimular o envolvimento e o desenvolvimento delas, na prática de
ações claras e justas. Sabemos que o difícil relacionamento entre chefe e
subordinado gera dano moral, principalmente quando o tratamento vem permeado
pelo propósito de humilhar ou de reduzir a importância pessoal e profissional no
ambiente de trabalho.
Portanto, fica aí a reflexão tanto para o colaborador que deve acreditar mais
em seu potencial e aprender a trabalhar com as adversidades advindas de ambiente
hostil, como para o chefe, que, se não tratar o funcionário com respeito, poderá
sofrer posterior ação judicial contra danos morais. Agir com hostilidade
significa agir com agressividade e provocação, o que, sem dúvida, causa danos e
prejuízos ao próximo. Portanto, sempre que possível, analise seu ambiente e faça
algo para torná-lo amistoso e prazeroso.