Ações / Bolsa de Valores - Se a estratégia falhou, qual limite entre apostar no longo prazo e assumir prejuízo?
A volatilidade que acompanha os mercados desde o início do ano amplifica o
risco ao investidor. Em uma decisão acertada, posições de curtíssimo prazo são
beneficiadas entre a rotina de bruscas oscilações da bolsa, mas caso contrário,
é possível ter que amargar perdas em grandes proporções.
Por outro lado, a aplicação mais conservadora foca suas atenções no longo prazo.
Escolher o ativo a partir de seus fundamentos e potencial de valorização faz
parte desta estratégia, que pode limitar bastante a exposição do investidor à
perda.
Estas vertentes são indispensáveis na tomada de decisão. A escolha da aposta
certeira na bolsa necessariamente deve conter uma análise do objetivo do
investidor com aquela posição, que passa pela determinação do intervalo de tempo
que se objetiva "segurar" o papel.
É aí que surge a questão. Muitas vezes, uma aposta, seja de curto ou longo
prazo, não gera a resposta esperada pelo investidor naquele período determinado.
O mesmo se vê em uma encruzilhada: vender a ação e limitar o prejuízo ou segurar
o papel, tornando a aposta antes de curto prazo em investimento de prazo mais
longo?
Stops: perigosos para longo prazo
De maneira geral, esta questão evidencia um limite muito estreito entre "segurar
um mico" e vislumbrar ganhos no longo prazo. A primeira coisa que vem à cabeça
nestas situações é a famosa ferramenta de "stop" das operações.
Mas deixar uma posição entre "stops" pode penalizar uma ótima chance de
investimento. "Quando se mira no longo prazo, utilizar 'stops' pode ser
perigoso, pois o investidor sempre irá vender nos piores momentos e ter de
recomprar nas fases de recuperação dos mercados", salienta Igor Ribeiro,
especialista da Tática Asset Management.
A partir desta avaliação, fica a lição do uso do "stop" apenas para posição que
objetiva se beneficiar de um determinado "momento" do ativo, e que acaba por
tomar o rumo contrário à expectativa do investidor.
Fundamentos e perspectivas
Mas além desta observação, alguns passos importantes podem ajudar o investidor
que se deparar com esta encruzilhada. Inicialmente, é importante diferenciar um
"mico" de uma boa oportunidade de retorno futuro.
A crença em uma aposta não deve se restringir a comentários de terceiros nos
famosos fóruns do mercado ou alguma recomendação de investimento. É necessário
conhecer o papel que está se investindo, evitar a aplicação meramente
especulativa.
Uma boa fonte de informações são os relatórios trimestrais divulgados pelas
empresas. A avaliação de pontos como a estrutura de custos, fontes de receita e
eficiência operacional pode oferecer uma boa idéia do potencial de crescimento
orgânico da empresa. O restante é a análise das perspectivas setoriais e
potenciais premissas macroeconômicas impactantes.
"Se o investidor acompanha a empresa de perto, confia no setor, no management da
companhia e acredita que a empresa se encontra sub-avaliada, não há motivo para
se preocupar", ressalta Ribeiro.
Reconhecendo um "mico"
Estes passos são triviais para qualquer decisão de investimento, redundantes
para o investidor mais experimente, mas não se pode questionar sua importância.
Voltando ao limite entre o "mico" e o investimento de longo prazo, outro ponto é
saber identificar uma aposta com baixa probabilidade de sucesso.
Segundo Igor Ribeiro, um "mico" é considerado o papel que não acompanha as altas
do Ibovespa como um todo, mas esta classificação pode ser errônea em alguns
casos: "existem ações que precisam de um tempo maior de maturação, pois não
pertencem aos setores da moda, carecem de cobertura, não estão no radar dos
investidores institucionais ou até mesmo passam por um momento desfavorável".
Porém, existem os casos dos verdadeiros "micos". Ações que diferentemente da
necessidade de tempo maior de maturação, não apresentam potencial evolução
substancial em meio à sua atual precificação. "Contra este tipo de ação, não há
remédio", conclui o analista.
O limite parece ser estreito entre uma boa opção de longo prazo e alocar os
recursos em um ativo sem grande potencial. De maneira geral, o investidor deve
avaliar bem as opções de investimento, e ainda melhor o prazo que determinará
para obter o retorno esperado.
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